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Imagem: Pixabay / Reprodução

Você tem medo do Brasil?

Conheça uma forma fácil de proteger seu dinheiro dos riscos de nosso país


Samuel Barbi

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Especialista em economia, entra ao ar às segundas-feiras com a coluna MundoZFundos, no RádioCast 98


O medo do escuro está na lista dos 10 temores mais presentes na humanidade. Possivelmente, não está relacionado à falta de luz, mas a perigos que poderiam surgir inesperadamente durante a noite. A resposta de medo foi essencial para a humanidade, especialmente para sobreviver a ataques de predadores. O coração acelera, as mãos suam, o corpo se prepara para uma reação de fuga. Sem essa ansiedade, provavelmente nossa espécie teria sido extinta. Sendo assim, até certo ponto, o medo nos protege. Nosso querido Ayrton Senna dizia:

 “O medo faz parte da vida da gente. Algumas pessoas não sabem como enfrentá-lo, outras - acho que estou entre elas - aprendem a conviver com ele e o encaram não como uma coisa negativa, mas como um sentimento de autopreservação.”

Às vezes pode parecer que não. Mas eu tenho medo do Brasil. Não um medo que paralise, mas um temor que leva a enxergar a necessidade de mover-se no tempo certo e prevenir riscos. E por isso que mantenho uma parte de meus investimentos no exterior. Os mercados emergentes, como o Brasileiro, estão sempre cheios de inseguranças. Suas economias são imaturas quando comparadas a países mais desenvolvidos, portanto,mais sensíveis a acontecimentos internos e externos. Investir em moedas fortes, como o dólar,é um escudo para o investidor sobre problemas econômicos e políticos que vivem ocorrendo no Brasil, bem como reforçam seu poder de compra nos obscuros cenários de alta inflação.

Há muitas formas para se investir no exterior, mas na coluna de hoje eu gostaria de me debruçar sobre uma em especial: As BDRs (Brazilian Depositary Receipts )são certificados de valores mobiliários, ativos emitidos no Brasil, mas com lastro em ações do exterior. As BDRs tiveram sua popularização a partir de outubro de 2020, quando foi autorizada sua negociação por investidores comuns. Antes eram limitadas a investidores qualificados, aqueles que mantêm mais de R$1 milhão em aplicações financeiras. Investimentos são uma ponte para a prosperidade e era uma grande injustiça não permitir o acesso desses instrumentos aos investidores com menor poder aquisitivo.

Quando investe em BDRs, você não compra ações de uma empresa internacional e nem se torna sócio dela. O que você tem são títulos de representação, recibos vinculados a esses ativos, que acompanham a evolução e a rentabilidade do ativo original. Toda a negociação é feita em reais e o dinheiro dos investidores fica no Brasil. O valor do ativo, no entanto, é cotado na moeda da bolsa em que é negociado,dessa forma você se expõe à rentabilidade daquela ação, mas também à variação do câmbio no período. Na prática, essa é amaneira mais simples de investir em grandes empresas internacionais, sem precisar abrir conta em uma corretora estrangeira ou enviar dinheiro para fora do país.

Atualmente existem aproximadamente 850 BDRs listadas na B3, envolvendo diversas das mais relevantes empresas do mundo: Amazon, Apple, Google, Facebook, Disney, Netflix, Nike, Tesla. Tudo ao alcance de seu bolso, sendo possível investir e participar do crescimento dessas empresas com valores que variam entre 50 e 200 reais.

Lembre-se que em investimentos não há certo e errado. Existe sempre a opção mais adequada ao seu perfil de investidor e momento de vida.Apresento algumas vantagens e desvantagens das BDRs para ajudar a compreender se elas enquadram em seu estilo e objetivos:

Vantagens

  • Praticidade: São negociados como ações da bolsa brasileira, podem ser adquiridas diretamente no Home Broker de sua corretora nacional;
  • Comodidade: não é necessário abrir conta no exterior;
  • Diversificação:É possível ter acesso às maiores empresas do mundo, protegendo o seu capital dos riscos internos do Brasil;
  • Menos Burocracia:Não é necessário declarar imposto no exterior;
  • Menores Custos de Transação:Não se paga tarifa de remessa para enviar o dinheiro para fora do paísou IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), que podem onerar a transação em cerca de 2%;
  • Sucessão Patrimonial:Não estão sujeitas aos impostos de herança no exterior, bastante elevados em alguns países (pode chegar a 40% do patrimônio nos EUA);

Desvantagens

  • Não há isenção de IR:Não seaplicam as isenções de imposto de renda sobre ganho de capital de até R$20 mil mensais como na negociação de ações (ou de R$35 mil mensais para operação em corretoras norte americanas);
  • Maior custo nos Dividendos:Os dividendos dos BDRs estão sujeitos à tributação tanto no Brasil quanto no exterior. Adicionalmente, as instituições depositárias ficam com 3% a 5% dos dividendos, a título de remuneração por sua atividade. Esse é um custo maior do que enfrentaria se investisse diretamente no exterior.
  •  Menor variedade:Atualmente cerca de 850 BDRs listadas, enquanto há uma infinidade de ativos disponíveis para quem abre conta em corretoras internacionais;
  • Vínculo indireto:Não há um vínculo direto entre você e a empresa, você não é um acionista com direito a voto e participação ativa nas decisões da firma.

Há momentos em que a bolsa brasileira tem resultados excelentes, mas, quando ela vai mal e o dólar dispara, ter investimentos no exterior pode ser uma grande alternativa de proteção do seu dinheiro. Investir no exterior é uma maneira de encarar o medo do Brasil, zelando por sua autopreservação. Que após essa coluna, as BDRs sejam uma forma de fogo para te aquecer e proteger nas noites escuras e frias da economia nacional.

* Esta coluna tem caráter opinativo e não reflete o posicionamento do grupo.
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