Desculpe-me pela vergonha que passei
Não é título de filme, é a descrição da comédia burlesca escrita pelo governo.
Vamos brincar de ser adultos?
Vamos parar de defender nossos estimados, quaisquer coisas, em detrimento da verdade?
O deputado federal Nikolas Ferreira deu um nó na cabeça do governo Lula. Acusá-lo de disseminador de fake news, nesse caso, é de uma enorme leviandade. De fato, como hábil marqueteiro das redes sociais, ele recolheu fragmentos reais de atitudes de um governo sem rumo e, de maneira hábil, fez uma narrativa que destruiu a ação de mudança das regras de fiscalização do uso do Pix por parte da Receita Federal.
A Receita pretendia, sim, mudar a regra do jogo e aumentar a fiscalização das movimentações de recursos via Pix, que tinha como alvo monitorar de forma ampliada as transações de bancos digitais, fintechs e instituições de pagamento. Isso atingiria, sim, uma parcela significativa da população brasileira que vive na informalidade. Mas o governo dizia que não.
Eu desdigo o que disse, que não disse o que disse. De maneira atabalhoada, a comunicação do governo não conseguiu combater as interpretações, em sua maioria reais, dos efeitos que a instrução normativa da Receita causaria. Preferiu atribuir a uma enorme onda de fake news a fracassada tentativa de aumentar, de maneira velada, a receita do governo.
Ora, mas não seria justo, então, que, se as informações circulantes fossem de fato fake news, fossem desmentidas? Não, retire-se a instrução normativa e ordene-se a caça às bruxas por parte da Polícia Federal.
No creo en brujas, pero que las hay, las hay.
No caso em questão, as bruxas não são assim tão más e as fadas, essas sim, são perversas e mentirosas.
Populistas, de esquerda e de direita, de cima ou de baixo, de um lado e de outro, sempre mentem. Mas ficam enraivecidos quando são pegos na mentira.