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Imagem: Instituto Estrada Real / Divulgação

Estrada Real: As belezas do Caminho Novo

Percurso mais jovem da Estrada Real tem belezas a serem exploradas; confira quais!


Daniel Magalhães Junqueira

Entretenimento

Coluna de Turismo assinada por Daniel Magalhães Junqueira - Presidente do Instituto Estrada Real


Os 515 quilômetros do Caminho Novo são os mais jovens da Estrada Real. Sua criação ocorreu em 1698, mas foi entre 1722 e 1725 que a rota estava finalmente definida. De Ouro Preto ao Rio de Janeiro, passa por cidades como Ouro Branco, Carandaí, Barbacena, Juiz de Fora Itaipava e Petrópolis, ligando Minas Gerais ao mar da capital fluminense. Hoje, repleto de atrativos turísticos, guarda dezenas de vestígios da época mineradora, inclusive resquícios da antiga rodovia União Indústria aberta por Mariano Procópio, um verdadeiro convite para o viajante.

Aberto para ser alternativa ao Caminho Velho, devido às necessidades de recebimento de mais trabalhadores e equipamentos e do escoamento da crescente produção de ouro e diamantes, o Caminho Novo guarda para os turistas uma série de elementos da época das bandeiras e das primeiras explorações do território. O Caminho Novo é detentor de inúmeros e importantes patrimônios históricos. São vários os atrativos turísticos, legados da época em que todo o metal extraído das minas começou a seguir o novo percurso.

Recheado de história e cultura nas 36 cidades da área de abrangência e 19 cidades do Eixo principal, o Caminho Novo começa no Parque Estadual do Itacolomi, em Ouro Preto. A unidade de conservação abriga o imponente Pico do Itacolomi, de 1.772 m de altitude, antigo ponto de referência e orientação para viajantes da Estrada Real. Seu nome, de origem tupi, significa “pedra menina”. Os índios o viam como o “filhote” da montanha ou “pedra mãe”. Seguindo Lavras Novas, é daqueles lugares onde devemos esquecer os horários. Não tenha pressa, conheça cada cantinho, converse com os moradores, curta a tranquilidade e as paisagens.   Fontes populares dizem que o vilarejo foi um quilombo, porém não foram encontrados documentos que comprovam essa versão.

O Caminho possui atrativos como Túneis, chafarizes e fazendas que preservam construções e costumes dos séculos XVIII e XIX, dentre elas a Fazenda Carreiras, localizada às margens da antiga Estrada Real, no município de Ouro Branco, guarda uma curiosidade: é conhecida como Fazenda Tiradentes ou Casa Velha de Tiradentes, pois acredita-se que o Inconfidente teria pernoitado ali durante uma viagem de São João del-Rei à Vila Rica, em 1788. Foi tombada pelo Iepha, em setembro de 2000.

Outra fazenda histórica é a Fazenda onde nasceu Alberto Santos Dumont - Santos Dumont, localizada no Vale da Mantiqueira, a cerca de 16 km do centro da cidade de Santos Dumont, e que hoje funciona como museu desde 1973, e traz um precioso acervo da vida do pai da aviação, entre objetos pessoais, cartas, fotografias e peças originais de alguns de seus aviões. Em 1978 foi tombado pelo IEPHA.

Além das fazendas, grandes museus fazem parte do Caminho Novo, e contam momentos importantes da história do Brasil, destaques para o Museu Mariano Procópio em Juiz de Fora, datado de 1861, é o mais antigo de Minas. E o Museu Imperial, que funciona no antigo Palácio Imperial de Petrópolis, residência de verão de d. Pedro II e apontado pelo imperador em diários como um de seus locais preferidos.

 No local o público pode encontrar um pouco sobre a história do Império brasileiro e sobre a família imperial. O acervo, que conta com peças emblemáticas, como a famosa coroa do imperador, é distribuído por cômodos que reconstroem o cotidiano da família em Petrópolis e apresentam aspectos culturais, políticos, sociais e econômicos do Brasil no século XIX.


