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Imagem: Valter Campanato / Agência Brasil

A isenção do IR e o desprezo pelo equilíbrio fiscal

Anúncio de Haddad pode até aliviar a classe média, mas pode impactar os cofres públicos em R$ 45,8 bilhões


Antônio Claret Jr.

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Advogado e colunista do programa 98 Talks


O anúncio do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sobre a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5.000 mensais levanta sérias preocupações. Embora o alívio tributário para a classe média seja uma ideia atraente, o impacto fiscal estimado em R$ 45,8 bilhões ao ano revela um problema maior: a falta de responsabilidade com o equilíbrio das contas públicas.

Estamos em um momento crítico para o Brasil, com juros altos pressionando empresas e famílias. Essa taxa elevada é reflexo direto da tentativa de conter uma inflação que continua sendo uma ameaça. Um déficit fiscal maior, causado pela perda de receita com a isenção do IR, só agrava esse quadro. Quando o governo gasta mais do que arrecada, ele pressiona a dívida pública, aumenta a desconfiança dos investidores e empurra o Banco Central a manter ou até elevar os juros, encarecendo ainda mais o crédito e travando o crescimento econômico.

A inflação, que o déficit alimenta, atinge diretamente a população, especialmente os mais pobres. Preços mais altos para alimentos, transporte e serviços reduzem o poder de compra, corroendo os salários e dificultando a vida das famílias. Assim, uma medida que pretende beneficiar a classe média pode acabar prejudicando a todos, especialmente os mais vulneráveis.

O governo parece não compreender a relação entre desequilíbrio fiscal e juros altos. Em vez de cortar despesas, adota medidas populistas que abrem mão de receitas essenciais. A solução não está em expandir gastos sem critérios ou renunciar a recursos importantes, mas em reavaliar o tamanho do Estado, reduzir despesas ineficientes e priorizar políticas públicas que tragam resultados concretos.

O ciclo vicioso de déficits, inflação e juros altos é uma armadilha que o Brasil conhece bem, e o governo Lula parece caminhar novamente para essa direção. Políticas fiscais irresponsáveis não apenas comprometem a credibilidade do país, mas também aumentam o custo de vida, penalizando justamente aqueles que a medida diz querer ajudar.

É hora de o governo entender que equilíbrio fiscal não é uma questão ideológica, mas uma necessidade para garantir o bem-estar da população. Cortar despesas ineficientes e focar em reformas estruturais é o caminho para um país mais próspero e estável. O populismo fiscal nunca foi solução e, ao que tudo indica, as consequências virão rapidamente, com juros ainda mais altos e uma inflação persistente.

* Esta coluna tem caráter opinativo e não reflete o posicionamento do grupo.
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