O Atlético apresentou, na última sexta-feira (30), o plano para a transformação em Sociedade Anônima do Futebol (SAF). Os números apresentam o clube valendo R$ 2,1 bilhões de reais, sendo a dívida real em R$ 1,8 bilhão.
Pela apresentação, a associação terá 25% das ações da SAF, enquanto os outros 75% serão adquiridos por investidores - denominado de Galo Holding, que assumirá integralmente a dívida do clube e colocará, aproximadamente, R$ 600 milhões no caixa.
Além do “perdão” da dívida de R$ 313 milhões, os “4R’s” aportarão aproximadamente R$ 400 milhões, com o restante - cerca de R$ 200 milhões, sendo feito por outros dois grandes investidores.
De grosso modo, os 4R's seriam detentores de algo perto de 78% da Galo Holding. Outros dois investidores deverão ter com cerca de 11% cada.
O Atlético ainda estuda a criação de um Fundo de Investimento para investidores minoritários entrarem na Holding.
Em relação aos patrimônios, a SAF fica com 100% da Arena MRV e a Cidade do Galo, o centro de treinamento do futebol, em Vespasiano. A associação, dona de 25% da SAF, permanece com 100% da Sede de Lourdes, do Labareda, da Vila Olímpica e do Casarão do Planalto.
Para se ter uma ideia, a sede de Lourdes está avaliada entre R$ 25 e R$ 30 milhões. Caso a associação e o Conselho optem pela negociação do imóvel, este valor pode ser utilizado para uma nova chamada de capital dos investidores da Holding para a manutenção dos percentuais, o que totalizaria aproximadamente mais R$ 150 milhões de injeção de recursos, ou em um aumento da associação na participação da Galo Holding.
Dívida
A dívida do clube, em valores aproximados, se apresentam desta forma:
- R$ 300 milhões com o Profut (custo de R$ 30 mi ano – o principal deve ser pago até 2036)
- R$ 313 milhões com os 4R’s (quitados de imediato com a conversão da dívida em capital)
- R$ 440 milhões em CRI’s da Arena MRV (custo de CDI + 5% ao ano, algo perto de R$ 82 milhões/ano)
- R$ 770 milhões em dívidas bancárias, com fornecedores e trabalhistas.
Esta é a dívida que deverá ser atacada prioritariamente com o dinheiro que vai ser injetado no fluxo de caixa da SAF.
Em uma conta simples, restará à Galo Holding um residual de dívida na casa dos R$ 600 milhões para serem quitados até 2025, sendo R$ 440 milhões em CRI da Arena, diluídos em um prazo de 5 anos e com a expectativa de serem pagos com a receita gerada pela própria Arena MRV.
Ou seja, entre 120 milhões a R$ 170 milhões (dependendo da necessidade de investimento do clube até dezembro/23) que deverão ter taxas e prazos renegociados, adequando o pagamento ao fluxo de caixa.
A SAF ainda pagará ao Atlético um valor mensal a título de royalties pelo uso da marca e símbolos do clube, custeando o serviço da dívida do PROFUT e as dívidas trabalhistas, que por questões legais permanecerão na Associação, ainda que garantidas pela SAF.
Liga
O Atlético estima, para 2023, uma receita na casa de R$ 463 milhões, com um custo do futebol girando perto de R$ 320 milhões. A ideia é manter nos próximos três anos um time competitivo, no mesmo padrão atual, sem, contudo, esperar por grandes investimentos.
A arrecadação para este ano poderia ter sido comprometida pela eliminação precoce na Copa do Brasil, mas a venda de jogadores já supera o valor orçado de R$ 80 milhões. Após a venda de Allan, o clube alcançou R$ 127 milhões em receita com negociação de atletas.
Além disso, o Atlético espera arrecadar um recurso extra de mais de R$ 100 milhões ainda este ano com o ingresso na Liga, seja pela Liga do Futebol Brasileiro (LIBRA) ou pela Liga Forte Futebol (LFF), acelerando o processo de amortização da dívida.