Petrópolis ainda conta como atrativo o Palácio de Cristal, inaugurado em 1884, sua estrutura pré-montada foi encomendada pelo Conde d'Eu e inspirado no Palácio de Cristal de Londres, e do Palácio de Cristal do Porto. Em 1957 o palácio foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).

Não podemos esquecer os aclamados atrativos naturais do Caminho Novo, como o Parque Estadual do Ibitipoca, que abriga um conjunto de cachoeiras com piscinas naturais, rios, grutas, algumas abertas a visitação, vegetação endêmica e mais de 200 espécies de aves. O Parque fica a 3 km de Conceição do Ibitipoca, inserido na Serra da Mantiqueira, com área de 1488 ha em altitudes entre 1050 m e 1784 m.

O tempo de viagem pelo Caminho Novo de acordo com as modalidades é:

Bicicleta - 11 dias

A pé - 35 dias

Carro e Moto - 6 dias

Cavalo - 18 dias

Essa previsão foi calculada para que o turista possa aproveitar todos os atrativos que o Caminho Novo possui e planejar melhor a viagem.

Hora de arrumar as malas e partir pela Estrada Real e vivenciar toda essa história e cultura. No nosso próximo programa vamos falar dos encantos do Caminho dos Diamantes. Esperamos vocês! Estrada Real: Uma estrada, seu destino!

Destaques:

Usina de Marmelos

Primeira Usina hidrelétrica da América do Sul inaugurada em 1889 foi construída por iniciativa de Bernardo Mascarenhas que desejava utilizar energia hidrelétrica em sua fábrica (Companhia Têxtil Bernardo Mascarenhas) e na iluminação da cidade.

Edificação singela está implantada em nível abaixo da Estrada União e Indústria. Suas paredes foram edificadas com alvenaria de tijolos maciços aparentes, sobre embasamento de pedra, sendo vazadas por vãos com vergas em arcos abatidos em sequência ritmada. A cobertura de duas águas é recoberta por telhas francesas e tem os beirais ornamentados por lambrequim. Uma pequena torre de seção quadrada e telhado de quatro águas marca a construção.

O prédio transformou-se no Museu da Usina de Marmelos e tem os bens e o acervo cuidado pela Universidade Federal de Juiz de Fora através de um convênio assinado entre esta instituição e a Cemig.

 Museu Mariano Procópio

Da herança deixada por Mariano Procópio a seus filhos estava o castelo por ele construído . A parte pertencente a Frederico que se dedicava ao hipismo foi transformada no hipódromo Ferreira Lage, mais tarde vendido ao Governo Federal que no local instalou a sede do Quartel General da 4ª Região Militar. Na parte superior, onde localizava-se o Castelo Alfredo Ferreira Lage revelou suas intenções de ali abrigar um acervo que vinha colecionando desde sua juventude.

Aos poucos ele foi se tornando possuidor de um acervo de preciosidades artísticas e objetos históricos com o intuito de formar ali um museu. Quando, em 1921, o Conde D’Eu e a Princesa Isabel puderam retornar ao Brasil em virtude do fim do decreto do banimento, estiveram na cidade e visitaram o local que já podia ser considerado um museu. Foi nessa ocasião que Alfredo Lage revelou sua intenção de doar todo seu acervo para a Municipalidade. No ano seguinte, foi inaugurada uma galeria com os bustos de Conde D’Eu e da Princesa Isabel e o parque foi franqueado ao público, mas, a doação efetiva só realizou-se em 1936.

A construção em estilo renascentista que tornou-se em 1915 o primeiro museu de Minas Gerais reúne um acervo de cerca de 53 mil peças entre pinturas, esculturas, gravuras, desenhos, livros raros, documentos, fotografias, mobiliário, prataria, armaria, numismática, cartofilia, indumentária, porcelanas, cristais e peças de história natural, conservando ainda uma sala de música toda revestida em madeira. A maioria da coleção data do período imperial em sua maior parte originária do acervo do Palácio São Cristóvão - antiga residência de D.Pedro II no Rio de Janeiro.

