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Imagem: Cesar Greco/Palmeiras/by Canon

Uma comemoração no divã

Futebol brasileiro gasta mais energia com uma discussão inútil: pode ou não chutar a bandeirinha de escanteio pra celebrar um gol?


Vinícius Grissi

Esporte

Comentarista Esportivo


Que o futebol brasileiro é pródigo em discussões pouco úteis, ninguém tem dúvida. A última, no entanto, é pra surpreender até mesmo os mais céticos. Pode ou não pode chutar a bandeira de escanteio pra comemorar um gol? Tudo começou quando Luciano levou cartão amarelo ao comemorar o gol do São Paulo na partida de ida da semifinal da Copa do Brasil contra o Corinthians. Impacto enorme, uma vez que um dos principais jogadores do clube estava pendurado e vai ficar fora da partida decisiva na semana que vem. De lá pra cá, o episódio se repetiu em vários outros jogos (Raphael Veiga no Mineirão na semana passada, por exemplo) sem nenhuma punição por parte da arbitragem.

A discussão já tomou horas e horas em programas de debate e a tendência é que se repita nos próximos dias pois a comemoração se tornou habitual por parte de muitos atacantes. A questão é: mais uma vez a regra não é clara, ao contrário do que dizia o antigo comentarista.

O livro de regras do futebol, em seu 12º capítulo, trata especificamente das comemorações de gol. O texto diz inicialmente que "os jogadores podem comemorar ao marcar um gol, mas a comemoração não deve ser excessiva; as comemorações coreografadas não são incentivadas e não devem ocasionar uma perda excessiva de tempo". Um pouco mais adiante, o texto diz que um jogador deve ser punido com cartão amarelo se "agir de forma provocativa, debochada ou inflamatória".

Resumindo: tudo depende da interpretação do juiz e também da reação do time adversário e sua torcida. Em um estádio maior como o Mineirão e um jogo de menos rivalidade que um clássico estadual, o chute de Raphael Veiga na bandeira de escanteio ao comemorar o gol passou quase que despercebido. Na Arena Corinthians, onde o público fica mais próximo do campo, e num clássico estadual, a comemoração de Luciano gerou revolta na torcida que atirou vários copos no gramado e os atletas do time que sofreu o gol se sentiram provocados a ponto de reagir. Acertou a arbitragem nos dois jogos. Dois pesos e duas medidas? Talvez.

Assim como em vários outros casos, a regra do jogo deixa a interpretação na mão do árbitro. E no caso das comemorações de gol, a reação do adversário acaba se tornando um ponto importante de avaliação. Num país com dificuldade de aceitar a derrota e com grandes demonstrações de "macheza" dentro do campo de jogo, o risco é alto na menor das provocações. Quem comemora como Luciano comemorou, sabe o que pode estar por vir.

Até que a CBF ou a FIFA sejam claros se é permitido ou não comemorar desta ou daquela maneira, seguirá assim. Temos coisas mais importante para discutir.

* Esta coluna tem caráter opinativo e não reflete o posicionamento do grupo.
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