Belo Horizonte, cidade conhecida por suas montanhas, cultura vibrante e vida urbana intensa, parece estar perdendo a batalha contra o descaso.

Com a chegada das chuvas de verão, os problemas se acumulam: lixo nas ruas, mato alto em terrenos baldios e bueiros entupidos. Mas será justo culpar apenas a chuva por esse cenário de abandono?

O lixo descartado irregularmente em vias públicas, córregos e encostas é um problema crônico em BH. Sacolas plásticas, garrafas, entulhos e até móveis velhos são abandonados como se fossem invisíveis.

Quando a chuva cai, tudo isso é arrastado, entope bueiros e causa alagamentos. A pergunta que fica é: por que o poder público não age de forma preventiva, com campanhas de conscientização e fiscalização rigorosa?

Terrenos baldios tomados por mato alto são um cenário comum em vários bairros da capital. Além de prejudicar a estética da cidade, esses locais se tornam focos de descarte irregular de lixo e de proliferação de mosquitos, como o Aedes aegypti. A responsabilidade é dos proprietários, mas a prefeitura também falha ao não cobrar a manutenção desses espaços.

A chuva, por si só, não é o problema. Ela apenas expõe as falhas de uma cidade que não está preparada para lidar com suas próprias mazelas. A falta de limpeza urbana, a má gestão de resíduos e a ausência de manutenção preventiva são os verdadeiros vilões. Enquanto isso, a população sofre com alagamentos, deslizamentos e transtornos no trânsito.

Não podemos isentar a população de sua parcela de responsabilidade. O descarte irregular de lixo e a falta de cuidado com o espaço público são hábitos que precisam mudar. A conscientização é fundamental, mas ela precisa vir acompanhada de ações concretas do poder público.

Belo Horizonte é uma cidade que merece mais do que desculpas esfarrapadas. Culpar a chuva pelo lixo, pelo mato e pelo abandono é ignorar os verdadeiros problemas: a falta de planejamento, a gestão ineficiente e a ausência de uma cultura de cuidado com o espaço público. Enquanto não houver uma mudança de postura, tanto por parte do poder público quanto dos cidadãos, BH continuará afundando na lama – e não será só por causa da chuva.