Os móveis de D. João VI, D. Pedro II exibem porcelanas da Companhia das Indias; ao lado de curiosidades como a cadeira do beija mão de D. João ou o fardão utilizado por D. Pedro II em sua coroação juntamente com a cauda do vestido de sua mulher Teresa Cristina. Um dos quadros mais famosos da galeria de arte - O Tiradentes esquartejado de Pedro Américo de Figueiredo e Melo encontra-se na sala Tiradentes. Há ainda 476 obras de arte entre pinturas e esculturas de artistas nacionais e do exterior, como as de Rodolfo Bernadelli. A Viscondessa de Cavalcanti, prima do fundador do Museu também ganhou uma sala por ter sido uma das maiores doadoras do Museu. No setor de documentação encontram-se cartas de Pedro I dedicadas à Marquesa de Santos.

O setor de História Natural abriga cerca de três mil minerais e um acervo de animais empalhados.

A “Villa” (Castelo) implantada em platô alteado foi edificada em tijolos maciços aparentes estando unida por uma passarela ao prédio anexo construído anos depois por Alfredo Ferreira Lage para abrigar seu acervo. A ornamentação foi feita tirando partido de tijolos com caneluras, tijolos com arestas arredondadas, tijolos em cores diferenciados e em camadas alternadas e entre outros elementos. O interior da “Villa” conserva as características originais com paredes revestidas de papel e pinturas, lambris de madeira de lei e forro em estuque decorado. Esta guarda ainda importante acervo mobiliário.

Parque Estadual do Ibitipoca

O Parque Estadual do Ibitipoca é um parque florestal localizado no município de Lima Duarte/MG. Com uma área de 1 488 hectares, está situado a três quilômetros do distrito de Conceição do Ibitipoca, que se sustenta com o turismo atraído pelo parque.

‘Ibitipoca’ é uma palavra tupi-guarani que significa “Serra que estoura” ou “Serra estourada”, devido à grande incidência de descargas elétricas (raios) ou, também, à grande quantidade de grutas. É um dos parques de minas mais visitados no Estado e um dos mais reconhecidos do Brasil e uma das principais atrações turísticas da região.

Localizado na Serra do Ibitipoca, uma ramificação da Serra da Mantiqueira, o Parque Estadual do Ibitipoca é divisor das águas das bacias dos rios Grande e Paraíba do Sul e possui uma vegetação composta por mata atlântica, pelos campos rupestres em afloramentos rochosos e matas ciliares ao longo dos cursos d’água. Cactos, bromélias, orquídeas, samambaias e liquens são característicos da Serra do Ibitipoca. As candeias existem em abundância, quase sempre cobertas com um líquen esverdeado chamado barba-de-velho.

O Parque possui vários córregos e riachos que formam atrativos como piscinas naturais e cachoeiras. A correnteza forte chega a fazer escavações que formam passagens subterrâneas, como por exemplo, a Ponte de Pedra. As grutas formadas em rochas quarzíticas integram a paisagem do Parque.

A fauna é rica, com a presença de espécies ameaçadas de extinção, como a onça parda, o lobo guará e o primata sauá. Aparecem também o macaco barbado (bugio), o papagaio-do-peito roxo, o coati, o andorinhão-de-coleira falha, entre outros. Dentre os anfíbios, encontra-se uma espécie de perereca que foi identificada pela primeira vez na região, a Hyla ibitipoca.

O parque é dividido em quatro circuitos: Circuito das Águas, Circuito Janela do Céu e Circuito do Pião. Nos três primeiros as trilhas são estruturadas para facilitar o acesso aos atrativos e contribui para a conservação e manutenção das áreas naturais.

O Parque foi considerado o terceiro melhor Parque da América Latina pelos usuários do TripAdvisor, em função de sua estruturação e atrativos. Trata-se do Parque mais visitado do Estado e, por isso, tem seu número limite de visitantes por dia (capacidade de suporte) constantemente atingido em feriados (1.000 visitantes/dia). Por exemplo, para acesso a Janela do Céu, a capacidade de suporte é de 240 visitantes/dia.



* Esta coluna tem caráter opinativo e não reflete o posicionamento do grupo.
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