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Imagem: Lucas Figueiredo/CBF

A Série B em Números: uma Análise do Entorno Competitivo (Parte II)

Métricas podem justificar mudanças na tabela de classificação nesta reta final de campeonato?


Leo Gomide

Esporte

Réporter Esportivo


Sim, a Série B já se encaminha para os dez jogos finais para conhecermos os quatro clubes que disputarão a elite do futebol nacional em 2022, assim como, aqueles que irão amargar o rebaixamento para a terceira divisão. Portanto, o intuito deste texto é buscar novamente entender e justificar através de métricas e números as mudanças na tabela de classificação comparando três momentos diferentes do campeonato: após o primeiro terço, ao final do primeiro turno, e agora com o segundo terço da competição já disputado.

De lá para cá, o G4 apresentou troca de posições e uma formação diferente. A zona de rebaixamento também sofreu alterações.

Por que o Náutico deixou a zona de acesso e não retornou mais? Em quais métricas o Botafogo apresentou melhoras para avançar 10 posições e figurar como vice-líder no momento da análise?

Como justificar a entrada e permanência de Brasil de Pelotas e Vitória no grupo de descenso? Como entender a queda na tabela do Brusque, o segundo time que mais perdeu posições?

E o Cruzeiro, por que não brigou diretamente pelo acesso?

Na primeira análise do entorno competitivo (https://98live.com.br/esporte/esporte/a-serie-b-em-numeros-uma-analise-do-entorno-competitivo), o Cruzeiro pulou do 19o lugar para o 14o no encerramento do turno. A mesma colocação na análise do entorno competitivo após 26 jogos que apresentaremos agora.

Mais uma vez, o estudo foi realizado através de dados coletados pela plataforma Instat Football.

Contexto Situacional

Assim se encontrava a tabela de classificação nos três momentos de análise do entorno competitivo da Série B.

Valoração dos Pontos

A valoração dos pontos consiste em subtrair os pontos que cada time realmente somou no campeonato menos a Expectativa de Pontos (xP) para cada um. Métrica calculada de acordo com a combinação de outros dados coletados nos jogos, especialmente as métricas Expectativa de Gols (xG) e Expectativa de Gol Contra (xGA). 

Líder da B com um terço do certame disputado (30pts), o Náutico tinha seis pontos a mais que o esperado naquele momento da competição. Valoração que foi caindo e aproximou o Timbu da pontuação que a métrica calcula para o time pernambucano ao final do segundo terço competitivo. O desempenho defensivo era quem diretamente contribuía para o Náutico ter seis pontos a mais, pois, havia sofrido 6 gols a menos do que a métrica xGA (Expectativa de Gol Contra) indicava. Além de um gol marcado a mais que a xG (Expectativa de Gol).

 Ao final do primeiro turno, já fora do G4, o Náutico seguiu apresentando uma valoração positiva de pontos (+2), porém, sinalizando queda tanto no desempenho defensivo, com 2 gols a menos sofridos do que o cálculo da xGA (Expectativa de Gol Contra), quanto no ofensivo, passando a ter valoração negativa de gols (-3). No terceiro momento de análise do entorno competitivo, o Timbu tem valoração de 1 ponto, portanto, praticamente dentro da xP (Expectativa de Pontos). Com quatro gols a menos do que a xG (Expectativa de Gol) apresenta, e um gol a menos que a xGA (Expectativa de Gol Contra).

Mas como justificar a aproximação do Náutico, em termos de gols sofridos, ao número que a métrica xGA (Expectativa de Gol Contra) calcula para time de Recife? 

Veremos adiante que o clube pernambucano passou a figurar acima da média em chances de gol do adversário, e com um aumento qualitativo das finalizações sofridas. Ofensivamente o Náutico sofre com a queda na eficácia dos jogadores para a conversão das chances criadas, já que qualitativamente seguiu construindo oportunidades de gol como nas análises anteriores.

