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Imagem: Reprodução / Internet

Desmistificando o rango: 4 mentiras gastronômicas que você provavelmente não conhecia!

Da cereja em calda à batata frita, saiba como a indústria alimentícia está te enganando!


Nenel Neto

Entretenimento

Entusiasta dos botecos, apresentador do Buteco 98 e jornalista do perfil Baixa Gastronomia no Instagram


Ao longo das últimas décadas, a indústria alimentícia vem se utilizando de artimanhas que, quase sempre, acabam nos enganando.

Por exemplo, muita gente passou a infância inteira brigando pelas cerejas daqueles deliciosos bolos de aniversário. E se eu te disser que, na verdade, sempre disputamos uma bolinha de chuchu? Isso mesmo, chuchu!

Abaixo, desmistifico quatro mentiras da indústria, já que um dos problemas contemporâneos da gastronomia é que muitas vezes colocamos pra dentro do corpo uma comida acreditando piamente ser outro tipo de alimento. Olha essa lista!

Cereja em calda

A cereja em calda usada para decorar bolos muitas vezes é, na verdade, chuchu. Isso mesmo, bolinhas de chuchu embebidas em groselha. Além da textura adequada, o chuchu não tem personalidade. Ou seja, o sabor que você der ele aceita.

O chuchu é usado por dois motivos: o primeiro por ele ser mais barato, e o segundo é porque esta hortaliça ajuda a driblar a sazonalidade das cerejas verdadeiras, que é um produto importado.

É claro que existem os vidrinhos de cereja “ao marrasquino” com a fruta de verdade, mas muitos lugares vendem a réplica, que é bem mais barata. Pra ter certeza do que você está levando, verifique os ingredientes no rótulo.

Veja se a suposta cereja tem caroço. Se for do tipo desencaroçada, confira se as bolinhas têm a concavidade onde antes ficava o caroço. Do contrário, se delicie com seu pote de chuchurejas.

Pipoca com manteiga de cinema

Não tem nada mais aconchegante do que o cheirinho de pipoca amanteigada ao entrar no hall do cinema.

Aquele aroma antecipa todo o prazer das duas horas subsequentes na poltrona em frente à grande tela.

Mas tenho uma má notícia. Este cheiro tão emblemático é uma farsa. Para se ter uma ideia, em 2011, redes de cinema dos Estados Unidos se recusaram a informar exatamente o que eles colocam em suas pipocas.

O que se sabe é que a manteiga é um produto caro e que existem alternativas mais baratas. As pipocas das redes de cinemas costumam ser banhadas com óleo de soja com sabor artificial de manteiga, além de um pouco de betacaroteno para ajudar na cor.

O motivo é sempre econômico, para baratear os custos.

Quanto à pipoca de micro-ondas, achei os ingredientes no rótulo de uma tradicional marca do mercado brasileiro. Milho de pipoca, gordura vegetal, sal, aroma artificial de manteiga e corante natural urucum. Veja bem, não tem manteiga de verdade na composição!

Azeite trufado

É comum que muitas pessoas caiam na armadilha da culinária considerada “chique”, “sofisticada”.

Vamos falar da trufa, que é um fungo. As trufas, brancas ou negras, são desenterradas após serem encontradas por cães farejadores altamente treinados. Hoje as trufas negras já são cultivadas em bosques construídos com condições que favorecem o surgimento destes fungos extremamente aromáticos. As trufas brancas seguem sendo uma rara iguaria, um presente da natureza, já que ninguém ainda descobriu como cultivá-las.

Poucos ingredientes são tão prestigiados quanto as trufas no mundo da gastronomia. Por isso, e pelo fato de serem raras, elas são caríssimas. Restaurantes cobram uma fortuna por um ovo frito com algumas fatias de trufa branca por cima. Aliás, dizem que esta é uma das melhores formas de acentuar seu sabor.

Dizem. Eu nunca experimentei.

Como ainda não inventaram um método eficaz de extrair aroma das trufas, criaram o azeite trufado, para democratizar o consumo, já que elas são restritas a uma pequena elite mundial.

Azeite trufado virou chique. Só que 99% deles nunca chegaram perto de uma trufa na vida. A verdade é que o tal azeite está mais para óleo diesel do que para iguaria gastronômica.

O restaurateur Rogério Fasano já disse que ele poderia ser vendido num posto de gasolina. Grandes chefs pelo mundo proíbem o uso em seus restaurantes. Quando você ler na lista de ingredientes os termos “aromatizante” ou “aroma de trufa branca”, e em alguns azeites importados “natural flavors”, saiba que, na verdade, você está comprando um óleo que usa, no lugar da trufa, um ingrediente sintético derivado do petróleo, o 2,4-ditiapentano. Sem contar que a maioria utiliza azeite de baixa qualidade ou mesmo óleo de girassol ou de canola.

O resultado: um desagradável retrogosto metálico na boca; uns mais sutis, outros mais agressivos. E você demora horas para digerir o produto.

Batata frita congelada de supermercado

Uma das comidas mais universais que existem é a batata frita. Quem é que não gosta?

No entanto, muitas batatas fritas congeladas levam, além da própria batata, mais de 15 ingredientes, incluindo açúcar. Isso acontece também com as batatas das grandes redes de fast food.

Sou um grande defensor das batatas fritas de verdade! Dá mais trabalho, mas o resultado é absurdamente superior!

* Esta coluna tem caráter opinativo e não reflete o posicionamento do grupo.
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