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Imagem: Marcello Casal Jr./Agência Brasil

O 6 por 1 pode virar um 7 a 0

Por que no Brasil ainda temos que entender que todos os patrões são perversos e todos os empregados são inocentes?


Paulo Leite

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Sociólogo e jornalista. Colunista dos programas Central 98 e 98 Talks.


O placar sete a um é nefasto para quem estava na arquibancada do Mineirâo naquele fatídico 08 de julho de 2014. Sai do estádio de cabeça inchada e com a sensação de que qualquer placar de sete me deixaria entristecido para o resto da vida. Por esse motivo me preocupa a obsessão pelo projeto que altera os dias de trabalho e descanso na relação de emprego no Brasil.

A pré-ocupação, sempre perigosa, vem pelo fato de que nada deve ser determinado por lei quando a relação deve ser decidida entre os atores dela mesma.

Nos países de economia desenvolvida, sem a tutela das relações trabalhistas que são impostas por leis, as relações entre empregados e empregadores são decididas na hora da contratação. Nesses mesmos países não há nada que precise ser protegido além do contrato assinado. A evolução é tão maior que na maioria deles os pagamentos são parametrizados em horas trabalhadas.

Por que no Brasil ainda temos que entender que todos os patrões são perversos e todos os empregados são inocentes?

A definição da escala de trabalho deve ser feita única e exclusivamente pelos acordos individuais e pelos coletivos, a imposição legal soa como intervenção do governo de plantão.

Há setores da economia em que uma escala de 4 por 3, como pretendem alguns de nossos nobres deputados e parte da sociedade impulsionada e influenciada pelas mídias sociais, será desastrosa e gerará um aumento de custos que impactará nos produtos e serviços ofertados por esses setores.

A imposição de uma escala diversa da que hoje é a realidade desses segmentos implicará numa distorção da economia empreendedora do nosso país.

Alguns perguntarão: Por que essas questões não podem então ser discutidas no Congresso Nacional, a casa dos representantes do povo?

Porque é pura perda de tempo e uma alegoria de ilusões que essas senhoras e esses senhores estão fazendo com trabalhadores, na expectativa de uma escala diversa que lhes dará maior qualidade de vida.

Se esse projeto passa e é aprovado muitos perderão seus empregos e os salários certamente serão achatados nos segmentos da economia em que essa realidade for imposta, além de, como já dito, impactar em imediata alta dos preços de produtos e serviços, gerando a malsinada inflação, que penaliza os de menor poder aquisitivo, que são em tese os que pretendem ser beneficiados pelo projeto que quer ser apresentado.

Enfim, o 6 por 1 pode virar um 0 por 7. Sete dias de descanso por nenhum dia trabalhado. O nome disso é desemprego.

* Esta coluna tem caráter opinativo e não reflete o posicionamento do grupo.
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