Noite de junho de 2022, mas parecem outras noites iguais no desespero de ter que noticiar mais um grave acidente no Anel Rodoviário de Belo Horizonte.
Tragédia? Acidente? Não, descaso, crime. Como repórter já cobri um sem número de acidentes naquela via. Já vi adultos, crianças, bebês, mortos entre ferragens.
Olhares assustados dos que passavam ao lado sem acreditar no que viam. Mas essas vidas perdidas não são fruto do acaso. O Anel Rodoviário de Belo Horizonte já não é mais uma estrada, é uma avenida da cidade de Belo Horizonte.
A responsabilidade legal do trecho mais cruel da via é da concessionária que mal cuida da conservação e do controle do tráfego, do DNIT que é responsável pela fiscalização do contrato de concessão da Via 040 e do Ministério da Infraestrutura que detém as verbas tão necessárias para as tão atrasadas obras no Anel.
Essas constatações são antigas, assim como são antigas as sugestões para ampliação da via, para reconstrução de viadutos. Porém, o tempo não ampliou as percepções dos responsáveis.
Em ato mais recente os senhores deputados estaduais levaram mais de cinco meses para a aprovação do acordo entre o Governo do Estado e a Vale que contempla verba para a construção do Rodoanel que retiraria do Anel Rodoviário o pesado tráfego de caminhões e automóveis que cruzam a imensa malha viária de Minas Gerais.
O INTERESSE POLÍTICO QUE DESPREZA VIDAS
Para falarmos do Rodoanel cabem algumas observações mais determinadas. Mesmo tendo passado por audiências públicas, pelo crivo de entidades ambientais, o Rodoanel não consegue autorização para sua licitação.
Politicagem praticada por deputados estaduais que desprezam os cidadãos, por prefeitos de algumas cidades da Região Metropolitana que se escondem atrás de interesses obscuros, impedem a licitação de um projeto que depois de concluído evitará crimes disfarçados de acidentes como os de hoje.
Por detrás desses movimentos mentirosos se escondem verdades que teimam em não ser reveladas. Terrenos que pertencem a familiares dos que insistem em atrasar o projeto, vinculação com ONG´s que prestam apoio eleitoral às prefeituras e um inconfessável olhar no prejuízo de imagens de gestores com vistas às eleições do próximo outubro.
Sim, são essas mãos que estão sujas com o sangue das vitimas do Anel Rodoviário de Belo Horizonte. Até quando?