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Imagem: Lucas Jones/Web Summit Rio

Web Summit Rio 2024: Primeiro dia de megaevento destaca IA e mistura mainstreaming com descolados


Maira Monteiro

Entretenimento

Head de Digital no Grupo Bel. Jornalista com especialização em Gestão de Mídias Digitais, BI e Inteligência Artificial. Acumula mais de 15 anos de experiência como liderança em redações de veículos, como Record TV e BHAZ, e em agências de comunicação com atuação em marketing digital.


Esta é a segunda vez que o Brasil recebe uma edição do Web Summit: o "Rock in Rio" da tecnologia e da inovação. Tomo a liberdade de fazer essa referência com base em um fato: trata-se de um megaevento que movimenta a capital com mais de 34 mil participantes de 102 países. 

Palcos (um gigante, outros oito grandes) com palestras, estandes de grandes marcas, nomes do mainstreaming e executivos de sucesso, salas menores para masterclasses, por aí vai. Tudo montado no RioCentro. Entrei nesse big cenário com algumas perguntas em mente, entre elas "Quem está aqui?", "Quem deveria gastar a sola do sapato no RioCentro?", "Quais serão os aprendizados?" e "Essa estrutura suporta a manada?".

Como marinheira de primeira viagem, vejo muitos bons aspectos e alguns desafios no evento. Focarei na análise de conteúdo, mais do que estrutura (já que entregam muito bem esse quesito operacional de evento em si, o Web Summit é impressionante em grandiosidade e organização).

Meu primeiro dia (de três) foi marcado por uma das trilhas de destaque do ano: Inteligência Artificial (IA). Está na moda, não tem como fugir, mas tem como aprofundar e ver o tema com variedade de perspectivas. Acompanhei dois painéis (que escolhi a dedo) e uma coletiva de imprensa sobre o tema. Os focos foram as questões éticas sobre o desenvolvimento e uso da tecnologia, e como ir além do burburinho na hora de implementar processos operacionais com as soluções da área.

As palestras arranharam a superfície do tema. Posso ter escolhido mal. Somente nesta terça-feira (16) estavam disponíveis mais de 15 agendas sobre IA. E ainda assim senti falta de um conteúdo mais provocativo, um pouco mais de profundidade. Acho que isso se deve ao formato dos "talks", que tendem a ter de 15 a 25 minutos, por vezes com dois a três convidados. 

Apostar nas Masterclasses de assuntos que são de interesse é um caminho que pretendo seguir nos próximos dias. O consumo de uma maior variedade de formatos parece ser um bom caminho para aproveitar o conteúdo no Web Summit Rio.

Outros temas que se destacam na programação deste ano são: Inclusão e Diversidade, Robótica, Tecnologia Automotiva, Jornalismo, Criptomoedas, Influenciadores Digitais e Ativismo Ambiental e Indígena.

Boca Rosa, Kondzilla e os chiefs descolados

O Web Summit, até por sua grandiosidade, atrai especialistas (de temas como IA a criação de sistemas, tem gente de todas as áreas que lidam com tecnologia) e generalistas (profissionais que atuam com marketing digital ou mídias no geral). Na abertura do evento, me sentei ao lado uma Product Manager do Itaú e de um líder da área de Growth do Sem Parar. Logo depois, encontrei um colega que atua na gestão de mídias sociais de diversas empresas e personalidades.

Por esse range de público, as atrações que eu ouso chamar de "mainstreaming" têm um forte apelo. Neste primeiro dia ocuparam os palcos, por exemplo, Kondzilla (empresário, produtor e diretor) e Bianca Andrade (empresária e influenciadora).

Bianca Andrade, a Boca Rosa, durante painel na conferência realizada no RioCentro (Lucas Jones/Web Summit Rio)

Apresentaram conteúdos que podem ser encontrados em outros meios, até por já serem pessoas públicas com forte presença digital e em veículos de massa. Mas é isso! A presença deles no "line-up" não se deve ao ineditismo da informação que passam, mas sim à forma como passam. 

Então, assim, conseguiram engajar e passar a mensagem que queriam, para além das histórias de superação: Boca Rosa sobre a força da intencionalidade (em resumo, o tanto que ela mentaliza e desenha as intenções em suas ações) e Kondzilla sobre a importância de desenvolver a habilidade de negociar, de construir bons negócios.

Os demais painéis, Q&As e MasterClasses arrisco dizer que trazem C-Levels, muitas vezes descolados. Uso o termo para exaltar executivos de Marketing e Tech que fogem do senso comum, com bons cases na carreira. Aliás, vê-se a existência de uma busca por mais diversidade entre speakers em áreas que, historicamente, são tomadas por "padrões" (homens, caucasianos). 

