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Imagem: Rede 98

“É preciso ir além das críticas”; quem é e o que pensa a 1ª regente da Orquestra Sinfônica de Minas Gerais

Conheça a história de Ligia Amadio, maestrina que rompeu preconceitos para mostrar o poder da mulher na música clássica


Por Déborah Lima

Ser mulher em posição de destaque é carregar o peso de uma responsabilidade diferente dos homens. A constatação é feita por Ligia Amadio, a primeira mulher a assumir a regência titular da Orquestra Sinfônica de Minas Gerais. “É algo de muita responsabilidade porque nós estamos abrindo portas para outras mulheres que virão depois de nós. E também porque há uma cobrança muito grande de todos sobre nós”, a profissional.

Apesar de ser uma das mais destacadas regentes brasileiras da atualidade, a maestrina já precisou enfrentar percalços por ser mulher. Certa vez, quando estava prestes a assumir a Orquestra Filarmónica de Montevideo, ela quase foi sabotada numa tentativa falha de tentar “protegê-la” das críticas.

“O governo de lá teve muita dúvida em contratar uma mulher porque disseram: ‘se um homem falhar, não tem nenhum problema, ninguém vai falar nada. Mas se uma mulher falhar, todos vão dizer: está vendo, contrataram uma mulher, não vai dar certo’.”

Apesar das dúvidas sobre sua competência, ela nunca duvidou de si mesma e conseguiu provar seu domínio na música. Além do Uruguai, na Filarmônica de Montevidéu, Amadio atuou como regente titular e diretora artística na Colômbia, da Filarmônica de Bogotá; na Argentina, da Filarmônica de Mendoza e da Sinfônica da Universidade Nacional de Cuyo; no Brasil, da Orquestra Sinfônica Nacional, da Sinfônica de Campinas e da OSUSP.


Ligia Amadio, que já atuou em diversas orquestras ao redor do mundo, se diz muito feliz em assumir a regência titular e direção artística da Orquestra Sinfônica de Minas Gerais. “Me sinto honrada pela confiança em mim depositada. Espero fazer o melhor pela orquestra, maximizar o seu potencial artístico, ganhar novos públicos e tornar cada vez mais a música clássica e a música realizada pela Orquestra acessível e democrática para todas as pessoas, atingindo diferentes interesses, seja a música popular até a música de concerto e a ópera”, concluiu a maestrina.

Ao reger uma orquestra, um trabalho majoritariamente feito por homens, ela destaca que tem feito o papel de representar todas as mulheres e incentiva outras que desejam trilhar os mesmos caminhos: “Eu aconselho muito estudo, trabalho, determinação, coragem, vontade de ser o que você quiser ser. Amar o que você faz é o mais importante”, pontua Ligia Amadio.

Conceituada e premiada

Ligia Amadio é conhecida internacionalmente por sua exigência artística, carisma e performances vibrantes. Sua atuação estende-se por América, Europa e Ásia.

Dentre os prêmios que recebeu, pode-se destacar: concurso Internacional de Tóquio (1997), II Concurso Latino-Americano em Santiago do Chile (1998), APCA (2001), Prêmio Carlos Gomes (2012), Ordem de Rio Branco (2018), Prêmio Alumni USP (2022).

Sua discografia reúne 11 CDs e cinco DVDs. Completou graduação na POLI-USP e na Unicamp, mestrado na Unicamp e doutorado na Unesp. Sua formação também incluiu os mais importantes cursos internacionais de regência orquestral na Áustria, Holanda, Hungria, Itália, República Tcheca, Rússia e Venezuela.

Ligia Amadio lidera o Movimento Mulheres Regentes, que realizou três simpósios internacionais desde 2016. No momento, organiza a quarta edição do encontro, que acontecerá em Buenos Aires.

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