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Imagem: Marcello Oliveira

Fiat Mobi poderá ser a base do novo carro popular no Brasil, entenda!

Versão simplificada do hatch pode trazer de volta carros espartanos e compatíveis com o bolso dos brasileiros


Marcello Oliveira

Notícias

Jornalista automotivo, com passagens pelo Portal Vrum, programa Vrum e revista Quatro Rodas


Saudade daquele tempo em que era possível comprar um carro por R$ 30 mil, não é mesmo? O saudosismo automotivo do brasileiro voltou à tona nos últimos dias com rumores da possível volta do carro popular. O termo foi inventado pelo ex-presidente Itamar Franco, quando lançou um programa de isenções fiscais para carros nacionais de mecânica simples, acabamento espartano e motor 1.0 (a exceção foi o Fusca, relançado na época com motor 1.600). 

Hoje, os modelos mais baratos do Brasil são  Renault Kwid e Fiat Mobi, ambos custando na faixa entre R$65 e R$ 68 mil em suas versões de entrada. Trazer o carro popular de volta não significaria necessariamente lançar modelos menores e mais básicos do que esses, mas sim lançar versões mais simples desses modelos. Sim, por incrível que possa parecer é possível fazer isso. Vamos trabalhar como base o Mobi, o subcompacto da Fiat, tido hoje como o exemplo ideal de carro popular. 

Esqueça, ele nunca terá o preço de R$30 mil! Nem ele e nenhum outro carro 0km do Brasil. Não existem mais carros populares em nosso mercado por dois únicos simples motivos: exigência do governo em itens de segurança e exigência do consumidor por itens de conforto cada vez mais presentes no nosso cotidiano. 

Esses aparatos não vêm de graça. Você se lembra qual carro o Mobi substituiu? O bom e obsoleto Fiat Uno Mille, aquele quadrado, o Uno raiz. Um exemplo de carro popular, que em 2012 custava pouco mais de R$ 20 mil uma versão básica. Ele sim era popular. 

O Mille saiu de linha no mesmo ano em que a Kombi (que também tinha status de carro popular), 2013, por não atender mais às exigências de segurança estabelecidas pelo governo brasileiro, como airbag duplo frontal e freios com sistema ABS. O Mobi chegou um tempo depois substituindo o Mille já com esses itens e ainda opções de outros itens que passaram a ser exigências do consumidor com o advento da tecnologia: uma boa e funcional tela multimídia colorida sensível ao toque com disposições para diferentes tipos de aplicativos (entre eles o Spotify), comandos no volante, Apple CarPlay e Android auto. 

Ninguém mais quer carro sem ar condicionado. Sem direção hidráulica então, nem se fala. A geração atual nem sabe o que é uma manivela para abrir e fechar os vidros. Para piorar a situação, a inflação nas alturas após uma pandemia e a escassez de matéria prima para a produção de veículos, fez os preços ir nas alturas e por tudo isso não temos mais o carro de “R$ 29.990 + pintura metálica”, como víamos na publicidade alguns anos atrás. 

O sucessor espiritual do velho popular hoje é bem descolado, tem versão metida a aventureira, com direito a adesivo fosco no capô, rodas de liga leve com pintura especial, rack de teto e auxílio de partida em rampa. O Mobi Trekking, no caso, é aquele carro dinâmico para a cidade, seu tamanho diminuto se alinha bem ao motor 1.0 de quatro cilindros, 75 cv e 9,9 kgfm de torque. Esse é, inclusive, o mesmo motor Fire do velho Mille, que ganhou alguns ajustes e o sobrenome EVO

Esse mesmo Fiat Mobi pode ser o novo carro popular se o fabricante enxugar tudinho que for possível, mantendo os itens obrigatórios por lei. Somando se essa economia a um possível incentivo do Governo, poderíamos esperar uma queda de algo em torno de R$ 20 mil no valor final do carro. Mas será que o consumir brasileiro abriria mão do conforto já adquirido só para dizer que o carro popular voltou?

* Esta coluna tem caráter opinativo e não reflete o posicionamento do grupo.
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