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Imagem: Kely Pereira/AGIF

Copa do Brasil com cara de Campeonato Brasileiro

Atlético e Flamengo chegam favoritos às semifinais da Copa do Brasil e podem disputar no fim do ano os dois títulos nacionais mas tem adversários duros pela frente


Vinícius Grissi

Esporte

Comentarista Esportivo


Se no Campeonato Brasileiro a disputa parece definida entre Atlético e Flamengo pelo título (o departamento de estatística da UFMG dá 98,7% de chances para a conquista de um dos dois), na Copa do Brasil é bem lógico, por consequência, apontar o favoritismo de ambos na semifinal. Caso aconteça, vão confirmar uma tendência que era apontada desde o início do ano com os investimentos de ambos em suas equipes que já estavam entre as melhores na última temporada. O Palmeiras, uma possível "terceira via", acabou ficando "só" com a vaga na decisão da Libertadores onde é o atual campeão. Mas se indicar uma maior possibilidade de que os melhores elencos cheguem à decisão parece óbvio, a vaga em si pode não ser. Tanto o Galo quanto os cariocas terão desafios duros pela frente.

A começar pelos próprios problemas. Líder e vice do Brasileiro tropeçaram na última rodada mostrando dificuldades parecidas. Contra adversários fechados, sofrem para achar espaço e criar. O comentarista do SporTV, Pedrinho, mostrou muito bem como atualmente o futebol é jogado em uma faixa pequena do campo e que apostar apenas na capacidade individual de improviso dos seus melhores jogadores é muitas vezes insuficiente mesmo com ótimos atacantes. Atlético e Flamengo tem material humano para produzir mais mesmo diante de equipes que se defendam em bloco baixo e com muitos jogadores. Para isso, precisam olhar para o coletivo, pensar em abrir um pouco mais o jogo para espaçar a linha defensiva adversária e atacar mais e melhor a profundidade.

Último time a vencer o Galo no Mineirão, o Fortaleza faz temporada muito sólida. Campeão estadual faz campanha histórica no Brasileiro e na Copa do Brasil e é forte candidato a uma vaga inédita na Libertadores. O argentino Vojvoda faz trabalho de excelência e mostra consistência mesmo nos momentos de queda técnica. Mantém o padrão tático no 3-4-1-2 mas alterna muito as peças do meio pra frente de acordo com o jogo e o adversário. Se defende em bloco alto, induzindo o adversário a jogar pelos lados, com encaixes individuais e muita pressão no portador da bola. Sofre com mudanças rápidas de corredor ou quando o adversário consegue trocar passes em velocidade para fugir dos encaixes. Usa muito a força física dos seus defensores (tanto os zagueiros quanto o volante Éderson) para ganhar os duelos de 1ª e 2ª bola defensivas e a partir daí acelerar. Com a bola é um time extremamente agressivo. Os zagueiros conduzem a bola e arriscam passes, os volantes atacam espaços, alas e atacantes trocam muito de posição para desorganizar a defesa.

No outro confronto, o Athletico vive um momento difícil com apenas uma vitória nos últimos cinco jogos. Nesse período, perdeu para o Flamengo por 3x0 no Maracanã. Sofre com o excesso de jogos e o elenco curto (além das semifinais da Copa do Brasil é finalista da Sul-Americana) e perde muito desempenho quando é obrigado a poupar titulares. Ainda assim, é um time forte e com padrões bem definidos. Também tem atuado com três zagueiros mas numa plataforma diferente dos nordestinos. No 3-4-3, tem uma postura com a bola menos agressiva e marca muitas vezes em bloco mais baixo. A marcação é zonal visa fechar as linhas de passe para forçar o adversário ao erro. Mas sofre muito nas bolas aéreas. Quando recupera a posse, faz um ataque posicional e paciente. Por vezes, muito lento. Nikão e Abner Vinicius abrem o campo, Terans parte de fora para dentro para organizar e os volantes tem papel importante nas infiltrações assim como o ala pela direita, seja ele Marcinho ou o jovem Khellven. É um time com padrões bem definidos e que tem guardado suas partidas de maior intensidade para os duelos de mata-mata.

Quatro bons jogos nos aguardam nas semifinais da Copa do Brasil. Infelizmente, como há pouca preocupação com o produto e enorme dependência dos contratos com a TV, as partidas vão acontecer no mesmo horário. Atlético e Flamengo carregam o favoritismo claro pelas campanhas, pelos elencos, pela capacidade de investimento. Mas Fortaleza e Athletico não são patinhos feios a espera de um milagre e podem ser adversários duros antes de uma grande decisão.

* Esta coluna tem caráter opinativo e não reflete o posicionamento do grupo.
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