Após mais um empate (o 11º em 22 jogos) na Série B, Luxemburgo mostrou que já tem em mãos as contas e os planos para a reta final da competição e para colocar o Cruzeiro na briga por uma vaga no G-4. Projetou dez vitórias contra "adversários que não estão indo para lugar nenhum". Difícil é entender para qual lugar um time que não consegue decolar pretende ir.
A temporada 2021 tem muitas semelhanças com a estreia na segunda divisão. O Cruzeiro repetiu os erros e até aqui vai repetindo os resultados também. Dificuldades financeiras, erros de avaliação em contratações, entra e sai de jogadores e funcionários, técnicos com bom histórico na competição mas pouco respaldo colocando o time em situação delicada, contratação de um medalhão como aposta para salvar e melhora nos resultados para escapar do rebaixamento. O cenário até aqui é idêntico. E parece mais próximo de seguir assim até o fim da competição do que de uma arrancada repentina que possa mudar os rumos.
Pelos números e pelo desempenho. O Cruzeiro melhorou com Luxemburgo. Compete mais, erra menos e parece uma equipe mais confiável. É carta fora do baralho numa briga contra o rebaixamento ainda que siga perigosamente próximo do Z-4. E parece capaz de enfrentar de igual para igual as melhores equipes da competição como fez nos empates fora de casa contra CRB e Goiás, ainda que com pouco brilho. Mas ainda parece incapaz de conseguir o suficiente para pagar a conta dos pontos perdidos no início da competição. São nove jogos de invencibilidade mas com apenas 15 dos 27 pontos conquistados nesse período.
Com cinco vitórias em 22 partidas, é difícil imaginar que a Raposa vai conseguir cumprir a meta do treinador. Possível não é provável. Mesmo que alcance as 10 vitórias nos 16 jogos restantes, ainda não terá garantia de acesso. Os últimos anos mostram que é preciso pelo menos 61 pontos para terminar entre os quatro primeiros e o Cruzeiro tem apenas 26 até aqui. A missão é dura e Luxemburgo vai precisar de resultados melhores e um bom trabalho de vestiário para não repetir o erro de Felipão.
A conta apertada tende a ficar mais dura a cada rodada. O objetivo falado por todos dentro do clube desde o ano passado vai escapando entre os dedos a cada tropeço e a capacidade de mobilização vai se tornando cada vez menor. Natural. E foi o que aconteceu em 2020. Faltando mais de cinco rodadas para o fim da Série B já estava claro que não havia mais o que disputar e a acomodação veio de forma natural.
Manter alguma chama acesa (com bons resultados e alguma aproximação da parte de cima da tabela) é um objetivo fundamental para o treinador celeste e é mais palpável que conseguir ficar entre os quatro primeiros colocados. Assim, mesmo que o acesso não venha, o Cruzeiro pode deixar algum caminho para a temporada seguinte e indicar um norte mais animador para o futuro.
A impressão, no entanto, é que o Cruzeiro caminha para o mesmo lugar que os adversários que o seu treinador pretende vencer. Ou para lugar nenhum.