Não preciso voltar a esse espaço para tecer algumas opiniões já ditas sobre a diretoria do Cruzeiro e como o planejamento dos últimos anos foi patético. Na verdade, vou escrever sobre a realidade proposta pelo técnico Vanderlei Luxemburgo e a expectativa para, finalmente, um ano melhor.
Porém, precisamos ser honestos e claros com a nossa audiência.
Além do presidente Sérgio Santos Rodrigues, o treinador celeste também parece que vive em outra realidade. De acordo com o seu comandante, a Raposa precisaria de um time de primeira divisão na segunda, garantindo assim uma subida para a disputa na elite em 2023.
Mas com que dinheiro?
O próprio treinador disse após o enfadonho empate com o Sampaio Corrêa em São Luís, no estádio Castelão, que a principal contratação e peça chave para um novo momento dos celestes seria o pagamento do Transfer Ban, que gira em torno de 14 milhões de reais - e assim, cumprir um projeto já traçado por ele.
Luxemburgo acredita que existe a possibilidade de formar uma equipe de nível Série A com o padrão orçamentário de Série B, o que eu discordo veementemente, ainda mais se tratando de um Brasileirão tão inflacionado no mercado.
Quem vai pagar isso? Recorrer novamente aos mecenas? Isso nunca vai ter fim? E a que preço?
Outro fator é o momento de transição que vive o clube. Com a criação de um novo CNPJ pelos azuis, mas ainda sem a definição de investidor, fica difícil crer que haverá uma corrida para regularizar essa situação. Afinal, por que colocar dinheiro em algo que será repassado logo no sequência?
E existe um outro problema com relação a permanência do atual comandante.
Será mesmo que Luxemburgo tem algo para dar ao Cruzeiro, além da sua experiência e história dentro do futebol? Hoje, se eu precisasse dar uma resposta para essa pergunta, honestamente, seria um sonoro não, ainda mais com esse roteiro repetido de 2020/2021.
A culpa pela campanha não pode ser creditada somente à desorganização fora de campo ou a baixa qualidade do plantel. Todos os treinadores também fizeram e fazem parte desse péssimo ano de 2021.
Os delírios precisam ser mais contidos. A sensação que eu tenho é que quem vive o Cruzeiro, enxerga o que o resto do mundo não vê de camarote.
Por mais que a situação exija urgência, o momento é de pés no chão, tentar segurar ao máximo os ativos que o clube ainda tem, e ter muito tranquilidade nas tomadas de decisão para não repetir os erros dos anos anteriores. O clichê da última frase parece óbvio, mas é mais do que necessário.
Caso o contrário, vamos ver novamente a Raposa em um fim de ano melancólico em 2022.