As audiências de instrução e julgamento do Caso Backer começaram nesta segunda-feira (23), no Fórum Lafayette, em Belo Horizonte. A previsão é que, ao todo, 28 testemunhas sejam ouvidas até a próxima semana.
Cinco vítimas foram incluídas na lista para prestar depoimento neste primeiro dia. Apesar de poder ser feito de forma remota, o técnico em segurança de tecnologia da informação Vanderlei de Paula Oliveira, de 39 anos, fez questão de sentar na mesa em frente ao juiz.
“Conversando com a minha família, nós achamos importante eu vir aqui presencialmente, fisicamente, para mostrar todas as cicatrizes que esse veneno me causou”, afirmou.
Ele chegou a ficar internado durante seis meses, sendo três em terapia intensiva. Atualmente, o rapaz ainda precisa fazer hemodiálise, tem dificuldades de fala e de locomoção.
Para Vanderlei, o início do processo judicial dá esperança. “Espero que realmente a justiça seja feita principalmente para as vítimas que não estão aqui para contar a história, que faleceram com esse veneno”, completou.
Primeiro dia do processo
Além de Vanderlei, também foram ouvidas as vítimas por videoconferência Giani Cláudia Setto Vieira, Josias Moreira de Mattos e Cristiano Mauro Assis Gomes. A vítima Antônio Carlos Lisboa foi dispensada da oitiva.
Enquanto testemunha, foi ouvido Carlos Vitor Muller, funcionário do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Ele relembrou que técnicos do Mapa constataram uma "substância estranha" no processo de produção da cerveja. Resultados comprovaram a contaminação dentro da fábrica por etilenoglicol e laudos de compras da substância também encontrados.
Investigações do Ministério da Agricultura concluíram que a contaminação ocorria dentro da cervejaria e que nenhuma contaminação de produtos ocorreu fora da empresa.
Apesar disso, ao ser questionada pela defesa dos réus, o funcionário do Mapa afirmou que a utilização da substância não era proibida na indústria alimentícia.
Próximos passos
O objetivo dessas audiências é coletar provas orais. Ainda devem ser ouvidos nesta primeira fase, na condição de testemunhas, delegado de Polícia Civil, peritos e ex-funcionários da empresa.
A data para os depoimentos de testemunhas da defesa e dos réus ainda será marcada.
Ainda não há prazo para o julgamento dos réus.
Acusação
Os sete engenheiros encarregados da fabricação de cerveja e chope foram denunciados pelos crimes de lesão corporal grave e gravíssima, homicídio culposo, além dos crimes imputados aos sócios.
Três técnicos ainda foram denunciados por exercer a profissão sem preencher as condições definidas por lei, porque não eram registrados no Conselho de Química e Engenharia.
O 11º denunciado pelo MPMG é uma pessoa que se apresentou à Polícia Civil, na época, tumultuando as investigações e trazendo a suspeita de que havia ocorrido uma sabotagem, o que não se confirmou.
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