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Imagem: freepik.com/Reprodução

A Selic aumentou: o que muda na sua vida?

A decisão do Comitê de Política Monetária do Banco Central de elevar a taxa Selic é um dos temas mais comentados no noticiário econômico. Mas, afinal, o que isso significa na prática para o consumidor e para a economia do país?


Paulo Leite

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Sociólogo e jornalista. Colunista dos programas Central 98 e 98 Talks. Apresentador do programa Café com Leite.


O Copom decidiu aumentar a taxa Selic, a taxa básica de juros da economia brasileira, de 12,25% para 13,25% ao ano. Essa decisão é tomada com base em indicadores como inflação, crescimento econômico e cenário global. O objetivo principal é controlar a inflação, mas os efeitos vão muito além.

E para o consumidor, quais os efeitos diretos?

Com a Selic mais alta, os juros dos empréstimos, financiamentos e cartões de crédito tendem a subir. Isso significa que financiar a casa própria ou o carro ficará mais caro; as parcelas do cartão de crédito e do cheque especial terão juros mais elevados, e os empréstimos pessoais também ficarão menos acessíveis.

Com o crédito mais caro, muitas famílias podem reduzir seus gastos, adiando compras de bens duráveis, como eletrodomésticos, móveis e veículos. Isso pode desacelerar o comércio e os setores que dependem do consumo.

Os investimentos de renda fixa ficam mais interessantes, já que oferecem retornos maiores em um cenário de juros altos.

Quando a autoridade monetária — o Banco Central — toma decisões como a de ontem, seu objetivo principal é elevar a Selic para tentar frear a inflação, pois juros mais altos encarecem o crédito e reduzem o consumo, diminuindo a pressão sobre os preços. Isso é especialmente importante em um cenário de alta de custos, como o que vivemos atualmente.

Acontece, porém, que juros altos desaceleram a economia. Com crédito mais caro, empresas investem menos, o consumo cai, e o crescimento do PIB pode ser impactado negativamente.

Como exemplo disso, o mercado imobiliário sofre impactos com a alta da Selic, já que os financiamentos habitacionais ficam mais caros. Isso pode reduzir a demanda por imóveis e desacelerar o setor.

Para o governo, juros mais altos significam um custo maior para rolar a dívida pública, que no Brasil já supera 80% do PIB. Isso pode pressionar o orçamento e limitar investimentos em áreas como saúde, educação e infraestrutura.

E agora? O que fazer?

O consumidor deve evitar dívidas com juros altos, como cartão de crédito e cheque especial. Se tiver capacidade de investimento, deve priorizar a renda fixa, como Tesouro Direto ou CDBs, que tendem a oferecer retornos mais atrativos.

O mais importante é planejar-se para compras de maior valor, já que o crédito ficará mais caro.

A alta da Selic é uma medida necessária para controlar a inflação, mas é importante que seja acompanhada de políticas fiscais e reformas estruturais que estimulem o crescimento econômico de forma sustentável — e isso o atual governo não parece determinado a fazer.

A decisão do Copom de elevar a Selic tem efeitos práticos que atingem desde o bolso do consumidor até o desempenho da economia nacional. Enquanto o controle da inflação é essencial, é preciso equilibrar os impactos negativos, como a desaceleração do crescimento e o encarecimento do crédito. Ficar atento às mudanças e planejar-se financeiramente é a melhor forma de navegar por esse cenário.

O que esperar?

É bom ressaltar que, ao final, o relatório do Copom sinaliza uma nova alta da Selic na próxima reunião do Comitê. Cenários projetados por economistas apontam para juros futuros em 15%.

E o que isso significa?

Juros futuros elevados podem trazer diversos desafios e problemas para a economia, tanto em nível macroeconômico quanto para empresas e consumidores.

Juros mais altos aumentam o custo de empréstimos para empresas e investidores, o que pode desincentivar investimentos em expansão, inovação e infraestrutura, reduzindo o crescimento econômico a longo prazo. A perspectiva de juros altos no futuro pode criar incerteza no mercado, levando empresas a adiar decisões de investimento.

Com juros altos, os consumidores podem optar por poupar mais e consumir menos, reduzindo a demanda agregada e afetando negativamente o crescimento econômico.

As ações são afetadas diretamente, pois as empresas necessariamente terão que recorrer a alavancagens financeiras para compensar a desvalorização de seus papéis. Além disso, o ambiente de negócios é impactado, pois, em vez de investir, comprar outras empresas ou realizar fusões, os investidores podem preferir aplicações mais rentáveis e seguras.

Juros futuros elevados aumentam o custo de rolagem da dívida pública, já que o governo precisa pagar mais para refinanciar suas obrigações. Isso pode levar a cortes em gastos públicos ou ao aumento de impostos para equilibrar as contas.

Em países com alta dívida pública, como o Brasil, juros elevados podem aumentar o risco de insolvência ou gerar desequilíbrios fiscais.

Juros altos tendem a desacelerar a atividade econômica, pois encarecem o crédito e reduzem o investimento e o consumo. Isso pode levar a um ciclo de baixo crescimento ou até recessão. Com a redução do investimento e do consumo, as empresas podem cortar custos, o que pode resultar em demissões e aumento do desemprego.

A redução das exportações e o aumento das importações podem levar a um déficit na balança comercial.

Juros elevados são indutores, a médio prazo, do processo inflacionário, pois empresas passam a ter sua capacidade de investimento comprometida, acarretando a diminuição da capacidade produtiva. Com isso, cai a oferta de bens e serviços, e, mesmo com a demanda reprimida, a queda na oferta pode provocar aumento de preços.

Juros altos também podem ampliar a desigualdade social, já que os mais pobres e endividados são os mais afetados pelo aumento do custo do crédito.

Por fim, juros futuros elevados são uma ferramenta de política monetária que pode ser usada para controlar a inflação, mas seu uso excessivo ou prolongado pode ter efeitos colaterais significativos na economia, aumentando, paradoxalmente, o processo inflacionário.

O equilíbrio entre o controle da inflação e o estímulo ao crescimento econômico é crucial para evitar impactos negativos duradouros.

* Esta coluna tem caráter opinativo e não reflete o posicionamento do grupo.
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