E chegamos num tempo em que carro chinês virou sonho de consumo para o consumidor brasileiro. Quem diria, né? Recentemente, algumas marcas já chegaram no Brasil querendo sentar na janelinha e tirando o sossego de produtos tradicionais de nosso mercado. Uma delas é a BYD, que após anos ensaiando uma entrada em nosso mercado, finalmente chegou investindo pesado. Se marcas que já eram consolidadas no mercado, como a Ford e Mercedes deixaram o país ou desativaram fábricas, a BYD (abreviação para Build Your Dreams - ou, Construa seus sonhos, em tradução livre para o português) absorveu essa falta, inclusive comprando a fábrica deixada pára-brisa pela Ford em Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador. 

A marca chinesa vem causando uma reviravolta no mercado em vários países. A chinesa, que é a maior fabricante de veículos elétricos do mundo, chegou na Austrália pouco após o fim da Holden, marca local que pertencia à General Motors e por fim, absorvida pelo grupo Stellantis, que deu um fim à ela. No maior país da Oceania, a BYD rapidamente desbancou a Tesla e virou a marca de elétricos mais vendida do país. Agora no Brasil, onde o segmento de veículos elétricos começa a engatinhar, ela tem tudo para desbancar a Volvo, que hoje tem a marca de maiores vendas de híbridos e elétricos do país. 

(Marcello Oliveira / Arquivo Pessoal)

A chegada da BYD fez a régua aumentar na hora de analisar o nível dos concorrentes. Passei uns dias em Belo Horizonte com o TAN, o modelo mais caro e mais luxuoso da marca, um SUV grandalhão, de 7 lugares e muito luxo; o primeiro - e por enquanto único - da categoria. Ele se impõe no tamanho: são 4,87 m de comprimento, 1,95m de largura e 1,72m de altura. 

Com um desenho atraente e estrutura robusta, o SUV chinês não deve em nada aos concorrentes de preço de marcas premium alemães. O acabamento interno do chinês impressiona até mesmo proprietários convictos de BMW X5. Um couro macio reveste os bancos, que têm ajustes elétricos e se regulam automaticamente, junto com o volante, também ajustável eletricamente, assim que a porta do motorista é aberta, para que a entrada seja a mais prática possível. Quando a porta se fecha, tudo se ajusta novamente, colocando o motorista na melhor posição para dirigir. 

A preocupação da marca com acabamento é tanto, que eles até exageram e abusam de materiais nobres: aço escovado, black piano e alcântara. E nada de imitação não, é tudo legítimo. 

(BYD / Divulgação)

Conforto sobra

Os ocupantes da frente cobram com aquecimento e ventilação nos bancos, que saem pelos poros do elegante couro marrom. O volante também é aquecido quando necessário. Três adultos vão atrás com mordomia. Na terceira fileira, que também tem ajustes elétricos, como no caríssimo BMW X7, crianças vão muito bem e dois adultos viajam no limite. Se rebater esta fileira, terá um enorme porta malas com 940 litros de capacidade e uma zona própria de climatização. 

Tela é mais um diferencial

Além do excelente acabamento que não dá margens para críticas, enorme a tela multimídia é o item que mais chama a atenção no interior do carro. São 15,6 polegadas em uma tela de altíssima definição que fica projetada para fora do painel. Por meio de dois botões, um no volante e outro na própria tela, ela pode virar 360 graus, ficando na horizontal ou na vertical, ao gosto do freguês. Os aplicativos ajudam a vida do motorista, mas na prática, acabamos usando mesmo os indispensáveis Apple CarPlay e Android Auto. 

(Marcello Oliveira / Arquivo Pessoal)

Carro invisível

Os sistemas de câmeras 3D, em 360°, ganharam um novo patamar. Na tela do TAN, o carro também pode ser projetado como uma estrutura translúcida para facilitar as manobras até mesmo aos motoristas mais desatentos. A tecnologia permite visualizar se algum objeto ou animal está embaixo do veículo antes de arrancar com ele. Também te ajuda a corrigir a posição do carro se você parou em cima da faixa de pedestres, por exemplo. Um ar de 007! 

Despenho de superesportivo 

Os vincos agressivos no desenho do TAN, uma dianteira com cara de mau e rodas aro 22 deixam o carro com uma aparência esportiva. Seria frustrante se isso não fosse correspondido ao pisar no acelerador. Mesmo pesando 2,5 toneladas, ele tem desempenho de carro superesportivo e vai de 0 a 100 km/h em - PASMEM - incríveis 4,6 segundos. São 517 cv de potência em dois motores elétricos. Um principal, para o eixo dianteiro, e outro para o eixo traseiro. Uma autonomia de 400 Km na estrada é bem razoável e na cidade, ela encosta nos 600 km se você andar suave. 

(BYD / Divulgação)

BYD TAN EV

Motores: elétricos síncronos com ímãs permanentes, um dianteiro e um traseiro

Combustível: elétrico

Potência: 245 cv (d) + 272 cv (t) = 517 cv


Torque: 33 kgfm (d) e 36 kgfm Nm (t) = 69 kgfm


Câmbio: caixa redutora com relação fixa


Direção: elétrica


Suspensões: MacPherson (d) e multilink (t)


Freios: discos ventilados e perfurados (d/t)


Tração: integral


Dimensões: 4,870 m (c), 1,950 m (l), 1,725 m (a)


Entre-eixos: 2,820 m


Pneus: 265/40 R22


Porta-malas: 940 litros (até o teto, cinco ocupantes) / 235 litros (atrás da terceira fileira)

Peso: 2.479 kg
0-100 km/h: 4s6
Velocidade máxima: 187 km/h (limitada eletronicamente)


Autonomia: 400 km (rodovia) / 450 km (PBEV, combinado) / 550 km modo eco na cidade.

Recarga: 15h (wallbox 22, 11 ou 7,2 kW), 30 min (DC 50 kW, de 30 a 80%), 1h20 min (de 0 a 100%, DC 110 kW).

Valor: R$ 529 mil

Em Belo Horizonte, o BYD TAN EV é encontrado na concessionária oficial da marca, a GoGreen, na Avenida Barão Homem de Melo, 2421, Estoril.