O Copom decidiu aumentar a taxa Selic, a taxa básica de juros da economia brasileira, de 12,25% para 13,25% ao ano. Essa decisão é tomada com base em indicadores como inflação, crescimento econômico e cenário global. O objetivo principal é controlar a inflação, mas os efeitos vão muito além.
E para o consumidor, quais os efeitos diretos?
Com a Selic mais alta, os juros dos empréstimos, financiamentos e cartões de crédito tendem a subir. Isso significa que financiar a casa própria ou o carro ficará mais caro; as parcelas do cartão de crédito e do cheque especial terão juros mais elevados, e os empréstimos pessoais também ficarão menos acessíveis.
Com o crédito mais caro, muitas famílias podem reduzir seus gastos, adiando compras de bens duráveis, como eletrodomésticos, móveis e veículos. Isso pode desacelerar o comércio e os setores que dependem do consumo.
Os investimentos de renda fixa ficam mais interessantes, já que oferecem retornos maiores em um cenário de juros altos.
Quando a autoridade monetária — o Banco Central — toma decisões como a de ontem, seu objetivo principal é elevar a Selic para tentar frear a inflação, pois juros mais altos encarecem o crédito e reduzem o consumo, diminuindo a pressão sobre os preços. Isso é especialmente importante em um cenário de alta de custos, como o que vivemos atualmente.
Acontece, porém, que juros altos desaceleram a economia. Com crédito mais caro, empresas investem menos, o consumo cai, e o crescimento do PIB pode ser impactado negativamente.
Como exemplo disso, o mercado imobiliário sofre impactos com a alta da Selic, já que os financiamentos habitacionais ficam mais caros. Isso pode reduzir a demanda por imóveis e desacelerar o setor.
Para o governo, juros mais altos significam um custo maior para rolar a dívida pública, que no Brasil já supera 80% do PIB. Isso pode pressionar o orçamento e limitar investimentos em áreas como saúde, educação e infraestrutura.
E agora? O que fazer?
O consumidor deve evitar dívidas com juros altos, como cartão de crédito e cheque especial. Se tiver capacidade de investimento, deve priorizar a renda fixa, como Tesouro Direto ou CDBs, que tendem a oferecer retornos mais atrativos.
O mais importante é planejar-se para compras de maior valor, já que o crédito ficará mais caro.
A alta da Selic é uma medida necessária para controlar a inflação, mas é importante que seja acompanhada de políticas fiscais e reformas estruturais que estimulem o crescimento econômico de forma sustentável — e isso o atual governo não parece determinado a fazer.
A decisão do Copom de elevar a Selic tem efeitos práticos que atingem desde o bolso do consumidor até o desempenho da economia nacional. Enquanto o controle da inflação é essencial, é preciso equilibrar os impactos negativos, como a desaceleração do crescimento e o encarecimento do crédito. Ficar atento às mudanças e planejar-se financeiramente é a melhor forma de navegar por esse cenário.
O que esperar?
É bom ressaltar que, ao final, o relatório do Copom sinaliza uma nova alta da Selic na próxima reunião do Comitê. Cenários projetados por economistas apontam para juros futuros em 15%.
E o que isso significa?
Juros futuros elevados podem trazer diversos desafios e problemas para a economia, tanto em nível macroeconômico quanto para empresas e consumidores.
Juros mais altos aumentam o custo de empréstimos para empresas e investidores, o que pode desincentivar investimentos em expansão, inovação e infraestrutura, reduzindo o crescimento econômico a longo prazo. A perspectiva de juros altos no futuro pode criar incerteza no mercado, levando empresas a adiar decisões de investimento.
Com juros altos, os consumidores podem optar por poupar mais e consumir menos, reduzindo a demanda agregada e afetando negativamente o crescimento econômico.
As ações são afetadas diretamente, pois as empresas necessariamente terão que recorrer a alavancagens financeiras para compensar a desvalorização de seus papéis. Além disso, o ambiente de negócios é impactado, pois, em vez de investir, comprar outras empresas ou realizar fusões, os investidores podem preferir aplicações mais rentáveis e seguras.
Juros futuros elevados aumentam o custo de rolagem da dívida pública, já que o governo precisa pagar mais para refinanciar suas obrigações. Isso pode levar a cortes em gastos públicos ou ao aumento de impostos para equilibrar as contas.
Em países com alta dívida pública, como o Brasil, juros elevados podem aumentar o risco de insolvência ou gerar desequilíbrios fiscais.
Juros altos tendem a desacelerar a atividade econômica, pois encarecem o crédito e reduzem o investimento e o consumo. Isso pode levar a um ciclo de baixo crescimento ou até recessão. Com a redução do investimento e do consumo, as empresas podem cortar custos, o que pode resultar em demissões e aumento do desemprego.
A redução das exportações e o aumento das importações podem levar a um déficit na balança comercial.
Juros elevados são indutores, a médio prazo, do processo inflacionário, pois empresas passam a ter sua capacidade de investimento comprometida, acarretando a diminuição da capacidade produtiva. Com isso, cai a oferta de bens e serviços, e, mesmo com a demanda reprimida, a queda na oferta pode provocar aumento de preços.
Juros altos também podem ampliar a desigualdade social, já que os mais pobres e endividados são os mais afetados pelo aumento do custo do crédito.
Por fim, juros futuros elevados são uma ferramenta de política monetária que pode ser usada para controlar a inflação, mas seu uso excessivo ou prolongado pode ter efeitos colaterais significativos na economia, aumentando, paradoxalmente, o processo inflacionário.
O equilíbrio entre o controle da inflação e o estímulo ao crescimento econômico é crucial para evitar impactos negativos duradouros.