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Imagem: Divulgação / PBH

A saúde de Fuad e o futuro de BH


Paulo Leite

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Sociólogo e jornalista. Colunista dos programas Central 98 e 98 Talks. Apresentador do programa Café com Leite.


O ano era 2001, a imprensa belo-horizontina enfrentava a dificuldade de lidar com o afastamento do prefeito reeleito Célio de Castro. Médico, conhecido na campanha como “Doutor BH”, Célio desfrutava de popularidade e de respeito por parte da imprensa da cidade. Tratar com a informação era delicado. Ele sofrera um derrame cerebral, o que impedia seus movimentos e dificultava sua fala. O vice-prefeito, Fernando Pimentel administrava a cidade de fato, mas não de direito.

Noticiar as decisões do prefeito em exercício era tarefa complicada, pois nas redações ficava a incerteza de até quando a interinidade seria mantida. Houve muitas dúvidas, o núcleo político que apoiara Célio tinha muita dificuldade em assumir a impossibilidade de governar do então prefeito.

Esse resgate histórico é necessário por conta da situação que vive, hoje, a Prefeitura de BH. Fuad Noman, o prefeito reeleito, luta com dificuldades de saúde que, de acordo com parte dos observadores médicos, o impossibilitarão de assumir a prefeitura. Os últimos boletins divulgados dão conta, de maneira delicada, do estado clínico do prefeito.

A exemplo de 2001 o vice-prefeito, Álvaro Damião, assume interinamente e gera a mesma dificuldade de percepção dos destinos políticos e administrativos da cidade.

Uma rusga com o intempestivo presidente eleito da Câmara de Vereadores, Juliano Lopes, marca o início de mandato interino do vice.

Álvaro tem origem em um grupo político diferente do que apoia até então a carreira política de Fuad. Sua presença ao lado do prefeito foi fruto de um arranjo que envolve interesses políticos e econômicos e nem sempre tais arranjos sobrevivem após a saída de um dos “players” do cenário do jogo.

O grupo que originalmente se formou ao lado de Fuad depois de seu descolamento de Kalil ainda não sabe ao certo que acordos serão mantidos, e nem quais as decisões serão tomadas no caso do afastamento definitivo do prefeito, dando lugar ao vice.

A relação de Fuad com a Câmara de Vereadores, tumultuada em seu primeiro meio mandato, com sua presença na prefeitura, poderia ser mais bem resolvida. O grupo conhecido como “família Aro”, embora aliado à ala mais conservadora da casa do legislativo, tem mais condição de um acordo de sobrevivência política com Fuad do que com Damião, e isso o discurso de posse do novo presidente da casa deixou bem claro.

As estruturas de gestão da prefeitura com Fuad sofreriam poucas alterações. Com Damião a banda pode tocar de jeito diferente e isso não é segredo para ninguém.

As relações contratuais da prefeitura, já desenhadas no meio do primeiro mandato de Fuad, com Damião, não estariam assim tão seguras.

Não se sabe ao certo quais os projetos políticos do ex-vereador e até então suplente de Deputado Federal. Sua demanda jurídico eleitoral com a deputada federal Nely Aquino nas eleições de 2022 mostram um Damião ligado a outros grupos que não os que disputam tradicionalmente o poder em Belo Horizonte e sua ligação com um grupo de comunicação que sempre demonstrou interesses políticos bem definidos, podem sinalizar uma mudança nos rumos da gestão municipal, que vem se mantendo quase a mesma desde Fernando Pimentel.

Vida longa a Fuad com a certeza de que a escolha por sua vida saudável deve ser maior que qualquer pretensão de uma escolha por quem será o prefeito de Belo Horizonte.

* Esta coluna tem caráter opinativo e não reflete o posicionamento do grupo.
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