Após saber pela imprensa que seria demitido do Cruzeiro, Fernando Diniz não poupou críticas à diretoria celeste, especialmente ao CEO de futebol do clube, Alexandre Mattos.
O clima esquentou durante a coletiva de imprensa após a vitória do Cruzeiro sobre o Juventude. Mesmo com o resultado positivo, Diniz não deve seguir comandando a Raposa."Me sinto muito desrespeitado, e eu respeito as pessoas. Não teve isso. Teve uma conversa de muro, mas eu já sabia, não sou tonto. Quando vêm essas coisas (...) estou no futebol há 40 anos, e isso temos que saber conviver. A imprensa sabe antes; a gente vive mais para fora do que para dentro. Dentro só vale se ganhar o jogo", disparou o treinador.
Diniz ainda desabafou sobre a postura da diretoria celeste:"Eu não vivo assim. Acho uma mediocridade viver assim. Não me resumo ao placar final. Não sou campeão da Libertadores, sou muito mais do que isso, sou uma pessoa. Tevez fez um gol, vão exaltar. Se ele perder dois, ele não presta mais. Queremos mudança de quê? Queremos sangue e audiência. Me sinto muito desrespeitado. Não me arrependo de ter vindo, porque vim de coração aberto para fazer um trabalho justo e honesto", completou.
O treinador demonstrou grande incômodo com o vazamento da informação de sua demissão, que aconteceu na última quinta-feira (05/12). "Eu não acompanho vocês, não acompanho nada, mas, de tanto falar, contando riqueza de detalhes, chegou para mim. O Alexandre falou uma conversa assim, conversa de muro: 'Ah, se não acontecer nada, então está tudo certo'. Mas eu sou homem para vir aqui e terminar. Eu nunca deixei um trabalho na minha vida, porque sei daquilo que faço e das condições que tenho. Então, o trabalho foi bem realizado e teve resultados ruins. Em poucas partidas nós jogamos mal. Meu trabalho como técnico é pelo que o time produz. Se fosse para fazer isso comigo, vocês não deviam ter me contratado. Eu também não devia ter vindo. Mas eu não me arrependo, porque fiz o certo. Vim para a instituição que queria, que respeito muito, joguei aqui e tinha muito mais coisa para fazer", esbravejou o técnico.
Diniz ainda deixou no ar que não recebeu oficialmente a notícia de sua demissão. "Estou falando isso aqui caso isso (a demissão) se confirme. Ninguém virou para mim e disse que estou demitido. Eu espero que isso seja mentira, porque custo a acreditar que uma pessoa chega para mim e fala: ‘Você está até o final de 2025, pelo menos’. Depois de uma semana, você está fora do negócio. Não tem problema, chega e fala que não tenho resultado, mas nessas condições, não. É muita falta de convicção", encerrou.
Diniz foi contratado após a demissão de Fernando Seabra, que ocorreu após um empate fora de casa contra o Cuiabá. Sua missão era garantir a vaga nas semifinais da Copa Sul-Americana e recuperar o desempenho da equipe, apontada como candidata ao título no primeiro turno do Campeonato Brasileiro.
Fernando Diniz levou a Raposa à final da competição continental, mas não conseguiu o título. Após a derrota por 3 x 1 na decisão contra o Racing, a pressão sobre o treinador aumentou. Com tropeços no Campeonato Brasileiro e um retrospecto de apenas três vitórias à frente da equipe, Diniz deixou escapar a classificação para a Libertadores de 2025, o que resultou em sua demissão sem sequer completar dois meses no cargo.
Em 15 partidas sob seu comando, considerando todas as competições, o Cruzeiro venceu apenas três vezes: contra o Lanús, pela Sul-Americana, e contra Criciúma e Juventude, pelo Brasileiro. Em 13 desses jogos, o time sofreu gols, totalizando 18 tentos sofridos.