A volta às aulas presenciais em Belo Horizonte, anunciada pela prefeitura para crianças de 0 a 5 anos, pode ter um impasse. Os professores das redes particular e pública de ensino são contra o retorno dos alunos para as escolas neste momento. Os sindicatos que representam as categorias apontam o alto número de infectados e mortes por Covid-19 como impedimento.
O retorno das aulas presenciais está marcado para a próxima segunda-feira em Belo Horizonte nas escolas infantis. Para a presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação da Rede Pública Municipal de Belo Horizonte (Sind-Rede), Vanessa Portugal, este não é o momento para o retorno das aulas presenciais.
“Nosso posicionamento é contrário a reabertura das escolas. Não existe a menor condição no atual momento da pandemia, com índices alarmantes de morte, pessoas contaminadas, ocupação da UTI, aumento da contaminação e mortes de crianças. Nós não temos protocolos mínimos de segurança dentro das escolas, crianças não cumprem protocolos e não adianta dizer que o professor tem o poder, porque não tem. Sem contar a saúde dos profissionais de educação que também nos preocupa muito”, afirmou.
Vanessa também questiona a forma como está prevista a volta às aulas. A prefeitura afirma que serão apenas sete alunos por sala de aula que vão ficar em uma espécie de bolha ou núcleo, sem ter contato com outras turmas. E esse retorno vai acontecer de forma escalonada.
“ A forma como as escolas poderiam voltar com sete, oito alunos em cada sala, representaria que a criança frequentaria escolas, duas vezes por semana. Eu não vejo justificativa aos trabalhadores da educação para se correr o risco tão grande com relação a morte de uma criança ligada a frequência da escola para que ela possa ir à escola uma, duas vezes por semana”, comentou.
Rede particular
O descontentamento também atinge os professores da rede particular, segundo o Sindicato dos Professores do Estado de Minas Gerais (Sinpro/MG). A presidente da entidade, Valéria Morato, critica os protocolos sanitários. “Entendemos que o retorno é necessário, mas quando tivermos segurança. Hoje, não temos. Os índices, infelizmente, em Minas e BH estão batendo recordes diários. Precisamos avaliar para ver a possibilidade do retorno presencial. Entendemos que para o retorno com segurança não basta os protocolos sanitários, que são questionáveis. E, para além disso, temos algumas questões específicas dos professores e professoras, que gostaríamos tratar com quem faz os protocolos”, comentou.
Valéria também afirma que os educadores precisam ser vacinados. “Nossa luta, para o retorno das aulas, é que possibilitem o mais rápido possível a vacinação para toda a população brasileira e, em especial, para os professores que estão trabalhando, há mais de um ano, de forma remota com os estudantes”, finalizou.