Décimo segundo colocado na análise do entorno após o primeiro terço competitivo, o Botafogo foi o clube que mais ganhou posições ao final da 26a rodada, colocando-se na vice liderança. O time carioca saiu de uma valoração negativa de pontos (-4) no primeiro terço para um saldo positivo neste terceiro momento de análise (+6). Nas métricas ofensivas o Botafogo apresentou melhora, aumentando a taxa de conversão em gol das chances criadas de 24% para 27%. Mas por que tal subida de aproveitamento das oportunidades? Como veremos adiante, o Botafogo manteve estabilidade no número de chances criadas e foi aumentando a probabilidade das finalizações se transformarem em gol, gerando uma maior xG (Expectativa de Gol). Portanto, o aumento na taxa de conversão em gol é justificada pela maior probabilidade de um chute balançar a rede. Simultaneamente ainda apresentou evolução nos números defensivos, diminuindo em quantidade e qualidade as chances de gol criadas pelos rivais, melhorando a valoração de gols contra de +1 para -3. Adiante veremos que ainda segue acima da média na taxa de conversão em gol dos adversários, mas apresentando leve regressão.

Fora do grupo dos quatro piores no primeiro terço da Série B, Vitória e Brasil de Pelotas se mantiveram na 18a e 20a colocação, respectivamente, nos outros dois momentos do campeonato analisados. 

Se por um lado o time baiano se mantém abaixo da média nas métricas defensivas, diminuindo quantidade e a qualidade das finalizações sofridas pelo rival, os números ofensivos são quem condicionam o Vitória ainda ocupar a zona de rebaixamento. A seguir veremos que, após inicar o campeonato entre os cinco times que criavam em termos de qualidade as oportunidades de finalização com maior probabilidade de gol, consequentemente acumulando uma xG (Expectativa de Gol) acima da média, o Vitória apresentou uma regressão nestes números, diminuindo as chances criadas e também a qualidade das oportunidades. Assim, o time de Salvador foi se distanciando ainda mais do número que a xG (Expectativa de Gol) calcula para o momento da equipe no campeonato: de -8 para -11, ou seja, 11 gols a menos marcados do que criou para transformar em gols. A valoração mais baixa da competição.

Já o Brasil é o time que mais sofre finalizações do adverdário com alta probabilidade de um chute se transformar em gol. Apesar de ter sofrido 10 gols a menos que a métrica xGA (Expectativa de Gol Contra), a equipe de Pelotas figura acima da média em chances do rival desde o início da competição. O acúmulo de chutes com alta probabilidade de se tranfromarem em gols se dá pelo alto número de entradas e passes que o adversário consegue efetuar ao atacar o Brasil de Pelotas, como destacaremos a frente.

Situação contrária ao que acontece no momento ofensivo do Brasil, se posicionando abaixo da média em entradas na área rival ao atacar, efeteuando poucos passes para dentro da área adversária, e consequentemente acumulando finalizações com baixa probabilidade de se transformarem em gols. Soma-se ainda a perda de efiácia no momento da finalização, fecchando o segundo terço competitivo da B com oito gols a menos do que a métrica xG (Expectativa de Gol) aponta para o time pelotense.

Da nona colocação para o 16o lugar. A queda de sete posições colocou o Brusque na disputa contra o rebaixamento ao analisarmos o entrorno competitivo da Série B com 26 rodadas realizadas. E a perda de eficácia ofensiva justifica a aproximação do time catarinense ao grupo dos quatro piores. Ainda que siga acumulando finalizações com probabilidade de se tranformarem em gols acima da média da competição, a taxa de conversão destas oportunidades teve regressão considerável: de 28% no primeiro terço competitivo para 19% no segundo terço de disputa. Simultânemante, o Brusque passou a ter os rivais convertendo em maior proporção as chances criadas contra o time catarinense. Se no primeiro terço do campeonato o Brusque havia sofrido exatemente o número de gols que métrica xGA (Expectativa de Gol Contra) apontava, neste terceiro momento de análise já são três gols a mais do que a xGA calcula, já que os adversários seguem acumulando finalizações com probabildade de converter em gol acima da média do campeonato, muito por conta do Brusque ter fechado o segundo terço da competição como o time que mais recebe passes do adversário contra a própria área, gerando assim oportunidades de chutes para os rivais qualitativamente maiores.

