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Imagem: Canva PRO

O segredo da longevidade

O que as chamadas “zonas azuis” podem nos ensinar sobre viver mais e melhor


Ana Luiza Prates

Entretenimento

Psiquiatra, especialista em Dependência química, Psicoterapia cognitivo comportamental , Neurociências, Mindfulness e Psicologia Positiva. Professora e Idealizadora do Curso de Saúde emocional da mulher. Colunista do Rádio Cast.


Há mais de 15 anos, o pesquisador e escritor norte-americano Dan Buettner estuda regiões batizadas de “zonas azuis”.  As Zonas Azuis são regiões do mundo onde as pessoas vivem mais tempo, com uma maior qualidade de vida e com menor propensão a doenças crônicas. Nelas encontramos as maiores taxas de centenários do planeta.

 

A partir de suas expedições, Dan se dedicou a entender o segredo por trás da longevidade e bem- estar dessas populações, escreveu uma série de livros que estudam os hábitos, a configuração social e o ambiente das pessoas mais longevas do mundo.

 

Os cinco locais estudados por Buettner estão espalhados pelo planeta, têm as mais diversas culturas  e, mesmo assim, compartilham de pontos em comum em quesitos como alimentação, atividades físicas, conexões sociais e espirituais. Hoje, são cinco zonas azuis ao redor do mundo: Okinawa, no Japão, Loma Linda, nos Estados Unidos, Icária, na Grécia, Península de Nicoya, na Costa Rica, e a região de Sardenha, na Itália.

 

Segundo um estudo dinamarquês, apenas 20% da nossa longevidade é determinada pela genética, sendo os outros 80% associados ao estilo de vida e do ambiente. Isso significa que, mesmo que envelhecer seja inevitável, o modo como envelhecemos tem tudo a ver com escolhas.

 

Por isso, as lições das “zonas azuis” são tão valiosas: são conselhos de uma boa vida e um bom envelhecimento por quem já passou e passa por isso com sucesso.

 

Um dos principais ensinamentos das Zonas Azuis é a importância da alimentação saudável. Nessas regiões, as pessoas consomem principalmente alimentos naturais e frescos, como frutas, legumes, grãos integrais e proteínas magras. Uma dieta rica em vegetais e pobre em alimentos processados e industrializados tem sido associada a uma melhor saúde e longevidade. O ato de se alimentar é considerado uma experiência social e prazerosa, que promove conexão entre as pessoas. Além disso, uma regra é se alimentar até estar 80% satisfeito, e não “empanzinado”.

 

Outro aspecto fundamental das Zonas Azuis é o estilo de vida ativo. Nessas comunidades, as pessoas são engajadas em atividades físicas diárias, através de trabalho no campo, caminhadas, práticas de jardinagem e outras formas de movimentar o corpo. O sedentarismo é praticamente inexistente e o exercício físico é percebido como parte integrante da rotina. Esse hábito reflete não apenas na saúde física, mas também na saúde mental, reduzindo o stress e aumentando a sensação de bem-estar.

 

Além disso, as Zonas Azuis nos ensinam a importância de cultivar relações sociais saudáveis. O apoio da comunidade e o senso de pertencimento nessas regiões são aspectos fundamentais para a saúde e felicidade das pessoas. Os laços familiares são fortes, as amizades são valorizadas e as pessoas se ajudam mutuamente. Tudo isso não só contribui para a longevidade, mas também para a sensação de felicidade e satisfação com a vida.

 

Outro aprendizado importante das Zonas Azuis é a capacidade de reduzir o ritmo de vida e encontrar momentos de relaxamento e contemplação no dia a dia. As pessoas dessas comunidades valorizam o descanso, o sono de qualidade e a desconexão digital, o que contribui para a redução do stress e para o equilíbrio emocional. Encontrar tempo pra se reconectar consigo mesmo e com a natureza é essencial para uma vida plena e saudável.

 

Finalmente, as Zonas Azuis nos ensinam a ter um propósito de vida claro e significativo. Nessas regiões, as pessoas não apenas vivem mais, mas vivem com um senso de propósito, de missão e de pertencimento a algo maior. Ter objetivos e metas claras, sentir-se parte de algo que vai além de si mesmo contribui para uma sensação de realização e contentamento, fundamentais para uma vida longa e saudável. Encontrar uma comunidade espiritual e cultivar a fé também estão associados ao menor envolvimento com comportamentos prejudiciais, maior atividade, menos sensação de stress e maior autoconhecimento.

 

Os ensinamentos das Zonas Azuis nos mostram claramente a importância de voltar à nossa essência. Na tentativa de “facilitar” nossa vida com equipamentos e aparelhos tecnológicos, deixamos de nos movimentar; os fast foods e alimentos supercalóricos e ultraprocessados substituíram a alimentação natural; a vida acelerada e digital do dia a dia nos priva da reconexão conosco, com as pessoas ao nosso redor e com a natureza; as pessoas muitas vezes nem mesmo sabem qual o seu propósito de vida.

 

Ainda há tempo para que possamos viver com mais qualidade e por mais tempo, com mais felicidade e menos stress. Tudo o que precisamos fazer é simples. Por que não começamos agora mesmo? Hábitos saudáveis, conexões fortes e desaceleração podem nos proporcionar tudo aquilo que mais desejamos: uma vida longeva, plena de significado e feliz.

 

* Esta coluna tem caráter opinativo e não reflete o posicionamento do grupo.
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