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Imagem: José Cruz/Agência Brasil

Quantos moradores de rua tem Belo Horizonte?

A ausência de um diagnóstico seguro impede ações e acoberta incompetências


Paulo Leite

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Sociólogo e jornalista. Colunista dos programas Central 98 e 98 Talks. Apresentador do programa Café com Leite.


A população em situação de rua em Belo Horizonte aumenta a olhos vistos e esse crescimento assusta moradores e dificulta a vida de comerciantes.

As causas de permanência nas ruas de uma legião de moradores são as mais variadas possíveis. Vão desde desajustamento nas relações familiares até dependência de álcool e drogas.

O último levantamento feito pela Universidade Federal de Minas Gerais entre 19 e 21 de outubro de 2022 e divulgada em junho de 2023, aponta que a população em situação de rua de Belo Horizonte quase triplicou na última década, chegando a 5.344 pessoas. Ainda de acordo com a pesquisa a grande maioria é formada por homens (84%) com média de idade de 42,5 anos, enquanto as mulheres (16%) com média 38,9 anos.

Um dado que chama a atenção na pesquisa foi o aumento do tempo de vida em situação de rua da população, que era de 7,4 anos em 2013 e aumentou para 11 anos em 2022.

Esse cenário divulgado em 2022 só se agrava nos dias de hoje. Um agravamento que mostra o despreparo dos gestores de políticas públicas que mesmo diante de um cenário preocupante como o que ficou evidenciado na pesquisa da UFMG, nada fizeram nesse espaço de mais de um ano desde a divulgação dos dados.

Ao contrário. Basta circular pelas ruas da capital para a constatação de que os mais de 5000 moradores em situação de rua encontrados na pesquisa se multiplicaram. A praça Sete, Savassi, Floresta, Barreiro e Venda Nova são praças de acampamento desses moradores.

Completando esse cenário, atuam na capital mais de uma dezena de organizações não governamentais subvencionadas pela Prefeitura de Belo Horizonte com algumas delas recebendo aportes do exterior.

No capítulo diagnóstico, a pesquisa da UFMG não traz relatórios individuais ou em grupos o que daria um oriente mais adequado para as ações municipais. Quem são, de onde vem, suas individualidades e desejos... são alguns dos itens que essa anamnese daria para um diagnóstico de intervenção. Sim intervenção. Porque não se faz política pública sem ações diretas. Existe, nesse aspecto, uma “posição de resistência” de alguns setores da sociedade que insistem na tese de que tais intervenções são “higienistas”.

Com relação a algumas dessas ONG’s a questão se resume a uma simples pergunta: -Estariam essas organizações interessadas em resolver as questões desses moradores? O que fariam as mesmas se essa questão fosse solucionada, ou mitigada de maneira significativa?

Concluo essa coluna por aqui pois em tempos de cancelamento alguns assuntos devem ser restritos as conversas mais intimistas e com pessoas de absoluta confiança.

* Esta coluna tem caráter opinativo e não reflete o posicionamento do grupo.
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