Mulheres em tech

Aliás, a organização do evento destacou durante esta terça-feira os números relativos à participação de mulheres no evento.

No total, 47,5% dos participantes e 39% dos palestrantes são mulheres. O número mais exaltado pela organização é o de representantes do sexo feminino à frente de negócios no evento: 480 das 1066 startups presentes no Web Summit Rio têm uma fundadora.

Participantes do Women in Tech foram chamadas ao palco durante a abertura do evento (Lucas Jones/Web Summit Rio)

Em coletiva durante a tarde, Craig Becker, Chief Events Officer do evento, reforçou a importância do Women in Tech do Web Summit. O programa viabiliza descontos para profissionais que atuam em áreas da tecnologia, dando acesso a palestras, oportunidades de mentoria, networking da indústria, aprendizagem e desenvolvimento, bem como acesso exclusivo a áreas de mulheres em tecnologia, incluindo o Women in Tech Lounge, promovido pelo Banco do Brasil.

Por meio de release, o cofundador e CEO do Web Summit, Paddy Cosgrave, destacou: "O fato de termos o maior encontro de startups fundadas por mulheres na América do Sul é um testemunho da diversidade na região, e espero que ao longo do evento elas se encontrem com os investidores e parceiros necessários para fazer crescer esses negócios".

A volta de Cosgrave

Cosgrave, aliás, esteve no palco principal do evento no RioCentro para a abertura oficial na manhã desta terça-feira. Isso aconteve dias após ele retornar ao cargo de CEO. O cofundador se afastou no ano passado em decorrência da repercussão negativa de um comentário feito a respeito da guerra de Israel. 

Paddy Cosgrave durante a abertura do Web Summmit Rio (Lucas Jones/Web Summit Rio)

Na época, Cosgrave fez a seguinte publicação no X (antigo Twitter): "Estou chocado com a retórica e as ações de tantos líderes e governos ocidentais, com exceção do governo da Irlanda, que pela primeira vez está a fazer a coisa certa. Os crimes de guerra são crimes de guerra, mesmo quando cometidos por aliados, e devem ser denunciados pelo que são". 

A afirmação feita em meio a um cenário geopolítico favorável a Israel, logo após o início do conflito, rendeu o cancelamento de participações e patrocínios na edição do Web Summit em Lisboa. Paddy pediu desculpas e decidiu se afastar do cargo que ocupava.

“Quando me afastei no ano passado, foi a primeira vez que tirei uma licença em 15 anos”, escreveu Cosgrave no início deste mês em seu perfil no X. "Aproveitei para me reconectar com velhos amigos do Web Summit e ouvi o que eles tinham a dizer e o que queriam do Web Summit", destacou ao confirmar sua volta ao cargo de CEO.

Organização do Web Summit

O evento começou como uma ideia de negócio lá em 2009. Foi nesse ano que Paddy Cosgrave, David Kelly e Daire Hickey resolveram montar uma conferência em Dublin, na Irlanda, e chamaram mais ou menos 150 pessoas para participar.

Naquela época, a ideia era juntar jornalistas, empresários e investidores locais para bater um papo sobre as novidades em tecnologia. De lá pra cá, o Web Summit bombou, podemos dizer. Hoje em dia atrai milhares de pessoas de várias partes do mundo. Todas elas interessadas em saber das últimas em inovação.

A segunda edição da capital do estado fluminense, que espera receber o Web Summit por mais quatro anos, ocupa seis pavilhões do RioCentro. É uma estrutura impressionante! Estantes que ocupam os espaços com ativações, demonstrações de produtos e serviços, e lançamentos. 

Área ampla para parceiros em um dos pavilhões do RioCentro (Diego Padilha/Web Summit Rio)

A organização também faz juz a uma equipe que tem 15 anos de experiência nesse mercado. O ecossistema se conecta em um app que funciona bem e permite que os participantes possam se preparar para a programação, além de tornar viável a comunicação entre todos. No primeiro dia tive acesso a todos os serviços com qualidade, lugares para sentar e descansar, para comer, deslocamentos dentro do esperado. Pouco há de se questionar nesse quesito.

Agora temos pela frente mais dois dias de conferência, que ainda reúne nomes como Luiza Trajano, Renata Lo Prete e Vitor Olivier (CTO NuBank). Para conferir detalhes do evento, indico o site rio.websummit.com

* Esta coluna tem caráter opinativo e não reflete o posicionamento do grupo.
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