Aquela vontade de maratonar na série. Foi isso que senti ao assistir o primeiro episódio da “Segunda Pele – o preço da ordem”. A série foi lançada nesta quarta-feira (20), às vésperas do dia em que lembramos a história do patrono da Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG), o Alferes Tiradentes. A sessão aconteceu nas salas de cinema do Minas Shopping, em Belo Horizonte.
O primeiro episódio é impactante. Não posso falar dos outros cinco, porque ainda não os vi, mas pelo que ouvimos no lançamento, deve seguir a mesma linha. Pela primeira vez, uma polícia militar oferece à sociedade um produto que reflete a realidade daqueles que são os responsáveis pela segurança pública no que diz respeito à prevenção da criminalidade e ao combate ao crime.
A produção é moderna, transmitida inicialmente pelo Youtube e pela Rede Minas e, em breve, será disponibilizada em uma plataforma de streaming. Segundo os produtores, trata-se do maior “case” de conteúdo de marca. E eu não duvido. Quando a PM se dispõe a fazer algo, faz bem feito.
“O roteiro está sendo escrito há 246 anos” – foram as palavras do roteirista capitão Cristiano Araújo, que trabalha no Centro de Jornalismo Policial, da Diretoria de Comunicação Organizacional da PMMG. As cenas são impressionantes. Já nas imagens iniciais, o receptor da mensagem consegue ter noção do que significa vestir a farda da PMMG, o que pode representar o uso daquela segunda pele: cuidar da segurança de outras pessoas, proteger a quem você nem conhece, mesmo com o sacrifício da própria vida.
Durante 15 anos eu cobri histórias que terminaram muito mal. Lembro-me do soldado André, que morreu durante uma operação da PM, no bairro Goiânia. Um tiro na femural fez com que o filho não voltasse mais para a sua mãe. Lembro do cabo Charles Coelho, morto a tiros, sob ordem de um bandido que deu ordens para o crime de dentro do presídio. Em 2017, o cabo Marcos foi morto com um tiro de fuzil na cabeça, durante um assalto a banco, em Santa Margarida. Em 2018, o cabo Lucas Reis foi assassinado também com um tiro de fuzil, durante uma perseguição policial em Pompéu.
Esses foram os casos que me vieram em mente quando via o primeiro episódio. A maldade não segue regras. Os policiais saem de casa e não sabem se vão voltar. Quando estão na linha de frente, fazem o que aprendem no curso de formação e é aperfeiçoado ano a ano. Defender a sociedade, mesmo que isso lhe custe a própria vida. Suportar o que há de pior no ser (des)humano e, ainda, lidar com parte da sociedade que vê a polícia como indesejável.
Já parou para pensar? Raramente alguém aciona o poder público para reconhecer o valor de um policial que atuou bem em determinada ocorrência. O que se vê é: “são pagos para isso, não fizeram mais que a obrigação”.
Ainda existem os “especialistas” do ar condicionado que NUNCA ACOMPANHARAM qualquer ocorrência policial e não medem as palavras para criticar, muitas das vezes, apenas para contrariar, por não se simpatizar com a polícia... sem agregar nada.
E, talvez, o leitor possa criticar este texto de forma destrutiva (estou preparada para isso), pelo simples fato de não entender a realidade do trabalho policial. Eu entendo. Não sou policial, nunca fui, nem quis ser. Mas já acompanhei muitas operações policiais, ocorrências, violência por parte do criminoso que se debate, chuta, xinga, agride e cospe na cara do policial. Admiro a atividade desde sempre, porque para mim, quem critica sem fundamento está do lado errado da força.
E que venham muitas temporadas. E que a PM de Minas, a melhor do Brasil, sirva de inspiração para as outras instituições usarem a cultura para mostrar a realidade.