O livre comércio, que há décadas possibilita acesso a produtos mais baratos e variados, está enfrentando novos desafios. Com a escalada de tarifas e barreiras comerciais, a globalização como conhecemos pode estar em risco – e seu bolso já sente os impactos.

Nos últimos anos, você provavelmente percebeu que produtos como celulares, eletrônicos e até vinhos importados ficaram mais caros. Mas será que isso é só culpa da inflação? Na verdade, há um outro fator poderoso em jogo: os impostos e as barreiras comerciais.

O que está acontecendo?

No último sábado (01/02/2025), o presidente Donald Trump anunciou um aumento significativo nas tarifas sobre importações de Canadá, China e México. Essa decisão faz parte de uma tendência de protecionismo crescente, que ameaça o livre comércio global e pode reacender tensões comerciais, afetando diretamente os preços de produtos no mundo todo.

Quando países impõem tarifas e barreiras sobre produtos estrangeiros para “proteger” suas indústrias locais, acabam gerando um efeito dominó. O país atingido responde aumentando impostos sobre produtos do outro, e essa escalada prejudica consumidores e empresas globalmente. No final, todos pagam a conta.

Como o comércio internacional gera riqueza?

Imagine que um país A é excelente na produção de café e um país B domina a fabricação de carros. Se cada um se especializar e trocar entre si, ambos saem ganhando: o país A consegue carros melhores e mais baratos, e o país B obtém café de qualidade por um preço menor. Isso se aplica a praticamente tudo: eletrônicos da Ásia, vinhos da Europa, carne da América do Sul.

Quando há liberdade para importar e exportar, os consumidores se beneficiam com mais opções, preços competitivos e maior qualidade. Além disso, a concorrência incentiva a inovação, já que empresas precisam se tornar mais eficientes para competir globalmente.

Mas e os impostos?

Agora imagine que o governo do país A decide taxar a importação de carros do país B. O que acontece?

1.    Preços sobem – As montadoras repassam o custo das taxas aos clientes, elevando os preços dos veículos no país A.

2.    Menos inovação – Com a concorrência externa limitada, eventuais montadoras nacionais não precisam acompanhar a eficiência do exterior para prosperar, o que pode levar a produtos de menor qualidade.

3.    Poder de compra reduzido – O consumidor paga mais caro por um carro pior, sobrando menos dinheiro para outras coisas.

Isso vale para qualquer setor: quando há taxações excessivas, o custo final dos produtos sobe, e quem perde é a população.

O que isso tem a ver com seu dinheiro?

Lembre-se do exemplo brasileiro em 2024, quando houve a taxação das compras internacionais de baixo valor, incluindo as populares “blusinhas da Shein”. Isso não só encareceu os produtos para os consumidores brasileiros, como também agravou o déficit bilionário dos Correios.

Antes da medida, plataformas como Shein, Shopee e AliExpress movimentavam um grande volume de encomendas via cross-border, gerando receita significativa para a estatal com taxas de despacho postal e entrega. Com a nova tributação, muitos consumidores reduziram suas compras internacionais, resultando em uma queda expressiva no volume de pacotes. Isso impactou diretamente as receitas dos Correios, que já enfrentavam dificuldades financeiras e agora viram uma de suas principais fontes de arrecadação encolher drasticamente.

Enquanto o setor varejista nacional celebrou a medida como uma forma de reduzir a concorrência externa, os consumidores sofreram com preços mais altos, e o próprio governo viu a estatal aprofundar seu déficit.

Toda vez que um governo impõe barreiras comerciais ou cobra impostos altos, seu poder de compra diminui. Você paga mais por produtos que poderiam ser mais baratos. O livre comércio, por outro lado, facilita o acesso a bens de qualidade por preços melhores, permitindo que seu dinheiro renda mais.

O Livre Comércio está mesmo ameaçado?

Sim, e os impactos já estão sendo sentidos. Se essa tendência de protecionismo continuar, o custo de vida pode subir ainda mais, reduzindo seu poder de compra e limitando suas opções.

No fim das contas, não é só a inflação que pesa no seu bolso, mas também as decisões políticas que moldam o comércio global. E da próxima vez que você reclamar de um produto caro, lembre-se: muitas vezes, são as barreiras comerciais que tornam sua vida mais cara.