O ex-presidente Jair Bolsonaro chorou ao falar com a imprensa neste sábado (18/1), no aeroporto de Brasília, enquanto acompanhava sua esposa, Michele Bolsonaro, que embarcou para os Estados Unidos para participar da posse de Donald Trump como presidente. Bolsonaro, que está com o passaporte retido, foi impedido de viajar devido à decisão judicial.
Ele lamentou a decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que negou, por duas vezes, a devolução de seu passaporte e a autorização para deixar o país.
“Obviamente seria muito bom a minha ida lá. O presidente Trump gostaria muito, tanto é que ele me convidou. Estou chateado, abalado ainda, mas eu enfrento uma enorme perseguição política por parte de uma pessoa”, afirmou, referindo-se a Moraes.
“Eu sou preso político, apesar de estar sem tornozeleira eletrônica. Espero que Sua Excelência não queira colocar em mim para me humilhar de vez”, desabafou Bolsonaro. Ele ainda mencionou ter pré-acertado encontros com chefes de Estado por meio de seu filho Eduardo Bolsonaro, que, junto com sua esposa, representará a família na cerimônia. “Queria estar acompanhando minha esposa. Quem vai acompanhar vai ser meu filho Eduardo e a esposa dele. Eu queria estar lá”, lamentou.
Na última quinta-feira (16/1), a defesa de Bolsonaro apresentou recurso contra a decisão do ministro, que havia impedido a viagem, mas a resposta do magistrado foi novamente negativa. Segundo Moraes, os fundamentos apresentados anteriormente para a apreensão do passaporte e a proibição de sair do país continuam válidos. “Mantenho a decisão que indeferiu os pedidos formulados por Jair Messias Bolsonaro por seus próprios fundamentos”, declarou o ministro nesta sexta-feira (17/1).
Bolsonaro, que queria viajar entre os dias 17 e 22 de janeiro, alegou ter recebido um convite formal por e-mail para participar do evento. No entanto, Moraes destacou que o e-mail em questão era de um “endereço não identificado”, sem qualquer informação sobre horários ou programação. Mesmo diante da falta de comprovação do convite, o ministro analisou o pedido e reiterou a negativa.
A negativa do STF segue a manifestação do procurador-geral da República, Paulo Gonet, que na última terça-feira (15/1) também se posicionou contra o pedido. Para Gonet, o ex-presidente não demonstrou necessidade imprescindível ou interesse público para realizar a viagem.
Desde fevereiro de 2024, Bolsonaro está com o passaporte apreendido no âmbito da Operação Tempus Veritatis, da Polícia Federal, que investiga uma suposta organização criminosa acusada de tentar abolir o Estado Democrático de Direito.