Existem lugares que se destacam por um prato. Alguns até os levam em seus nomes. Dois exemplos aqui em Belo Horizonte são o Nonô – O Rei do Caldo de Mocotó e o Rei do Torresmo.
Mesmo assim, há “segundas opções” maravilhosas nesses locais.
E é disso que vou falar na saborosa coluna de hoje.
Muitas vezes ficamos presos nos clássicos do cardápio, mas tem hora que vale a pena colocar pra tocar o “lado b” do disco.
Vem comigo que mostro o caminho pra vocês.
(Nenel Neto / @Baixagastronomia / Instagram)
Língua do Nonô – O Rei do Caldo de Mocotó
Já que citei o Nonô, é preciso homenagear a língua bovina servida neste boteco, que em 2024 completa 60 anos.
O Rei do Caldo de Mocotó serve uma estupenda língua em um caldo que nem o Omo Dupla Ação é capaz de tirar da roupa em caso de pequeno acidente.
Opcional, e sem custo adicional, é a cobertura com cebola e pimentão crus, que trazem crocância e refrescância a este clássico de botequim.
Até o advento da pandemia de Covid-19, a língua servida no Nonô saía da estufa para ser cortada pelo atendente no balcão, após o pedido do cliente.
Hoje, a carne já fica picada em quadradinhos na vitrine, nadando no lindo molho vermelho.
De acordo com um dos proprietários do bar, Dênio Correia, a mudança aconteceu visando à agilidade do atendimento, principalmente por causa da entrega em domicílio, serviço que o Nonô passou a oferecer na pandemia e que mantém até os dias atuais.
Muitos habitués não gostaram desta mudança no corte da língua. Confesso que não me incomodei com isso, já que ela continua excelente, sendo uma das melhores da cidade.
O Nonô fica na Avenida Amazonas, 840, no centro de BH.
(Nenel Neto / @Baixagastronomia / Instagram)
Muçarela com lingüiça do Rei do Torresmo
Outro local que citei no início deste texto foi o Rei do Torresmo, meu botequim predileto no Mercado Central.
O carro-chefe está indicado no nome. A estufa sobre o balcão vive lotada de torresminhos, chamados por lá de camarão mineiro, e de fartos pedaços da barriga do porco, a lagosta mineira.
Mas se você quiser algo diferente, indico a porção de muçarela trancinha com lingüiça caseira e cebola. Todos finalizados na chapa. O queijo cria uma casquinha de matar! É um tira-gosto delicioso.
Este é aquele lado b que vale tanto quanto o lado a. É mais ou menos como “You Can't Always Get What You Want”, que foi lado b do single “Honky Tonk Women”, dos Rolling Stones, em 1969.
O Mercado Central está na Avenida Augusto de Lima, 744, pertinho do Nonô, também no Centro.
(Nenel Neto / @Baixagastronomia / Instagram)
Provolone pachá do Rola Papo Botequim
O gaúcho Dailor Voos, o Tucano, Tuca para os íntimos, serve, de quarta a domingo, sublime costela no boteco de esquina que ele tem há 21 anos no bairro Anchieta, à Rua Montes Claros, 1112.
Servido em chapa quente com cama de cebola e acompanhado de mandioca cozida, o corte bovino é o hit local.
Mas aqui estendo o tapete vermelho para o provolone pachá da casa. Não abro mão deste tira-gosto perfeitamente empanado e com o interior puxento, que já foi chique nos anos 1980.
Para os mais novos que não sabem do que se trata, é algo muito simples. São cubinhos de queijo provolone à milanesa.
Só conheço na cidade um ou dois pachás do nível do servido no Tuca, cujo botequim se chama Rola Papo.
(Nenel Neto / @Baixagastronomia / Instagram)
Batata 3 em 1 do Silvio’s Bar
Dos mais extraordinários tira-gostos belo-horizontinos, o jiló empanado em parmesão do Silvio’s Bar teve sua receita replicada em muitos outros botecos da cidade.
Mas é preciso enaltecer também a batata 3 em 1, que é sensacional.
Trata-se de uma combinação de batatas portuguesas (aquelas estilo chips) caseiras, molho à bolonhesa e queijo parmesão fresco ralado.
Estes elementos chegam separados, e cabe ao cliente passar a batata no molho e depois no queijo, numa prazerosa repetição que dura até o final do petisco.
É o tipo do tira-gosto que agrada a gregos e a troianos.
O Silvio’s Bar fica na Rua Begônia, 199, no bairro Esplanada, na zona leste de Belo Horizonte.
(Nenel Neto / @Baixagastronomia / Instagram)
Pastel de carne do Café Palhares
Não há nada mais a ser dito a respeito do kaol, o mais icônico dos pratos belo-horizontinos.
Mas ainda há muito o que falar do pastel advindo da estufa do Café Palhares, ao qual considero perfeito.
A massa tem pequenas bolhas graças à cachaça utilizada na mesma. O recheio é uma ode ao clássico, com carne moída, batatinha e cheiro verde. Como deve ser.
E o bom do pastel é que ele vai bem com café, chope ou refrigerante gelado.
Apesar do sucesso com a clientela, o pastel do Palhares merece fama maior.
A casa fica, desde 1938, à Rua dos Tupinambás, 638, no centro da cidade.
(Nenel Neto / @Baixagastronomia / Instagram)
Bolo de mexerica do Comercial Sabiá
O pão de queijo recheado com pernil e queijo e a broa de fubá se tornaram clássicos do Comercial Sabiá, localizado no Mercado Central. E, cá pra nós, merecidamente, né? Pois são altamente deliciosos.
Agora, o lado b ali é o bolo de mexerica. Sim, muitos conhecem esta terceira obra-prima da casa, mas ela não tem a fama das outras duas. É uma espécie de George Harrison, tão genial quanto John Lennon e Paul McCartney, mas muitas vezes sem o mesmo espaço dos dois.
O bolo de mexerica é macio, tem interior úmido e muito sabor da fruta. É comida de verdade, sem artifícios. Os proprietários seguem uma antiga receita de família.
Como se não bastasse, o estabelecimento ainda tem um maravilhoso e imponente nome à moda antiga: Comercial e Tabacaria Sabiá.
Tem que respeitar.
O Mercado Central está localizado na Avenida Augusto de Lima, 744, no centro.
Há uma filial do Comercial Sabiá na região da Savassi.