A visão que a maior parte das pessoas têm do Zen é uma imagem de Buda sentado, sereno, com as pernas cruzadas. Uma figura que transparece calma, tranquilidade e simplicidade. Como esse estado de paz pode se relacionar com a agitação, luzes pulsantes, estresse, ansiedade deste mundo capitalista repleto de consumo e avareza?

O que é o Zen?

O Zen pode ser definido como um estado mental calmo e silencioso, descoberto através da meditação. Na tradição budista, o despertar promovido pelas práticas meditativas amplia nossa consciência sobre o que acontece dentro de nós mesmos e à nossa volta. Sentar-se em meditação significa, aos poucos, compreender que estamos todos interconectados.

É como se cada um de nós fossem gotas de um mesmo rio. Quando estamos juntos, não há obstáculo que não possa ser superado. Entretanto, sozinhos, não passamos de pequenas gotas que sofrem até mesmo com a resistência do ar.

Desejo, dor, euforia, tensão. Naturalmente, nossas sensações estão relacionadas à mente pequena representada pelas gotas. Meditar e se conectar à mente grande, rio, nos conduz a uma condição de serenidade. Reconhecemos o curso dos acontecimentos, os aceitamos, e lidamos muito melhor com cada obstáculo.

Zen na Vida Financeira

Aplicar conceitos do Zen em sua vida financeira permite suavidade em meio ao caos e ajuda a desenvolver as habilidades necessárias para transformar sua realidade. Há, no mínimo, cinco conceitos dessa filosofia milenar totalmente aplicáveis às nossas finanças:

●    Não apego

O consumismo está relacionado ao apego às coisas ou à sua própria imagem. Eliminar o apego é importante para erradicar o sofrimento e a ansiedade. Não precisa ser espartano como um monge budista, mas avaliar sempre se existe real necessidade de ter determinadas coisas. O essencialismo é um caminho interessante para exercitar o desapego e liberar espaço em seu orçamento.

●    Foco no Presente:

Para o Zen, o foco principal deve ser o presente, não o passado nem o futuro. O passado é apenas memória, você não pode interferir nele. O futuro é incerto. O presente sim, é possível transformar.

●    Equilíbrio:

Sidarta Gautama, o primeiro Buda, foi um príncipe que tinha tudo que poderia desejar. Abdicou de seu reinado quando em uma fuga de seu castelo conheceu a doença, a velhice e a morte. Decidiu-se por encontrar uma solução para esses problemas. Para isso, foi ao outro extremo, a pobreza absoluta e total desconexão dos bens materiais. Não encontrou o que procurava. Somente no equilíbrio ele encontrou as respostas que precisava, por isso, o budismo é chamado de "caminho do meio".

●    Mente de Principiante:

A mente do perito pensa saber de tudo e, dessa forma, não há muito espaço para aprimoramento e aprendizado. A mente de Principiante, por sua vez, é encorajada no Zen. Nunca se sabe o bastante, sempre devemos estar aprendendo. Esse é um claro convite ao estudo continuado e a humildade.

●    Consistência

Apesar das incertezas do futuro, ele tende a ser construído a partir de cada decisão do presente. Nesse sentido, o Zen destaca a importância da repetição de boas decisões para o aprimoramento.

Conclusão:

Você não precisa ser budista para viver uma vida financeira mais Zen. Basta aplicar alguns desses conceitos para ter equilíbrio, viver o hoje, e dia a dia, construir um futuro melhor. Sem apego, não é necessário viver de forma consumista e pode-se usar a liberdade que o capitalismo dá para tomar nossas decisões sem se importar com os julgamentos alheios. A mente de principiante permite aprender e aprimorar conhecimentos frequentemente, com a consistência necessária para a nossa evolução pessoal. Além disso, o desapego nos livra de monitorar investimentos a cada segundo numa tela piscante de celular, o que confere paz e serenidade para deixar a nossa plantação crescer até dar os devidos frutos. Seja calmo, tranquilo e simples com seu dinheiro.