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Imagem: Divulgação/OA

Consórcio: Pra quem vale a pena?


Samuel Barbi

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Especialista em economia, entra ao ar às segundas-feiras com a coluna Dinheiro Zen, no Central I


Na semana passada recebi uma pergunta sobre consórcios de um de nossos espectadores, David Santos (um abraço pra ele!), que me levou a pensar que não tínhamos ainda debatido esse importante tema em nosso programa. Vamos tentar esclarecer o que é um consórcio e pra quem ele vale a pena.

O que é o consórcio?

Sabe aquele jeito de comprar chamado consórcio, com sorteios e lances? Pois é, ele foi inventado aqui no Brasil! Lá pelos anos 1960, alguns funcionários do Banco do Brasil tiveram uma ideia genial. Por conta da falta de crédito que assolava o país naquele momento, eles se juntaram para conseguir dinheiro para comprar seus próprios carros. Assim, eles criaram uma forma de todos conseguirem o que queriam sem depender tanto do dinheiro dos bancos. E essa ideia pegou!

Consórcio é quando um grupo de pessoas se junta para facilitar a compra de algo que tem interesse. Cada pessoa contribui com uma quantia todo mês para um fundo comum. Regularmente, o dinheiro disponível é usado para que alguém do grupo consiga comprar o que deseja. Isso continua até que todos os participantes tenham sido beneficiados. Assim, é uma maneira de todos terem acesso ao que sonham, mesmo sem dinheiro suficiente ao início do processo.

Quais bens ou serviços podem ser consorciados?

Qualquer bem ou serviço pode ser alvo de um consórcio, especialmente se há um grupo de pessoas com este interesse em comum. Em geral é utilizado para a aquisição de veículos, imóveis, equipamentos e até mesmo para viagens, cirurgias plásticas ou cursos de especialização.

Como funciona um consórcio?

O consórcio parte de um contrato com a administradora, ou da transferência de cotas de uma pessoa a outra. Paga-se um valor mensal que vai sendo gerido pelo administrador para contemplar cada um dos membros do grupo.

Sorteio

De acordo com as regras de cada consórcio, ocorrem sorteios para que um ou mais dos participantes seja agraciado com uma carta de crédito no valor do bem ou serviço pretendido.

Lance

Além do sorteio, pode-se fazer um lance, uma oferta para tentar ser contemplado, caso não tenha sido sorteado. É como um leilão, onde quem oferece o maior lance ganha. Isso só é possível a depender do dinheiro disponível no fundo comum, porque o grupo precisa ter dinheiro suficiente para conseguir pagar pelos bens ou serviços de todos os participantes ao longo do tempo.

Os lances são analisados em uma assembleia do consórcio, depois dos sorteios, para ver quanto dinheiro ainda sobra no fundo, considerando os créditos já sorteados. Se o seu lance for o vencedor, o valor é descontado do que você ainda deve pagar. Então, você só paga o lance se ele for o maior e for contemplado.

Contemplação

Contemplação é quando você recebe o dinheiro do consórcio para comprar o que quer, seja por sorteio ou após um lance bem sucedido. Com esse dinheiro disponível, você pode escolher comprar o que desejar, desde que seja algo similar ao que foi planejado inicialmente. Por exemplo, se você entrou em um consórcio para comprar um carro, mas decide que quer uma moto, pode usar o dinheiro para isso. Da mesma forma, se o consórcio estiver vinculado a uma marca específica, você ainda pode comprar um produto de outra marca com aqueles recursos.

Quais taxas tenho que pagar?

Certamente, para administrar o fundo, existe um trabalho relevante. Arrecadar das pessoas, ponderar a logística dos sorteios e lances, lidar com a inadimplência, organizar o fluxo de caixa e atendimentos aos membros. Enfim, tudo isso justifica uma taxa de administração, que não é pequena. Muitas vezes também é necessário manter um fundo de reserva e seguros, para que o fundo consiga lidar com situações eventuais que afetem os membros. Em geral, estes custos rodam entre 20% e 30% do valor do bem.

Além disso, a inflação afeta os consórcios, nesse sentido, mesmo que você seja contemplado no início do período ou dê um grande lance, ainda terá que auxiliar os demais membros a pagar pelos seus bens/serviços. Nesse sentido, as parcelas tendem a sofrer correções ao longo do tempo.

Quanto tempo leva para ser contemplado em um consórcio?

Não é possível prever. Você pode ter sorte e ser contemplado no início do período ou ficar para o final do prazo. Se tiver recursos para fazer lances mais robustos, poderá agilizar esse processo, mas sempre vai depender da disponibilidade dos recursos do fundo e de outra pessoa não ter realizado um lance maior que o seu.

Afinal, o consórcio vale a pena pra quem?

Não é à toa que estou no Radiocast a quase três anos e nunca comentei sobre consórcios. Pessoalmente, não gosto muito dessa modalidade. Acho muito mais razoável as pessoas aprenderem a poupar e investir, para que não tenham que pagar taxas de administração e consigam bons descontos nos bens ou serviços que contratem.

Entretanto, consórcio pode ser interessante para quem:

1)    Quem não tem disciplina de poupar / investir e não pretende desenvolver essas habilidades;

2)    Não tem pressa para obter o bem ou serviço;

3)    Deseja comprar algo e não tem o dinheiro hoje. 

A grande vantagem do consórcio é não ter que pagar juros, o que sai mais barato que um financiamento. Entretanto, a imprevisibilidade de ser contemplado e os custos envolvidos são desvantagens grandes em relação a fazer a sua própria gestão dos recursos.

* Esta coluna tem caráter opinativo e não reflete o posicionamento do grupo.
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