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Imagem: Assessoria de Comunicação Secretaria de Estado de Cultura e Turismo

Modos de fazer o queijo Minas artesanal: agora patrimônio mundial que impulsiona a economia mineira

Os modos de fazer o queijo Minas artesanal foram reconhecidos como patrimônio cultural imaterial da UNESCO, consagrando um símbolo da mineiridade que pode impulsionar ainda mais a cultura e a economia de Minas Gerais.


Daniel Queiroga

Notícias

Advogado especialista em direito urbanístico, imobiliário e patrimônio cultural e professor. Doutor em Direito pela UFMG. Instagram: @danqueiroga


Nos recantos das serras de Minas Gerais, o toque cuidadoso das mãos que moldam o queijo se perpetua há mais de dois séculos. É esse modo de fazer, preservado de geração em geração, que agora conquistou um dos maiores reconhecimentos culturais do planeta: a chancela da UNESCO como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade. O anúncio foi feito durante a 19ª sessão do Comité Intergovernamental para a Salvaguarda do Património Cultural Imaterial da UNESCO realizada em Assunção, capital do Paraguai, no dia 7 de dezembro de 2024, e os mineiros já celebram esse marco histórico.

A história do Queijo Minas Artesanal está intimamente relacionada à formação da cultura e das tradições de Minas Gerais. Não se trata apenas de um produto, mas de um conjunto de saberes, técnicas e práticas que integram o cotidiano de milhares de produtores rurais.

São esses Modos de Fazer o Queijo Minas Artesanal que levaram ao reconhecimento, em 2002, da região do Serro como patrimônio imaterial mineiro, pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (IEPHA-MG). Já em 2008, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) reconheceu três regiões como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil: Serro, Serra da Canastra e Serra do Salitre (Alto Paranaíba).

Posteriormente, o IPHAN incluiu outras regiões, como Campo das Vertentes, Serra da Ibitipoca, Triângulo Mineiro, Cerrado, Serras da Piedade e do Caraça, Araxá e Diamantina. Hoje, são dez microrregiões produtoras de Queijo Minas Artesanal reconhecidas como patrimônio imaterial brasileiro.

O reconhecimento no Brasil foi um marco, mas o título mundial seria um verdadeiro salto para a cultura mineira. A UNESCO, no passado, já chancelou outras importantes manifestações culturais brasileiras, como o Círio de Nazaré, o Frevo, a Roda de Capoeira, o Samba de Roda e a Arte Kusiwa. Agora, os Modos de Fazer o Queijo Minas Artesanal se tornam os primeiros a levar a tradição gastronômica brasileira a esse nível.

Cultura e Economia de Mãos Dadas

O Queijo Minas Artesanal, produzido em dez regiões do estado, é um elo entre passado e presente, moldado por práticas artesanais que resistem ao tempo e que demandam a salvaguarda do Poder Público para sua manutenção e promoção.

A preservação dessa tradição ultrapassa os limites da mesa e se estende ao orgulho mineiro, à força de suas raízes e ao papel social e econômico que o Queijo Minas Artesanal desempenha para a cultura mineira.

Estima-se que cerca de 9 mil famílias vivem diretamente da produção do Queijo Minas Artesanal, gerando empregos e renda em suas comunidades. Para os produtores, o título da UNESCO significaria não apenas uma chancela cultural, mas também uma valorização econômica do produto, com a agregação de valor e a abertura de novos mercados, tanto no Brasil quanto no exterior.

Além do impacto direto nos produtores, o turismo mineiro também se beneficiaria enormemente desse reconhecimento. A "rota dos queijos", hoje já visitada por turistas do Brasil e do mundo, tem o potencial para atrair um número ainda maior de visitantes. Imagine a atração que será um queijo com o selo da UNESCO, produzido em uma das regiões mais belas e culturalmente ricas do país. Isso trará um impulso poderoso para o turismo cultural e gastronômico em Minas Gerais.

Reconhecimento e Celebração

O caminho até aqui só foi possível graças à atuação coordenada entre instituições estaduais e federais. O IEPHA-MG e o IPHAN têm sido verdadeiros guardiões desse patrimônio. Desde a elaboração do dossiê da candidatura até a promoção do queijo em feiras e eventos, o papel dessas instituições foi e continua sendo crucial. Eles desempenham a função de salvaguardar o patrimônio imaterial brasileiro e promover o desenvolvimento sustentável das comunidades que produzem esses bens culturais.

Agora, com o título oficializado, os Modos de Fazer o Queijo Minas Artesanal são celebrados como um símbolo da cultura mineira no cenário global. Essa conquista não é apenas dos produtores, mas de toda uma cultura que vê no reconhecimento mundial a consagração de séculos de história, esforço e devoção.

Com o coração mineiro cheio de orgulho, celebramos um marco na história da gastronomia e da cultura mineira: a consagração dos Modos de Fazer o Queijo Minas Artesanal como um patrimônio global de tradição e identidade. Esse título não apenas reconhece o valor cultural dessa prática, mas também reafirma o papel de Minas Gerais como berço de histórias, sabores e saberes que encantam o mundo.

* Esta coluna tem caráter opinativo e não reflete o posicionamento do grupo.
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