A vulnerabilidade defensiva é o que impede o Cruzeiro alcançar posições melhores na tabela da Série B. Desde o início do campeonato, juntemente com o Confiança, o time mineiro tem a pior valoração de gols sofridos da competição, sendo vazado em maior número de vezes do que a métrica xGA (Expectativa de Gol Contra) calcula. Neste terceiro momento de análise do entorno competitivo, por exemplo, são sete gols além da xGA. Posicionado nos gráfico com os menores números de Entradas do Rival no Último Terço, Entradas do Rival na Área e Passes do Rival Dentro da Área, Chances de Gol Rival e xGA, mas com a maior taxa de conversão das oportunidades do adversário, indica a incidência de gols sofridos em contra-ataques e/ou bolas paradas durante toda a campanha na Série B.

Ofensivamente o Cruzeiro também não sinalizou uma progressão considerável em número de chances criadas e no acúmulo de finalizações com maior probabilidade de gol. O melhor momento da Raposa em oportunidades criadas foi ao final do primeiro turno, quando fechou a metade da Série B como o sétimo time com maior volume de chances. Após a 26a rodada situou-se no gráfico como o nono. E mesmo acima da média em conversão das chances e na métrica xG (Expectativa de Gol), Cruzeiro aparece com valoração negativa, -2.

Apesar de ser o segundo time que mais finaliza no campeonato, o Cruzeiro aparece como o nono em Entradas na Área Rival, o que sinzaliza um volume de finalizações acontecendo de fora da área, e consequentemente com baixa probabilidade de gol. 

Como comparativo, o Botafogo, que subiu 10 posições analisando os três momentos do entorno competitivo, é o sexto time no total de finzalizações, mas o segundo em Entradas na Aréa Rival. Como consequência gera um acúmulo de chutes melhor posicionado e com maior probabilidade de gol, situando-se com a maior xG (Expectativa de Gol) da Série B após a 26a rodada.

Entradas do Rival no Último Terço, Entradas do Rival na Área, Passes do Rival na Área, Chances do Rival, Conversão das Chances e Expectativa de Gol Contra (xGA)

Como destacado acima, podemos agora através dos gráficos observar como o Cruzeiro figura abaixo da média do campeonato em  Entradas do Rival no Último Terço, Entradas do Rival na Área e Passes do Rival Dentro da Área, Chances de Gol Rival e xGA (Expectativa de Gol Contra) desde o começo da Série B, justificando um maior número de chances criadas pelos adversários em contra-ataques e/ou bolas paradas. Outro dado que também corrobora para esta justificativa é a presença do Cruzeiro entre os três times que detém a maior porcentagem de posse de bola nos jogos nos momentos analisados.

O mesmo acontece com o Náutico, equipe com maior posse de bola da competição e que sofre poucas Entradas e Passes do Rival na Área, mas com o número de gols sofridos praticamente dentro da métrica xGA (Expectativa de Gol Contra). Apontando igualmente para uma fragilidade nos contra-golpes sofridos e/ou bolas paradas.

O Botafogo registra diminuição na quantidade e qualidade de chances de gol criadas pelos oponentes, o que melhorou a valoração de gols contra de +1 para -3. Ainda segue acima da média na taxa de conversão em gol dos adversários, mas indicando leve regressão.

Observa-se que Brusque foi apresentando uma sutil progressão na porcentagem de conversão das chances rivais, de 31% para 33%, acima da média da B. No primeiro terço do campeonato sofreu exatemente o número de gols que métrica xGA (Expectativa de Gol Contra) apontava, já neste terceiro momento de análise são três gols a mais do que a xGA calcula, pois os adversários acumularam finalizações com probabildade de converter em gol acima da média do campeonato. E como destacado acima, reflexo do Brusque ser o o segundo time que mais recebe passes do adversário contra a própria área, ocasionando oportunidades de chutes para os rivais qualitativamente maiores.

Apesar de bons números defensivos nos gráficos, o Vitória permanece na zona de rebaixamento. O Brasil de Pelotas, apesar de 10 gosl sofridos a menos, vê os rivais acumularem chutes com boa probabilidade de gol.

* Esta coluna tem caráter opinativo e não reflete o posicionamento do grupo.

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