No último sábado (1/02), o Congresso Nacional elegeu os novos presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal para o biênio 2025-2027. Hugo Motta (Republicanos-PB) foi eleito presidente da Câmara, enquanto Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) assumiu a presidência do Senado.
Hugo Motta, aos 35 anos, é o mais jovem a ocupar a presidência da Câmara. Ele recebeu 444 votos dos 499 deputados presentes.
Davi Alcolumbre foi eleito presidente do Senado com 73 votos dos 81 senadores. Alcolumbre já havia presidido o Senado entre 2019 e 2021 e retorna ao cargo com ampla maioria.
Com a aliança dos maiores partidos das casas do Legislativo, PL e PT, que revela o “pragmatismo” dos nossos parlamentares, os dois presidentes terão uma série de desafios pela frente.
A eleição de Motta e Alcolumbre, ambos independentes em relação à gestão Lula, pode trazer incertezas, especialmente no Senado, onde a oposição vê em Alcolumbre uma chance de ter mais protagonismo.
Já a relação com a Câmara pode melhorar a interlocução com o Planalto, já que Motta tem um perfil menos combativo e bom convívio com o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha.
Questões como as emendas parlamentares, a difícil relação e negociação com o Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a liberação de recursos, a volta da elegibilidade do ex-presidente Jair Bolsonaro, a anistia aos envolvidos nos atos do dia 8 de janeiro e até um eventual impeachment de Lula são temas que estarão na pauta dos primeiros dias de mandato na presidência das duas casas.
As expectativas para os mandatos de Hugo Motta e Davi Alcolumbre são muitas.
Motta prometeu fortalecer institucionalmente a Câmara, mantendo sua autonomia e independência em relação aos demais Poderes. Ele também destacou a importância de defender a estabilidade econômica e social do país.
Alcolumbre, por sua vez, enfatizou, em seu discurso, a necessidade de pacificação e união entre os parlamentares. Ele também destacou a importância de proteger as garantias e prerrogativas dos senadores e preservar a independência do Senado Federal, num recado direto ao Supremo Tribunal Federal.
Essas mudanças podem tornar a relação do governo com o Congresso mais delicada. Lula precisará intensificar a articulação política para aprovar medidas importantes, como a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil, uma das principais promessas de campanha. Além disso, a reforma da aposentadoria dos militares e outras medidas de corte de gastos também estão na pauta.
No Senado, a nova Mesa Diretora inclui Eduardo Gomes (PL-TO) como primeiro vice-presidente e Humberto Costa (PT-PE) como segundo vice-presidente. Isso, na prática, pode representar uma aliança entre o PL e o PT na condução dos trabalhos do Senado.
Na Câmara, a formação da Mesa Diretora e de suas comissões pode influenciar a dinâmica das relações partidárias e a articulação política dentro da Casa. A nova composição reflete acordos e negociações entre diferentes partidos, o que pode impactar a forma como as pautas serão conduzidas e como as alianças serão formadas.
Lula terá que navegar por um cenário político complexo e buscar alianças estratégicas para avançar com suas propostas e em suas tentativas de reverter os níveis de popularidade de sua gestão.
E, para responder à questão título desta coluna, fica a análise atenta dos próximos movimentos em Brasília. Lira e Pacheco, presidentes que deixam o cargo, cada um a seu estilo, fizeram um jogo explícito pela conquista do posto de “primeiro-ministro”. Lira esbanjou poder, e Pacheco, habilidade. Nesse jogo, Pacheco terminou vitorioso.
E a resposta final é uma questão que lhes devolvo: quem será o novo “primeiro-ministro” do Brasil?