Médicos infectologistas e entidades ligadas à Saúde lançaram, nesta sexta-feira (2), o Comitê Popular Belo Horizonte de Combate à COVID-19. Como primeira medida, o grupo se manifestou favorável à obrigatoriedade do uso de máscaras em locais fechados.
Levantamento do grupo mostra que, atualmente, há em torno de três mortes por dia na capital e aponta como motivo a suspensão das máscaras aliado ao clima de outono/inverno e a disseminação de variantes do Coronavírus.
Boletim
Entre os pedidos, o comitê ainda solicita que a prefeitura volte a publicar dados completos sobre a pandemia em pelo menos cinco dias por semana.
Desde que a prefeitura extinguiu o oficial Comitê de Enfrentamento à COVID-19 — em março deste ano, após o fim do estado de calamidade pública na cidade —, o boletim epidemiológico, que antes era publicado diariamente, passou a ter duas edições semanais e informações reduzidas.
Dados como a ocupação de leitos nos hospitais e a taxa de transmissão do vírus não constam mais.
Comitê Popular
Participam do novo comitê os médicos infectologistas Carlos Starling, Estevão Urbano e Unaí Tupinambás - conselheiros da prefeitura no comitê extinguido.
Também farão parte do Comitê Popular, representantes das seguintes entidades:
Comitê de Enfrentamento à COVID19 da UFMG
Associação Brasileira de Médicas e Médicos pela Democracia
Associação de Usuários de Serviços de Saúde Mental de Minas Gerais
Conselho Municipal de Saúde de Belo Horizonte
Conselho Regional de Psicologia de Minas Gerais
Diretório Central dos Estudantes da UFMG (DCE/UFMG)
Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania
Observatório de Políticas e Cuidados em Saúde da Faculdade de Medicina da UFMG
Pastoral da Saúde
Sindicato dos Jornalistas de Minas Gerais
Sindicato dos Enfermeiros de Minas Gerais
Sindicato das Psicólogas e Psicólogos de MG.
"O objetivo desse comitê é voltar a dialogar com a população. Ainda está na fase aguda da pandemia. Precisamos manter a máscara pelo menos até o fim do inverno e lembrar que é preciso vacinar", disse Unaí, em coletiva de imprensa.
O médico Carlos Starling também se mostrou preocupado com a situação da COVID em BH. "Temos uma pandemia ainda invisível. Se as pessoas relaxam no cuidado, se a mensagem não for bem explicada, entendida como se a pandemia estivesse acabado. As pessoas banalizaram os cuidados, ao invés de flexibilizar com cuidado. E isso é um tipo de negacionismo", afirmou.
Novo boletim
O Grupo divulgará um boletim semanal com dados detalhados da pandemia em BH, incluindo a chamada "taxa de normalidade", uma métrica feita com base em parâmetros como: taxa de transmissão, taxa de mortalidade, letalidade, vacinação e tendência de casos e óbitos.
Atualmente, essa taxa está em 84%. O ideal seria acima de 90%, segundo os especialistas.
"Não tivemos contato com a Prefeitura desde o encerramento do Comitê", reclama Starling. "Quando você vê a taxa caindo e não faz nada, pode tomar atitude em momento que já não é mais adequado", acrescentou.
A reportagem entrou em contato com a Prefeitura de Belo Horizonte e não obteve retorno até a publicação desta matéria.