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Imagem: Marcello Oliveira / Arquivo Pessoal

RAM 1500 Rebel: entre razões e emoções

Picape americana de grandes dimensões tem espaço, conforto e potência de sobra, mas tem pouca praticidade em centros urbanos, além de alto consumo


Marcello Oliveira

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Jornalista automotivo, com passagens pelo Portal Vrum, programa Vrum e revista Quatro Rodas


Você pode pesquisar no Google, esse mesmo título eu já usei em outra avaliação, há alguns anos, em outro site. Na época, o veículo testado foi o Golf GTI. A semelhança entre a RAM e o hatch esportivo da Volkswagen está justamente na decisão da compra, que é totalmente emocional. No caso da RAM, se você não mora no campo, só uma vontade muito grande de ter uma “picapona” justifica gastar quase meio milhão de reais em uma. 

Minha experiência com a RAM 1500 Rebel foi apenas em São Paulo, o lugar menos improvável para ter um caminhonete de 5,92 metros de comprimento, 2,08 m. de largura e 2,01 m. de altura, principalmente como único carro, mas assim foram esses dias com a Rebel. 

Apesar de ser acostumado a dirigir os mais variados tipos de carros, tive por hábito nos últimos dois anos a me deslocar pela cidade em um diminuto Mini Cooper, que cabia em qualquer cantinho do trânsito. Com a RAM, eu me sinto um labrador correndo pelo apartamento atrás de um pincher.

Mas o uso da Rebel em São Paulo, em Belo Horizonte ou qualquer grande centro urbano será assim. A RAM 1500 Rebel é produzida nos Estados Unidos, então, perfeita para o estilo de vida americano e para a estrutura das cidades americanas, com vias largas, estacionamentos preparados e vagas adequadas, ao contrário daqui.  

Os perrengues não são raros, mas a gente vai aprendendo. Fui alertado pelo segurança do Shopping Iguatemi (SP) que a picape é muito grande para o estacionamento e ela iria “agarrar” lá dentro. O medidor de 1,90m de altura confirmou isso e me fez colocar um X em cima do shopping no mapa dos lugares onde não posso ir com a RAM na cidade. Curiosamente, São Paulo é disparado o estado onde mais se vendeu a RAM 1500 Rebel no Brasil neste ano, com 32,18% do total das vendas, seguido de longe por Mato Grosso, Paraná, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais. Não costumo vê-las na capital, mas devem estar todas lá pelas bandas de Ribeirão Preto…. lá sim faz muito sentido. 

O conforto seduz

A RAM oferece alguns mimos diferenciados. Sair de casa logo cedo para trabalhar na manhã fria de São Paulo fica mais fácil quando os bancos de couro contam com aquecimento em três níveis, assim como o volante. Basta selecionar na tela multimídia Uconnect de 12 polegadas a função. Ajustes elétricos do banco, seletor do câmbio no painel, uma infinidade de porta-objetos e o head up display fazem parte do pacote de facilidades que te deixam mal acostumado. Do lado de fora, o RAM Box, que são os compartimentos embutidos nas laterais da caçamba, é multifuncional, mas muito utilizado como cooler para gelar bebidas, já que tem drenos. A abertura da caçamba pode ser de forma elétrica e remota pelo controle da chave e pode abrir tanto para baixo como para os lados, se dividindo ao meio. 

Grandalhona gera gentileza 

Se o conforto seduz, a imponência e o poder, ainda mais. Talvez a “imponência” seja a melhor palavra para resumir a RAM caso tenhamos que escolher apenas uma para isso. Ainda vivemos numa cultura no trânsito de que os grandes se sobrepõem. Com a RAM, a gente sempre ganha a preferência, os demais motoristas são mais pacientes e, pasmem, até os apressados e - muitas vezes raivosos - motociclistas conseguem ser mais gentis. 

Chegou ao ponto de um deles, num corredor, parar sua moto e gentilmente pediu para recolher o retrovisor ou afastar um pouco a picape para a direita. Caro leitor, em qualquer outro carro que não fosse equipado com um robusto e pesado retrovisor como o da RAM, capaz de derrubar um destrambelhado condutor de motocicletas, o motoboy passaria tirando “lasquinha” mesmo, ou até levando o próprio retrovisor, sem nenhuma preocupação. 

Qual alternativa?

Dirigir a RAM, mesmo na cidade, é fácil, divertido e muito confortável. O problema é mesmo achar um lugar que caiba todo seu tamanho para estacionar. Só isso! Seu motorzão V8 5.7 de 400 cv a gasolina vai bem em qualquer situação. Pisou, respondeu. Obviamente que o consumo vai oscilar no mesmo ritmo do seu pé. No meu caso, dos 3,0 (nos dias que uso apenas no centro), chegando aos 6,5 km/l (quando pego o rodoanel, por exemplo). Na rodovia livre chega próximo aos 8,0. 

Se você tem entre R$450 e R$500 mil para gastar em uma picape, gosta das grandalhonas e sempre sonhou com a uma RAM, na garagem, vai fundo na Rebel. Mas não se esqueça que há a opção da RAM Classic, cerca de R$ 150 mil mais barata, usando o mesmo motor, porém com a carroceria antiga, que vem do México. 

Mas se você quer apenas uma boa picape urbana, a alternativa pode estar dentro da própria Stellantis. A Toro não é nem compacta e nem grande. Na verdade, não é classificada nem como média. É a picape ideal para cidades como São Paulo. Não atoa é sucesso de críticas e vendas. Mas aí já é assunto para outro dia.

* Esta coluna tem caráter opinativo e não reflete o posicionamento do grupo.
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