Mineiros que estão em Gramado, no Sul do Brasil, contam os momentos de angústia e tristeza com a queda do avião que matou 10 pessoas e feriu outras 17. O cirurgião dentista Leandro Junqueira de Oliveira estava hospedado em uma pousada próximo ao local da queda. “Foi um barulho muito forte, achei que iam quebrar os vidros do quarto”, contou.
Leandro está na cidade junto com oito pessoas, sendo seis adultos e duas crianças, todas da mesma família. Por volta das 9h30, eles estavam em uma pousada quando ouviram um forte estrondo. “Achei que podia ter sido um raio. Estava chovendo um pouco, mas nenhuma tempestade para justificar muito bem. Também cheguei a pensar que alguma estrutura do hotel tivesse caído”, contou.
Após o barulho, segundo o cirurgião, um silêncio tomou conta da pousada. Foi então que ele decidiu ir até a recepção e lá ficou sabendo do ocorrido. “Os funcionários do hotel já estavam comentando sobre o acidente e já tinham vídeos circulando pelo WhatsApp mostrando o local destruído”, afirmou.
A aeronave era pilotada pelo empresário Luiz Claudio Salgueiro. Ela decolou às 9h12 do aeroporto de Canela, cidade vizinha a Gramado, com destino a Jundiaí, em São Paulo.
Antes de cair, colidiu com a chaminé de um prédio, e em seguida, no segundo andar de uma residência e, então, caiu sobre uma loja de móveis. Os destroços ainda alcançaram uma pousada, onde estavam as duas pessoas que sofreram queimaduras graves.
O empresário e sua família morreram na hora, totalizando 10 pessoas. Outras 17 pessoas foram feridas em terra, a maioria por inalação de fumaça, e atendidas nos hospitais da região. Duas estão em estado grave.
Caos na cidade
Logo depois da tragédia, a área próxima ao hotel onde estava Leandro foi isolada. “Em alguns hotéis, os hóspedes foram retirados, pois algumas estruturas foram afetadas, como vidraças quebradas. Os militares isolaram a área. Havia um forte cheiro de combustível. O acidente foi há poucos metros de um posto de gasolina e havia risco de explosão”, disse o cirurgião.
Segundo ele, a cidade estava tomada por turistas. “Muito cheia de turistas por esses dias e como muitos ainda não sabiam do acontecido o trânsito ficou caótico. Todos estavam perplexos conforme as informações”, completou.
Investigação
O acidente está sendo apurado pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), da Força Aérea Brasileira (FAB), e pela Polícia Civil. A investigação militar busca prevenir a ocorrência de outros acidentes com características semelhantes e a da Polícia Civil, identificar as causas e os eventuais responsáveis pela tragédia.
A área onde o avião caiu teve que ser isolada – primeiro, para que a Brigada Militar e o Corpo de Bombeiros combatessem as chamas; depois, para permitir que os peritos acessassem o local. A rodovia RS-235, que interliga Gramado e Canela, foi liberada nesta manhã.