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Por que os juros estão (e devem continuar) subindo?

Descubra como se defender desse movimento


Samuel Barbi

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Especialista em economia, entra ao ar às segundas-feiras com a coluna MundoZFundos, no RádioCast 98


Desde 2016 o Brasil passou por um grande movimento de queda de juros. Em outubro de 2016 a taxa Selic (taxa básica de juros) era de 14,25%, em agosto de 2020 a taxa chegou ao seu menor nível em toda a história, apenas 2%. Esse movimento mudou e alta de juros veio para ficar, atualmente a Selic está em 5,25% e o Banco Central admite que ela deve chegar 7,5% até dezembro de 2021, ou mais, de acordo com expectativas do mercado financeiro. Vou explicar as razões dessa mudança de trajetória e te ajudar a se defender desse novo cenário.

Por que os juros estão subindo?

O dinheiro é uma mercadoria como outra qualquer. Isso quer dizer que, se há muito dinheiro no mercado, ele perde valor em relação aos produtos e serviços. Ou seja, acontece a inflação. Em função da pandemia, dos auxílios emergenciais e do descontrole do governo em relação aos seus gastos, muito dinheiro foi inserido no mercado. Como esses recursos não são provenientes de trabalho e produção, há mais pessoas querendo comprar e, proporcionalmente, menos produtos disponíveis. Sendo assim, os preços aumentam para os consumidores.

O Banco Central é uma autarquia (vinculada ao governo, mas independente) que tem o dever de regular a quantidade de dinheiro e de crédito da economia. Essa responsabilidade está totalmente ligada ao objetivo de garantir a estabilidade do poder de compra da moeda nacional, isto é: combater a inflação.

Com isso, os títulos públicos no Tesouro Direto são vendidos a juros mais altos, com o objetivo de retirar dinheiro do mercado. O comprador dos títulos, pensando em ter uma maior rentabilidade, reduz seu consumo e guarda mais dinheiro. Enquanto isso, é necessário pensar algumas vezes mais antes de pegar dinheiro emprestado, pois para pagar será ainda mais difícil e caro. Assim, a demanda atual reduz e isso tende a diminuir a inflação.

Isto é: Os juros estão subindo para controlar a inflação gerada principalmente pelo descontrole dos gastos do governo. Quem pega dinheiro emprestado é penalizado, quem empresta pode ganhar mais.

O que é pior: juros altos ou alta inflação?

Se o aumento dos juros serve para reduzir a inflação, uma dúvida lógica é: juros ou inflação? Minha resposta é direta: inflação alta é pior.

Em geral, as pessoas pobres sentem mais os efeitos da inflação que as ricas. Quando os preços sobem, fica ainda mais difícil conviver com o salário, o dinheiro vai se tornando cada vez menos capaz de comprar coisas, o que pode levar as pessoas a condições de miséria. A inflação é também um mecanismo de transferência de renda das pessoas para o governo, quase como um imposto: o governo gasta, emite dinheiro e no fim do dia, quem paga a conta somos todos nós.

Os ricos também não curtem a inflação alta. Ela atrapalha o planejamento, afasta investimentos e traz uma noção de insegurança na economia, o que é péssimo para ampliação ou criação de novos negócios.

O melhor que pode acontecer a um país é uma combinação de inflação e juros baixos. Apenas com democracia forte, estabilidade política e instituições com credibilidade esse caminho é possível. Quanto mais polarização e dissidências, mais distantes estaremos do desenvolvimento de nossa economia.

Como se defender do aumento dos juros?

Perfeito, se os juros vão aumentar para controlar a inflação, precisamos nos preparar para isso. Boas dicas são:

  • Cortar gastos desnecessários;
  • evitar dívidas, ou mesmo acelerar seu pagamento;
  • aprender a investir e investir na prática, todos os meses


Esse não é o momento mais adequado para gastar muito ou pegar empréstimos. Entretanto, vai se abrir um momento positivo para quem poupa e pretende investir sem correr grandes riscos. Caso não haja uma grande mudança na condução da política e da economia nacional, a renda fixa voltará a trazer boas oportunidades de rentabilidade. Já vimos esse filme outras vezes.

* Esta coluna tem caráter opinativo e não reflete o posicionamento do grupo.
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