“É coisa de preto”; “O seu cabelo transmite doença”; “Macaco”; “Blackface”.
Crimes de racismo já se tornaram notícias comuns, o que muda são os requintes de crueldade. Foi assim durante essa semana e, no que depender da mobilização das redes sociais, a guerra contra estereótipos que reforçam a opressão está mais forte do que nunca.
E tá certo. Quanto mais nos revoltamos e nos mobilizamos contra o racismo e outras formas de discriminação, sejam motivadas pela cor da pele, gênero ou etnia, maior é a chance de mudar essa realidade e formar uma geração livre da ignorância, com valores e princípios que promovam a equidade de direitos com base na Constituição.
O racismo está em todos os lugares. Em um estádio de futebol com torcedores se divertindo arremessando bananas na torcida rival, referenciando-os como “macacos”; dentro do metrô onde uma mulher negra foi ofendida por ter o cabelo crespo; numa festa universitária onde estudantes pintam os rostos com tinta preta ridicularizando pessoas negras; e até dentro de um parlamento, onde um político praticou crime de injúria racial, em vez de discutir leis de interesse da coletividade e da cidadania.
O Brasil foi o último grande país ocidental a extinguir a escravidão, a forma mais cruel do racismo. Uma das características estruturantes do racismo é alicerçar sua justificativa a partir da convicção de que existe uma distinção natural entre negros e brancos, onde os brancos são portadores das virtudes e os negros da negatividade. A grande questão é que o racismo não é questão de opinião, mas crime previsto no Inciso XLII do Artigo 5º da Constituição Federal: inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei. É considerado violação dos direitos e liberdades individuais.
Racismo é exclusão e nós devemos nos posicionar sempre contra a identidade étnica como fator de subordinação social. Junto com os atos, gestos e atitudes, a manifestação do racismo é uma arma potente na difusão do ódio, da violência e da intolerância racial. A revolta nas redes sociais quando casos de racismo acontecem é legítima. Depois da agressão não adianta mais falar “me desculpe, não quis ofender” ou “não foi isso que eu quis dizer”.
Não dá mais para desculpar o racismo.