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Imagem: Rede Social/Palmeiras

O futebol brasileiro a espera da próxima tragédia

Uma jovem morta na porta de um estádio deveria fazer o Brasil parar para pensar sobre a violência no futebol, suas causas e efeitos


Vinícius Grissi

Esporte

Comentarista Esportivo


Todos os dias o futebol brasileiro flerta com o perigo. Nos aeroportos, centros de treinamento, nos estádios e onde houver qualquer pessoa vestida com uma camisa de um time, o risco parece iminente. E a escalada de violência segue crescendo à frente dos nossos olhos. A última vítima foi a jovem Gabriela Anelli, de apenas 23 anos, assassinada na porta do Allianz Park antes do duelo entre Palmeiras e Flamengo no fim de semana.

Um golpe fatal que devia fazer o futebol brasileiro parar para refletir. Mas que deve, infelizmente, ser apenas mais uma estatística triste do nosso esporte. Todos tem a sua parcela de responsabilidade. Do poder e da segurança pública aos próprios torcedores, passando por federações, clubes, atletas. Todos ficamos estarrecidos com as cenas de violência mas esquecemos delas no minuto seguinte quando a bola começa a rolar em um gramado qualquer.

Na semana passada entrevistamos o volante Matheus Jussa, do Cruzeiro, no 98 Esportes. Horas antes, o meia Luan do Corinthians havia sido ameaçado por um bando em um momento de folga. Perguntado se não era o momento de jogadores tomarem uma atitude mais drástica antes que algo (ainda) mais violento pudesse acontecer, ele disse que é difícil uma posição por parte dos atletas. E é mesmo. Mas me parece que os atletas são os únicos que podem obrigar todos a pensar, até porque eles estão entre os mais visados na crescente onda de barbárie. Existe futebol sem imprensa, sem dirigentes e até sem torcedores. Mas o esporte não existe sem os jogadores.

A espera do próximo episódio, enquanto a família de Gabriela segue em luto, o futebol brasileiro já enxuga as lágrimas pronto para mais uma rodada de Copa do Brasil ou Campeonato Brasileiro. Os clubes se manifestam nas redes sociais, garantem repúdio total à violência, mas também fazem parte do círculo vicioso e perigoso que cerca o esporte.

Até quando um escudo de um time ou de uma torcida organizada na camisa servirá como desculpa para crimes de toda espécie? Quantos outros vão precisar morrer antes que alguém tome uma atitude verdadeira? Pensar em respostas e soluções para o problema deveria ser mais importante que o próximo jogo.

* Esta coluna tem caráter opinativo e não reflete o posicionamento do grupo.
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