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Imagem: Reprodução / Twitter

O 12 de setembro é um tiro no pé

Protestos marcados para o domingo não favorecem o impeachment e podem trazer mais instabilidade ao Brasil


Antônio Claret Jr.

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Advogado e colunista do programa 98 Talks


Eu sempre apoiei e apoiarei manifestações críticas a governos. Todo e qualquer governo merece ser fiscalizado de perto pelo povo e, na mínima pisada fora da linha, deve ser criticado e cobrado. Pensando assim, as manifestações programadas para 12 de setembro me parecem muito positivas ao criticarem Bolsonaro e suas últimas aparições com ameaças e críticas a outros poderes.

Entretanto, como diria o grande liberal Frédéric Bastiat, em sua obra “O que se vê e o que não se vê”, muitas decisões podem gerar consequências indesejadas que não são visíveis de imediato. No dia 12 de setembro temos um bom exemplo do caso. 

Sabemos que a pauta principal do movimento é o pedido de impeachment de Bolsonaro. Sabemos que para o processo de impeachment ser aberto, é preciso que o presidente da Câmara admita o pedido e o coloque em votação, sendo certo que se Bolsonaro tiver mais de 171 votos dos 513, o processo não é aberto. 

Dito isso, temos que o presidente da casa, Arthur Lira, não vai colocar o processo em votação independentemente da quantidade e força da manifestação de 12/09. Primeiro, porque os eventos de 7/9 demonstraram a força de Bolsonaro e, se posicionar contra o impeachment não seria, exatamente, um suicídio político. Ademais, Lira tem como presidente de seu partido o Ministro de Bolsonaro. Ou seja, colocar em votação o impeachment seria um ataque a seu colega de partido. Por fim, Lira e Renan Calheiros, um dos grandes apoiadores do impeachment, são oposição em Alagoas. Ou seja, admitindo o impeachment, Lira fortalece Renan. Concluindo, Lira não admitira o processo independente da manifestação.

Ainda, é possível ter uma referência do apoio de Bolsonaro na Câmara pela votação do voto impresso. Ora, claramente deixaram de lado a análise e votaram a favor e contra Bolsonaro, sendo que no fim, houve 229 votos acompanhando sua pauta. Ou seja, mesmo que colocado em votação, Bolsonaro teria mais de 50 deputados a mais do que o mínimo que ele precisa para barrar a abertura do processo.

Concluindo, a manifestação de 12/09 pode ter dois caminhos. Ou não tem a abertura do processo por Lira, ou abre e é negado pelo plenário. Em ambos os casos, demonstra a força de Bolsonaro, especialmente após a grandiosidade das manifestações de 7/9, o que o legitimará a continuar com certos excessos em discursos, que terminam por agravar a instabilidade no Brasil. 

Antes de sair de casa no dia 12/09, lembre-se que em praticamente 1 ano teremos eleições para presidente no Brasil. Momento no qual é possível contribuir com o futuro do nosso país. Lembre-se também que, em se concretizando minhas previsões, esse 12/09 pode tornar nossa vida de brasileiro muito mais difícil até 2022... 

* Esta coluna tem caráter opinativo e não reflete o posicionamento do grupo.
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