A Prefeitura Municipal de Felício dos Santos, no Vale do Jequitinhonha, publicou uma nota de repúdio contra o vereador Wladimir Canuto (Avante), nesta quarta-feira (5/2), e acusou o parlamentar de invadir a sala vermelha de um posto de saúde da cidade onde um paciente grave era atendido.
Segundo a administração municipal, Wladimir, “de maneira vil e ardilosa”, entrou na sala e propagou “agressões verbais contra servidores públicos e agrediu fisicamente uma servidora pública no exercício de sua função”.
“A ação desencadeou tumultos diversos na instituição, desestabilização psicológica de toda uma equipe, que mesmo o paciente vindo a óbito, não foi o suficiente para o vereador ter empatia, causando revolta dos familiares e usuários pacientes presentes na UBS”, diz a nota da prefeitura.
O município disse que tomará todas as providências cabíveis, sejam elas administrativas e judiciais, para a devida responsabilização do vereador.
O que diz o vereador?
Nas redes sociais, o parlamentar publicou um vídeo, nessa terça-feira (4/2), em que explica a situação. Segundo ele, por volta das 16h30, ele foi chamado no local por um paciente que reclamava da demora no atendimento.
“Quando cheguei lá, me deparei com pessoas que estavam lá desde cedo aguardando atendimento e nada. Dentre essas pessoas, havia uma senhora que estava chorando de dor na coluna”, começou ele.
“Sentei lá e aguardei um pouco. Vi que a recepção estava vazia e de vez em quando vinha uma pessoa, mexia em alguma coisa, e voltava lá pra dentro. Quando essa pessoa voltou, eu perguntei porque não estava atendendo a fila e ela me falou que tinha duas emergências que precisaram ser encaminhadas para Diamantina e que por isso atrasou muito”, continuou ele.
Na segunda vez que a profissional apareceu, o vereador questionou quantos médicos estavam trabalhando no posto naquele momento. A funcionária disse que havia dois de plantão, mas que ambos estavam atuando em casos de urgência.
“No que ela foi entrando, eu entrei atrás. Eu sou fiscal do município, o salário que todo mundo da prefeitura recebe, eu fiscalizo. Eu tenho que ver se eles estão trabalhando de acordo e se são merecedores do salário que recebem. Então eu entrei atrás. Cheguei, abri a porta, sabe a cena que me deparei com ela? O médico sentado na cadeira dele, com celular na mão, mexendo no celular”, relatou o vereador.
Em seguida, ele procurou pelo outro profissional, que estava em uma sala diferente. “Eu simplesmente abri a porta, eu não entrei. Aí eu vi que tinha muita gente lá dentro. Eu só perguntei se tinha médico lá na sala e a médica apareceu. Depois fechei a porta e saí. Saí e falei com o pessoal lá fora que a fila ia andar”, disse.
Nos comentários da publicação do parlamentar, a médica em questão relatou que estava realizando um atendimento de alta complexidade quando teve a sala invadida, em um momento que exigia total atenção dela.
“O senhor é muito bom com as palavras e realmente não temos como provar o que ocorreu perante a justiça dos homens mas a justiça divina não falha. Fale como quiser, mas eu não dormiria com consciência tranquila depois de ter feito o que o senhor fez”, escreveu ela.
A neta do paciente que faleceu na unidade também se pronunciou nos comentários. “Esperava no mínimo um vídeo seu pedindo desculpa, desculpa para toda a equipe que estava em atendimento e a família”, disse ela.