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Imagem: Leo Fontes / Rede 98

A cidade das máscaras: sonho ou pesadelo?


Paulo Leite

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Sociólogo e jornalista. Colunista dos programas Central 98 e 98 Talks.


Bom dia! Pensei eu, ao me espreguiçar na cama. Acordava de um sonho estranho, até parecia realidade e aos poucos ia me lembrando das imagens com as quais sonhara. 

Passeava por uma cidade em que outrora seus habitantes eram amáveis, gentis, muitos se conheciam. Os bares do local eram referência para o encontro de seus habitantes. As crianças cultivavam o hábito de divertirem-se nas praças, nos quarteirões fechados aos fins de semana.

Porém, no meu sonho a realidade dessa cidade se transformou radicalmente. Seus governantes, fundamentados em sua própria ciência haviam testado a “pa ciência” de seus governados. Estranhamente e mesmo sem números, dados que certificassem suas decisões, obrigavam os moradores do local ao uso da máscara em ambientes fechados. 

Teatros com platéias que não permitiam aos atores observar a reação das pessoas. Comércio onde atendentes e consumidores não interpretavam a reação da relação interpessoal. Crianças nas escolas com enorme dificuldade de aprendizado por não poderem, como recomenda a norma pedagógica, observar a reação completa de seus coleguinhas na fala e na interatividade.

Com o passar do tempo as pessoas deixaram de se reconhecer, encontravam amigos nos mercados, cinemas e não mais reconheciam os que cruzavam seus caminhos. As crianças deixaram de exprimir-se por palavras por não aprendê-las. E pior, pararam de sorrir.

Os governantes se justificavam com a presença de doenças respiratórias naquela estação do ano — como se isso nunca antes tivesse acontecido — e os governados, por cansaço ou insubordinação, deixavam de cumprir as regras estabelecidas. 

Acordei aliviado, pois aquilo era só um sonho. Será?

* Esta coluna tem caráter opinativo e não reflete o posicionamento do grupo.
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