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Imagem: Gustavo Aleixo/Cruzeiro

Saída de Pepa é desajuste entre expectativa e realidade

Depois de um campeonato estadual trágico, Cruzeiro fazia Campeonato Brasileiro acima da meta desde o início apesar de resultados recentes muito ruins


Vinícius Grissi

Esporte

Comentarista Esportivo


Sete jogos sem vencer e 21 partidas de Campeonato Brasileiro. Chegou ao fim a passagem do português Pepa pelo Cruzeiro. Ronaldo e sua equipe vão em busca de um novo comandante e a principal pergunta que me vem a cabeça é: qual será o objetivo? Ajustar bem as expectativas é fundamental em todos os processos, no futebol ainda mais.

Um dos principais elogios que sempre fiz à atual gestão celeste foi a sinceridade no relacionamento com o torcedor. O clube que no fundo do poço falava em "mirar o Real Madrid", passou a ser o que tratava seus problemas e dificuldades com normalidade e que traçava planos coerentes com a capacidade atual de investimento. Antes mesmo de concluir a compra da SAF, a equipe de Ronaldo falava em disputar a Série A em 2023 e buscar o 12º lugar. O discurso não foi diferente neste ano durante a remontagem do elenco após o título da Série B. Então quais motivos levaram à demissão de Pepa?

Os sete jogos sem vencer, claro, são preocupantes. Considerando apenas o Campeonato Brasileiro, são três vitórias nas últimas 17 partidas. O ponto é que, até então, mesmo com os resultados decepcionantes nos últimos meses, o Cruzeiro não passou uma rodada sequer abaixo da 12ª posição. Se esse era o plano, por que mudar a rota?

São muitas perguntas e poucas respostas. Nos últimos jogos, exceção feita à exibição terrível diante do Grêmio, o Cruzeiro vinha competindo e merecendo sorte melhor. Jogou, no mínimo, de igual para igual com os dois melhores times do Campeonato. Não venceu o Botafogo por detalhes e perdeu para o Palmeiras pelo mesmo motivo. Deixou escapar uma vitória justa contra o Corinthians nos segundos finais. E desperdiçou estar em vantagem duas vezes diante do Athletico mesmo jogando fora de casa. Se o recorte dos resultados preocupa, o desempenho não deveria causar desespero para uma troca neste momento. Em campo, a equipe celeste se mostrava organizada e consciente na maioria dos jogos. Os problemas pareciam maiores em quem joga do que em quem treina.

É verdade que nem sempre o campo diz tudo, embora devam partir sempre dali os sinais mais importantes. Alguma observação interna do relacionamento com o grupo pode ter impactado na decisão da diretoria. Talvez uma quebra de confiança após o jogo contra o Corinthians que foi considerada causa para a atuação ruim diante do Grêmio. Ou até mesmo a reação após a partida do último fim de semana que possa ter minado de vez o trabalho.

Certo é que se mudou a meta e o 12º lugar não é mais suficiente, é importante a diretoria do Cruzeiro se comunicar. A realidade, pra mim, é que um time que fez um péssimo Campeonato Estadual e que teve por poucos minutos o seu principal reforço da temporada em campo, fazia um Campeonato Brasileiro digno com Pepa, que não merecia ser responsabilizado sozinho.

* Esta coluna tem caráter opinativo e não reflete o posicionamento do grupo.
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