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Imagem: Pedro Souza / Atlético

A janela dos sonhos e o futebol brasileiro

Ainda em meio à pandemia, futebol mundial teve janela histórica e clubes do Brasil também contrataram grandes nomes. Qual o impacto a médio prazo?


Vinícius Grissi

Esporte

Comentarista Esportivo


A primeira janela de transferências com Messi trocando de clube é sem dúvida a mais marcante da história do futebol. Não só pelo agora camisa 30 do PSG, claro. Os três melhores jogadores do mundo em 2016 se transferiram em agosto de 2021. Além do argentino, Cristiano Ronaldo voltou para o Manchester United e Griezmann para o Atletico de Madrid. Muitos milhões de euros se movimentaram num mês que teve ainda a recusa de uma proposta de quase 200 milhões pelo atacante francês Mbappé.

O futebol brasileiro não ficou para trás. O Galo que já tinha buscado Hulk e Nacho no início do ano enfrentou a concorrência do Besiktas para ficar com Diego Costa. O Corinthians deu um salto de qualidade com quatro reforços, sendo dois que estiveram na última Copa do Mundo (Renato Augusto e Willian). O Flamengo melhorou seu elenco com atletas que não se firmaram na elite europeia mas que ainda podem render muito no Brasil. O São Paulo trouxe de volta o bom centroavante Calleri. O Palmeiras vendeu Viña mas conseguiu substituí-lo bem com as chegadas de Piquerez e Jorge. O Internacional gastou menos mas também foi à Europa trazer reforços. E o Bragantino seguiu mostrando bom mapeamento do mercado sul-americano ao anunciar o promissor uruguaio Emi Martinez. Tudo isso em meio a uma temporada em que os clubes ainda sofrem com os impactos da pandemia que mantém no Brasil os portões fechados desde o início do ano passado (salvo raras exceções recentes).

É difícil mensurar os impactos negativos destes investimentos. Primeiro pela falta de transparência, costumeira no futebol nacional. Segundo pela diversidade no modelo de negócios por aqui. O Flamengo se aproveitou da receita costumeiramente superior aos adversários para se estruturar e tornar-se autossuficiente. Atlético e Palmeiras se escoram nos mecenas para contratar, ainda que os paulistas estejam um estágio a frente no caminho da "liberdade". O Bragantino tem uma grande empresa por trás e uma gestão verdadeiramente profissional. A grande maioria dos outros ainda deixam dúvidas sobre os caminhos escolhidos para chegar aos reforços. Sabemos que muitos casos passam mesmo pela irresponsabilidade com um dinheiro que não tem dono.

Se a médio prazo alguns dos movimentos feitos nesta janela parecem muito perigosos e os passos maiores do que as pernas são capazes, a curto prazo a notícia é ótima para a "liga" como um todo. Ter mais jogadores neste nível por aqui aumenta o interesse e a qualidade do Campeonato Brasileiro e é um passo importante para que os clubes possam buscar mais receita num futuro próximo. Com a reabertura dos estádios batendo à porta, o que vem pela frente me parece mais atrativo do que o que ficou para trás.

É claro que ter jogadores melhores não basta. Precisamos cuidar melhor dos gramados, dos estádios, dos uniformes, do calendário e de diversos outros aspectos que parecem menos importantes mas que são fundamentais para um produto forte. Mas a disponibilidade de investimentos mesmo em momentos difíceis passa uma impressão positiva mesmo que seja natural o fato de muitos deixarem pelo menos um pé atrás com a responsabilidade dos nossos dirigentes.

A robustez dos reforços desta janela reforça o que escrevi neste espaço na semana passada. A distância financeira entre os clubes brasileiros para seus pares sul-americanos fica maior a cada ano e os resultados provam. Mauro Zárate deixou um dos maiores clubes da Argentina em julho e não encontrou em seu país ninguém capaz de oferecer o que o América ofereceu. Não é surpresa, nem novidade. Deve ser tendência daqui em diante.

O futebol brasileiro se fortaleceu em agosto e o segundo turno promete. A curto prazo as notícias são excelentes. A médio, só o tempo dirá.

* Esta coluna tem caráter opinativo e não reflete o posicionamento do grupo.
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