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Imagem: Freepik / Reprodução

Você tem medo de que?

Entenda o que são as fobias e como tratá-las!


Dra. Júlia Khoury

Notícias

Psiquiatra e professora, médica pela UFMG. Psiquiatra pelo Hospital das clínicas da UFMG


O medo é uma emoção fisiológica e necessária para todos os seres vivos. As reações de medo permitiram a sobrevivência e a evolução dos homens das cavernas, na época em que as ameaças de ataques pelos grandes animais eram constantes. Portanto, ter medo é normal e até mesmo necessário

Entendendo as fobias

O medo passa a se tornar doença (que denominamos de “fobia”) quando é intenso a ponto de prejudicar as atividades da vida diária, ou seja, impedir ou dificultar o indivíduo de fazer as coisas que ele deveria fazer. O medo também pode ser considerado patológico quando acontece sem um fator desencadeante específico ou quando é muito desproporcional ao fator que o desencadeia. As fobias geram um grande sofrimento e limitam a funcionalidade.

Por exemplo, podemos considerar como fobia o medo de elevador em uma pessoa que trabalha no décimo andar e por isso chega atrasada ao trabalho todos os dias por ter que subir as escadas ou não consegue ir trabalhar porque tem crises de pânico quando é obrigada a subir de elevador. Já em outra pessoa que não precisa usar o elevador constantemente e não sofre e nem é prejudicada por esse medo, isso não é considerado uma fobia.

Fobias específicas x fobia social

As fobias são divididas em dois tipos principais: as fobias específicas e a fobia social. As fobias específicas são medos de objetos, pessoas ou situações, como medo de palhaço, de avião, de elevador, de tempestades, de injeções e etc. Já a fobia social é o medo de ser ridicularizado, avaliado negativamente ou de passar vergonha em situações de exposição social, como falar em público, conversar com desconhecidos ou até mesmo comer na frente de outras pessoas. 

As fobias são os transtornos de ansiedade mais frequentes e são mais comuns em mulheres (exceto o tipo sangue-injeção-ferimentos, que é mais prevalente no sexo masculino). Elas geralmente iniciam na infância (por volta dos 10 anos de idade) e podem permanecer na vida adulta ou sumir com o passar dos anos.

É muito comum a associação das fobias com outros transtornos de ansiedade, com a depressão e com o vício em drogas. Muitas pessoas começam a ingerir álcool, por exemplo, para aumentar a coragem de se expor em uma festa ou dar uma palestra. Isso aumenta a chance do uso abusivo e do desenvolvimento de dependência química. 

Portanto, é necessária a abordagem das comorbidades durante a avaliação e o tratamento das fobias. 

Como tratar a fobia

A melhor forma de tratar a fobia é se expondo ao que causa medo. Se afastar da situação ansiogênica pode até aliviar o sofrimento na hora, mas aumenta o medo a longo prazo e faz com que a pessoa continue tendo prejuízos na vida. Por isso, o tratamento de primeira linha para as fobias se chama “terapia de exposição e dessensibilização sistemática” 

Nesse método, a pessoa é exposta em série a uma lista predeterminada de estímulos que provocam medo ou ansiedade, graduada em uma hierarquia do menos para o mais assustador. À medida em que a pessoa é exposta ao que causa medo, ela vai perdendo o medo e pode ser exposta ao que causa ainda mais medo e assim por diante, até se obter a cura da fobia. Assim, a mente passa a entender que aquele objeto ou situação não é tão ameaçador e não representa um perigo real. Por exemplo, uma pessoa com fobia de barata, pode começar assistindo filmes com baratas, quando isso já não causar sensação de medo, ela pode pegar em uma barata de plástico e assim por diante, até conseguir ver uma barata de verdade sem ter uma crise de pânico. 

Atividades de relaxamento, meditação e ioga também ajudam a reduzir a ansiedade diante da exposição ou da possibilidade de exposição ao que causa medo. Em casos graves ou que não respondem a essas formas de tratamento, é necessário o uso de medicamentos de forma pontual (somente quando for se expor ao que gera medo) ou de forma contínua. Para isso, é necessária uma avaliação médica.

* Esta coluna tem caráter opinativo e não reflete o posicionamento do grupo.
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