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Imagem: Arquivo Pessoal

Fé nas copas: torcedores de Atlético e Cruzeiro revelam rituais e superstições para a conquista da América

Torcedores não abrem mão de um “combo” de superstições para ver o time ser campeão


Por Larissa Reis

Não existe nenhum torcedor de futebol que seja completamente cético: na hora do aperto, aquele que é apaixonado pelo próprio time é capaz de clamar o nome de todos os santos em busca de um milagre. Neste fim de novembro, até o mais descrente dos atleticanos e cruzeirenses abrirá o armário em busca da camisa da sorte para as decisões das copas Libertadores e Sul-Americana.

A parcela mais fiel da torcida, porém, leva a fé à risca e não abre mão de um “combo” de superstições para aumentar as chances de o time do coração sair vitorioso.

“Eu sou meio neurótica com essas coisas. Eu já mandei minha mãe pegar o óleo de unção na igreja, vamos passar no ônibus da nossa caravana e em todos os torcedores que estão indo nessa viagem para Deus abençoar e voltarmos com o título”.

O relato é de Esther Santos, torcedora fanática do Cruzeiro e membro da torcida organizada China Azul. Ela já está nos preparativos para viajar a Assunção, no Paraguai, para torcer pela Raposa na final da Sul-Americana, marcada para este sábado (23/11).

Volta no Mineirão de joelhos

A jovem conta que abençoar a caravana da organizada nem foi a maior loucura que ela já fez para ver o time levantar uma taça. Em 2017, para o Cruzeiro ganhar a Copa do Brasil, ela prometeu que daria a volta no Mineirão de joelhos. O título veio e a promessa foi cumprida pela torcedora.

“Prometi ainda que não teria ajuda nenhuma, que seria só eu de chinelo, camisa do Cruzeiro e uma legging. Eu fiquei um pouco mais de um mês sem conseguir esticar o joelho, porque doía demais”, relembra ela, sem nenhum pingo de arrependimento.

Para que os deuses do futebol estejam ao lado do Cruzeiro na decisão contra o Racing, ela ainda prometeu ficar um ano sem beber refrigerante, sacrifício que deu resultado em 2017.

“Eu acho um sacrifício, porque gosto muito de um refrigerante, sabe? Então devo fazer isso novamente e também ficar um mês sem um docinho. O pós-almoço que lute!”, brincou.

Manto sagrado do Galo

De superstição Washington Gomes também entende bem. Torcedor roxo do Atlético, ele não se apega apenas a uma camisa da sorte. Quando tem jogo do Galo, ele precisa cumprir todo um ritual para garantir que o time vá bem na partida.

“Todo dia de jogo eu acordo com o hino do Galo e com o alarme escrito ‘hoje tem Galo’. Minha namorada fica até brava, porque ela é cruzeirense. O dia amanhece em um clima diferente, eu saio desde cedo com a camisa do Galo. E eu gosto de sempre estar sentado acompanhando todo o processo, desde a escalação até o pós-jogo. Quando o Galo ganha, no outro dia eu acordo também com o hino”, explicou ele.

Washington é ligado ao esporte desde criança. Ele chegou até a jogar profissionalmente no Valeriodoce Esporte Clube, de Itabira, cidade onde nasceu. A paixão pelo Atlético também veio desde cedo, por influência do pai.

“Desde novo tenho superstição de dormir no horário certo e me alimentar até com a mesma comida, isso venho trazendo desde sempre. Eu sou muito apaixonado pelo Galo. O Galo me tirou de uma tristeza, de às vezes não querer nem sair do quarto. Principalmente em 2021, que foi um ano que eu fiquei bem triste”, conta o torcedor.

Aquele ano foi mesmo mágico para o Atlético e para a torcida, que viu o time conquistar o tão sonhado bicampeonato do Campeonato Brasileiro e da Copa do Brasil. Em 2021, além dos títulos, Washington também ganhou um novo amuleto da sorte: a camisa cinza, número 3, usada em todos os jogos em que o Galo venceu rumo às duas conquistas.

E no que depender do torcedor, o título da Libertadores deste ano já tem dono. Isso porque ele pretende colocar em prática todas as superstições que deram certo até aqui para que o Atlético saia vitorioso.

“Desde 2021, eu não gosto de ver jogos fora de casa: ou tem que ser em casa ou no estádio. Se me chamarem pra ver algum jogo fora eu já falo de uma vez que não quero e não gosto. E quando tem alguma festa ou churrasco no horário do jogo, eu deixo de ir ou eu vou bem depois e já deixo avisado. E além da camisa da sorte, até roupa íntima eu uso a mesma todo o jogo, short também”, explica.

É o meu jeito de viver'

Apesar de serem torcedores rivais, Esther e Washington partilham da mesma “loucura”: os dois não abrem mão de fazer o possível para apoiar o time que amam, nem que para isso precisem ser mal interpretados por quem não entende essa paixão.

“Se a pessoa quiser criticar, que critique. Eu penso que superstição é de cada um, é algo que vem de dentro de você, do que você crê e acredita. Eu tenho essas superstições e isso vai ser para o resto da minha vida”, comenta o atleticano.

“Geralmente quem não entende esse amor pelo time sempre acha maluquice. Quem não entende o estilo de vida que levo, sendo de torcida organizada, acha fanatismo e loucura”, observa a torcedora do Cruzeiro.

Apesar do julgamento, os dois dizem não se importar com a opinião dos “céticos”. “Eu fico em paz. Esse é o meu jeito de viver. É o meu estilo favorito da vida. Eu não me imagino vivendo de outra maneira”, finaliza a cruzeirense.

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