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Imagem: Agência Brasil / Divulgação

13º Salário: pagar contas, festar, presentear ou investir?

Evite erros comuns no uso do bônus natalino


Samuel Barbi

Notícias

Especialista em economia, entra ao ar às segundas-feiras com a coluna MundoZFundos, no RádioCast 98


Dezembro é a sexta-feira do ano. Acumulam-se as festas de aniversários de sagitarianos animados, os encontros de fim de ano das firmas, reuniões de famílias para o natal e a alegria do réveillon. É dos momentos mais agitados do ano e, para completar a farra, é o mês da uva passa e de cair na conta o 13º salário: baita alegria!

O nome formal do décimo terceiro salário é Gratificação de Natal e é devido para quem é trabalhador com carteira assinada. O empregado tem direito a uma gratificação de 1/12 de sua remuneração por mês trabalhado, devendo receber uma parcela até dia 30 de novembro e a segunda parcela até 20 de dezembro de cada ano (menor que a primeira, pois é nela que incidem os impostos como INSS e IR). Em 2021 são 83 milhões de beneficiados, recebendo o valor médio de R$2.539.

Apesar de rumores e debates sobre o assunto, o benefício não havia sido regulamentado junto à CLT (Consolidação das Leis de Trabalho), decretada em 1943 no Governo de Getúlio Vargas. A gratificação de natal só foi implementada no Brasil em 1962, durante o mandato do presidente João Goulart. Entendido de que se trata, proponho um método para evitar erros comuns no uso do bônus de natal:

Erro 1: Não amortizar dívidas

Os juros compostos são o grande vilão ou super-herói das finanças pessoais. Quando está endividado eles trabalham fortemente contra você e consomem parte considerável da sua renda, reduzindo o seu poder de compra. Os juros mais altos são também os que os brasileiros mais consomem, com destaque para o cheque especial e o rotativo do cartão de crédito. Matar as dívidas é a primeira missão do 13º, use uma boa parte dele pra isso e tome cuidado nessa época do ano para não criar ainda mais endividamento

Lembre-se que em janeiro há uma série de gastos adicionais como IPVA, IPTU, conselhos de classe, dessa forma, vale separar uma parte da grana para isso. O pagamento antecipado dessas despesas costuma gerar bons descontos, além de evitar desembolsos de juros por atraso ou de multas. Desenvolva a rara habilidade de viver dentro dos limites de sua renda.

Erro 2: Não pagar a si mesmo

É aqui que os juros entram como super-herói das finanças. Paga-se a si mesmo quem investe uma parte de tudo o que recebe, religiosamente, mês após mês. Investimento significa renda passiva, isto é, receber dinheiro sem ter que gastar seu tempo. É a melhor forma de comprar a sua carta de alforria e não ter que depender de trabalho para viver bem. 

Caso você tenha dívidas, não faz sentido investir, pois os juros que recebe são menores do que aqueles que você paga quando pega dinheiro emprestado. Se já venceu as dívidas, é hora de começar seu processo de enriquecimento, nesse caso, em se tratando de um bônus, vale guardar um valor considerável para sua reserva de emergência ou mesmo para um time de investimentos mais robustos.

Erro 3: Não se divertir

Nós precisamos nos divertir. A vida sem lazer é uma vida sem graça e abre portas para desequilíbrios que vão afetar o trabalho, a produtividade e também a renda. Se há dívidas, é necessário um sacrifício maior, portanto, deve sobrar menos dinheiro para suas festas. Quando não há dívidas, aí sim, é possível se dar direito a mais luxos e extravagâncias de forma sustentável. Enfim, manejar bem seu orçamento significa se divertir mais sem culpa ou dor de cabeça na hora de pagar seus boletos.

Erro 4: Não presentear

Seres humanos são sociais. Estar em comunidade e contar com pessoas à nossa volta que nos apoiam e suportam é algo que precisamos construir para ter uma vida saudável. 

Presentear é demonstrar gratidão e também uma forma diferente de dizer o quanto aquela pessoa é especial para você. Em muitas religiões existe o conceito de que dar é melhor que receber, portanto, use esse momento para exercer este princípio. Apenas saiba filtrar quem realmente faz diferença em sua vida e estabeleça os valores máximos desses presentes. 

Repare que presentes com valor sentimental têm mais impacto nas pessoas do que presentes caros.

E quem não tem 13º?

O 13º compõe a renda do trabalhador de carteira assinada. Profissionais liberais, empresários e trabalhadores informais não têm esse tipo de benefício e precisam de um planejamento ainda mais cuidadoso sobre suas finanças pessoais. 

Nesse caso é importante reservar recursos ao longo do ano para esse momento, portanto, desenvolva sua própria reserva natalina, que deve ser o correspondente a 8% de sua renda mensal. Assim, no fim do ano, terá dinheiro para se divertir e presentear, sem ter que estourar o limite do cartão.

Enfim,o resultado dessa coluna é: pagar contas, investir, festar e presentear. Faça todos eles, mas sempre com equilíbrio e limites. O planejamento e a disciplina são responsáveis por trazer paz e conforto para sua vida financeira. E os efeitos sobre as demais esferas da vida pessoal, ao longo dos anos, vão ficando cada vez mais evidentes.

* Esta coluna tem caráter opinativo e não reflete o posicionamento do grupo.
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