O cabo da PM de Minas Gerais e suposto vendedor de vacinas Luiz Paulo Dominghetti reagiu com preocupação e foi orientado a "enquadrar esses caras", em conversas com parceiros comerciais, após publicação da reportagem da 98, do dia 5 de maio, que mostrou a negociação entre um grupo de intermediadores e uma prefeitura fictícia. A coluna teve acesso ao conteúdo do celular de Dominghetti, que foi apreendido pela CPI do Senado na última semana.
"Olha a lambança", escreve Dominghetti ao parceiro Alfredo, um dos personagens que a reportagem negociou a compra de vacinas para uma prefeitura fictícia.
Um dia antes da reportagem ser publicada, Dominghetti escreve a outro parceiro que conseguiu rastrear o telefone do representante da prefeitura fictícia (na verdade, o repórter), que vinha cobrando documentos que provassem eles possuíam ligações com a americana Davati. O sócio de Dominghetti encaminha uma mensagem em que a apuração afirma que faria contato com a Davati nos Estados Unidos para confirmar a intermediação.
"kkkkk. Para eles não perderem tempo e gastarem dinheiro com ligação internacional", responde o policial, que, oito minutos depois, em sequência, menciona "Lucas Ragazi" (sic). Na época da apuração, a reportagem usou de um pseudônimo para negociar com o grupo, mas o policial conseguiu identificar o nome do repórter.
No dia da publicação, Dominghetti repercute a matéria. "Olha a lambança", escreve para Alfredo. A um outro parceiro, Dominghetti fala sobre a 98 e diz ter conseguido "levantar" dados com o número do celular. "Lucas Ragazi (sic), este e o rapaz que levantei que fez a reportagem. Que se passou pelo prefeito para fazer a reportagem". Depois, Dominghetti conclui, "Aqui e chuck norris".
O outro sócio, de nome Rafael Compra Deskarpak, rebate. "Temos q chegar nesses caras. E ver uma forma de enquadrar eles de forma bem inteligente".