A secretária de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Marília Melo, afirmou que o governo de Minas Gerais tem conseguido captar recursos para estruturar políticas públicas voltadas para as mudanças climáticas.
Em entrevista remota para o 98 Talks nesta sexta-feira (15/11), diretamente de Baku, no Azerbaijão, onde participa da 29ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP29), ela detalhou os movimentos que a gestão estadual vem fazendo sobre o tema.
"O governo do Estado tem participado efetivamente da COP desde 2020, quando oficializamos nosso compromisso na campanha global Race to Zero, com objetivo de estabelecer a cooperação com organismos internacionais. Desde então, conseguimos captar recursos para estruturar políticas públicas voltadas para as mudanças climáticas", afirmou.
A secretária disse ainda que as regras para financiamento devem ser levadas em consideração pelo Brasil ser um país em desenvolvimento, onde as questões sociais e de desigualdade amplificam os impactos no clima.
"Para além da atualização do valor dos investimentos, precisamos definir de fato qual a fonte dos recursos e como eles vão ser operacionalizados. Por isso, ter um olhar específico para a nossa realidade no Brasil é muito relevante. Temos muito a mostrar, a legislação no Brasil é de vanguarda", argumentou.
Marília Melo disse que o plano de ação para reduzir as emissões de GEE em Minas Gerais foi financiado pelo governo britânico, incluindo o lançamento de uma nova ferramenta de monitoramento dessas ações, e que a parceria com o governo francês vai financiar projetos voltados para os 853 municípios do interior do estado.
Mapeamento de desafios climáticos
Segundo a secretária, ao longo do ano, o governo mapeou cidades com maior índice de vulnerabilidade climática e realizou oficinas de capacitação e qualificação para que elas possam encarar os desafios climáticos com mais preparo.
"Embora toda colaboração internacional seja importante, a grande questão desta COP de 2024 é o debate em torno dos recursos e das novas metas quantificadas para financiamento climático. Havia uma previsão de investimento de 100 milhões até 2025, e de projetos para adaptação climática e redução da emissão de GEE. Hoje, há uma discussão para atualização desse número", explica.
Eventos extremos merecem atenção
Marília Melo ressaltou ainda os impactos das chuvas recentes que têm assolado Belo Horizonte, destacou o rompimento da barragem da Lagoa do Nado, e citou a tragédia com as enchentes no Rio Grande do Sul como eventos climáticos extremos que merecem toda atenção. Ela disse também que é preciso quantificar a necessidade de projetos para resiliência climática.
"Os encontros internacionais são sempre lentos nas decisões e isso gera um impacto na vida prática. Precisamos definir de onde o dinheiro vem e o que podemos fazer para que ele chegue na ponta, ou seja, quais são os critérios estabelecidos e os mecanismos de investimento para implementar ações climáticas", disse.