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Imagem: Reprodução / Apple+

“Ruptura”: série dirigida por Ben Stiller leva dilemas do cotidiano para além do local de trabalho

Produção em cartaz na Apple TV+ fascina ao levantar a pergunta: "e se pudéssemos esquecer tudo o que fazemos durante o expediente?"


Rodrigo James

Entretenimento

Publicitário, especialista em marketing digital e produção audiovisual. Crítico de música e cinema e DJ. Colunista do RadioCast e da Rádio CDLFM.


Desde que “Ruptura" estreou na Apple TV+ eu venho, semana após semana, ensaiando para falar dela por aqui. Mas talvez eu tenha feito bem em esperar um pouco, não só para que as ideias ficassem mais claras na cabeça, como para poder degustar melhor o sensacional nono episódio desta primeira temporada que, desde já, é antológica.

“Ruptura" é focada em um grupo de pessoas que trabalha em uma empresa - Lumon - em um tal departamento de refinamento de dados, que nem eles mesmos sabem exatamente do que se trata. Entretanto, um detalhe diferencia este grupo de pessoas dos demais trabalhadores da humanidade: na Lumon, existe um processo chamado “ruptura" (“severance”, em inglês), que consiste em implantar um chip no cérebro para que eles separem suas vidas pessoais do trabalho.

Assim, quando eles sobem no elevador para entrar na empresa, sua memória do mundo exterior é temporariamente esquecida, e vice-versa. Lá fora eles não sabem do que se passa entre as quatro paredes do escritório. Claro que eles começam a questionar uma ou outra coisa e o modus operandi da Lumon, seguindo seus instintos e algumas poucas pistas e situações apresentadas.

O que a série discute é óbvio: nossa relação com o trabalho e até que ponto conseguimos separar nossas vidas pessoais do que fazemos em uma empresa - algo bastante discutido durante a pandemia. Mas “Ruptura" vai além e propõe várias outras discussões, como os limites de sentimentos em relação a pessoas e situações do dia-a-dia; os muitos caminhos percorridos por nosso cérebro em um dia; os limites éticos contidos dentro de nossas relações com o trabalho; e até mesmo o sentido do trabalho. Será que as tarefas cumpridas por nós no dia-a-dia tem alguma relevância para nós e para o mundo?

Dirigida brilhantemente pelo ator Ben Stiller, a série não só empolga como cria situações limítrofes, dando a ela um tom de thriller misturado a um outro típico de séries distópicas: torcemos o tempo todo pelos personagens se desvencilharem das situações e conseguirem levar suas vidas de volta a algo perto de uma tal normalidade, se é que isso é possível.

Outro trunfo de “Ruptura"é seu elenco, encabeçado pelo sempre ótimo Adam Scott (“Parks and Recreation”, “Big Little Lies”) e abrilhantado por nomes como John Turturro, Patricia Arquette e Christopher Walken. Com performances na medida certa, a série é séria candidata a todos os prêmios da próxima temporada e já deixou um gostinho de quero mais.

Serviço

Ruptura (2022)

Elenco: Adam Scott, John Turturro, Patricia Arquette, Christopher Walken

Direção: Ben Stiller

Apple TV+


* Esta coluna tem caráter opinativo e não reflete o posicionamento do grupo.
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